Capítulo 62

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Tom

Harry era um enigma.

Talvez fosse disso que Tom gostasse no outro garoto, mas ele não tinha certeza.

Era fácil descartar seu fascínio como sendo devido a horcrux, racionalizar e justificar tudo o que tornava Harry tão significativo...enquanto ele estava longe do grifinório.

Quando ele estava perto dele, tudo mudava ligeiramente, e Tom não podia nem sonhar em tratá-lo como um de seus seguidores.

Era incomum.

Ele era obsessivo, sempre foi, e gostava de colecionar troféus. Harry era apenas um troféu premiado, inexplicável e enlouquecedor, sua última obsessão.

Exceto quando ele não era.

Aos poucos ele foi deixando de ver Harry como uma animal de estimação, um brinquedo, e passou a vê-lo como sendo algo mais.

Tom nunca teve a intenção de que isso acontecesse, e talvez ele ainda pudesse acabar com tudo...mas ele também não poderia fazer isso.

A única maneira de Harry se separar dele era se Harry fosse embora à força, e Tom não estava planejando deixar isso acontecer tão cedo, nem que ele precisasse quebrar as pernas do garoto.

- Você está chorando.- ele murmurou, sentindo uma sensação enervante de déjà vu quando as palavras escaparam de seus lábios, antes que ele mesmo percebesse a verdade da declaração.

Os olhos da mesma cor que a maldição da morte se voltaram para ele, assustados, antes de Harry tentar mover sua mão para afastar as gotas de lágrimas que se agarravam tão teimosamente em seus cílios.

A cabeça de Tom se inclinou para um lado. Era estranho como alguém tão frágil podia ser tão forte ao mesmo tempo, e Harry era forte, a pessoa mais forte que Tom conhecia...e ainda assim, tão facilmente quebrável.

Ele poderia ter quebrado e desvendado o menino com bastante facilidade, era nisso que Tom era bom, então por que ele tantas vezes ia contra sua natureza e tentava conserta-lo? Tom experimentou, brincou e puxou as falhas de Harry como se fossem cordas de um violino para provocar uma tragédia, mas sempre parou à beira de quebra-lo completamente.

Então ele fez alguns ajustes delicados.

Tom reprimiu um suspiro inaudível, afastando-se de Harry, guiando-o para uma posição sentada, e puxando-o para trás para encostar-se a ele.

Não foi um abraço, mas foi algo parecido. Harry imediatamente enrijeceu, aparentemente mortificado, tentando se afastar, mas ele apenas aumentou seu aperto em resposta.

Talvez fosse inapropriado sentir-se divertido com esta situação, mas ele estava. A turbulência emocional de Harry era divertida e, oh, tão interessante. Como uma pessoa poderia sentir tanto?

- Não, não, deixe-me ir.- Harry estava em pânico.- Tom, deixe-me ir, você não deveria estar...

- Te confortando?- ele ofereceu, arqueando uma sobrancelha, embora o outro não pudesse ver.- Porque você matou o traidor de sangue e quer viver em uma angústia heróica?

Ele escondeu um sorriso no cabelo de Harry quando o menino estremeceu. Ok, então talvez ele não fosse completamente perfeito na coisa de consertar as pessoas, mas agulha e linha tecendo dentro e fora da pele deveria doer. E ele nem tentaria se não obtivesse alguma gratificação durante o processo meticuloso.

Tom envolveu os braços com mais força, inclinando-se próximo ao ouvido de Harry para sussurrar com uma indulgência que só os embriagados poderiam ter.

O Favorito do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora