Capítulo 36

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Os próximos dias passaram em relativa calma, apesar da eclosão da guerra.

Algumas pessoas considerariam 'calma' uma escolha incomum de palavra, mas de uma forma estranha era totalmente apropriada. Para ele, pelo menos. Harry sempre esteve ciente da guerra, a calma veio de não ter nenhuma discussão importante com Tom, e desde que ele passou muito tempo (ele estava apenas começando a perceber o quanto) com o jovem Lorde das Trevas, isso levou a uma grande diminuição de tensão e problemas.

O ritmo mais lento deu a Harry o tempo necessário para refletir sobre os nós retorcidos de sua vida, para se distanciar e perceber algumas coisas que antes ele estava muito atormentado para notar.

Como Gina.

Harry teve a suspeita de que algo estava errado com ela; porque a transformação de sua personalidade foi repentina demais para ser natural (e Salazar, ela não era assim antes) agora ele tinha quase certeza. Observando ela quando estava apenas com seus amigos ou realmente com qualquer um que não fosse ele ou quando ele não fazia parte da conversa, ela era perfeitamente normal. Ela era a garota que Harry conheceu em seus verões passados ​​com os Weasleys.

No entanto, no segundo em que ele entrou na equação, foi como se alguém tivesse acionado um botão e ela mudava totalmente. O problema era que Harry não sabia como confirmar ou fazer algo a respeito, além de ir até Rony e Hermione, e Rony definitivamente ficaria louco. Harry já havia abordado o ruivo uma vez, e isso não deu em nada, apesar dos esforços de pesquisa do Weasley.

Harry também estava pensando em discutir o assunto do Lembrol com Tom mais uma vez, afinal, ele havia dado tempo suficiente para o outro esfriar a cabeça. E por que ele teve que dar tempo para Tom se acalmar? Harry era o único que tinha tido suas lembranças apagadas.

Tanto faz.

Pelo menos ele ainda estava dormindo melhor devido ao bloqueio de Tom. Eles tiveram outra aula de Oclumência desde então, mas houve pouco progresso. Harry ficou tão irritado que sentiu vontade de sair da sala, mas ainda assim não atingiu seu ponto de ruptura...foi tão injusto.

Tom disse que era sua própria culpa por ser tão teimoso diante da tortura. Harry supôs que era uma tortura, de certa forma, reviver suas memórias ao ter sua mente dilacerada de maneira dolorosa. Ele sempre tinha dor de cabeça depois das aulas de Oclumência. Não que já não estivesse acostumado com elas. Ainda assim, sua força de resistir a tortura não deveria funcionar contra ele mesmo, isso era apenas cruel. Harry suspirou.

Ele perguntaria a Tom sobre o Lembrol hoje, depois que terminasse de ler o livro de auras e níveis de poder. Foi realmente muito interessante, mas era uma leitura pesada. Tom, naturalmente, não foi gentil o suficiente para lhe dar uma dica sobre qual seção Harry precisava olhar, portanto, ele mesmo teve que vasculhar manualmente o monstruoso livro. Sério, tinha que haver uma maneira mais rápida de pesquisar com magia. Infelizmente, se havia uma, ele não sabia. Pelo menos, não quando não tinha certeza do que estava procurando. Harry saberia quando encontrasse. Esperançosamente.

Ele começou a lê-lo durante as refeições apenas para encontrar tempo para terminar, o que provocou vários olhares estranhos (- Cara, você está se transformando em Hermione, ai, sem ofensa!) e divertidos do herdeiro da Sonserina. A única coisa em que Harry precisava trabalhar agora era em não se distrair com seus pensamentos e realmente fazer a leitura que ele mesmo havia se designado.

Harry encontraria o que estava procurando. Eventualmente.

Ele não ia deixar de descobrir mais sobre a habilidade de Tom de controlar a magia de outras pessoas; era muito perigoso.

- Já teve sorte em encontrar suas respostas?- Tom questionou, preguiçosamente.- Você está lendo esse livro obsessivamente há dias.

O destino claramente não queria que Harry tivesse sucesso nesse plano.

Ele abaixou o livro mais uma vez.

- Eu ouso dizer que seria mais fácil se eu soubesse o que estou procurando ou se você apenas me contasse.

- Talvez, mas não vou encorajar sua preguiça.- Tom falou, lentamente. Harry fez uma careta.

- Não sou preguiçoso. Só não gosto particularmente de ler.- o sorriso de Tom se alargou.

- Eu sei...eu acredito que o termo é estúpido.

- Obrigado.- disse Harry, suavemente.- O que aconteceu com "eu não acho que você é burro"?- ele revirou os olhos, voltando-se para o livro. O terceiro nível da aura é chamado de...

- Eu não acho que você é burro.- Tom franziu a testa.- Eu acho que você é estúpido.

- É a mesma coisa, Einstein.- Harry respondeu. Sério, burro era sinônimo de estúpido, todo mundo sabia disso, Tom não deveria ser um gênio?

Reconhecidamente, Harry não estava realmente incomodado, embora estivesse começando a aceitar que não estaria lendo muito. Ele tinha lido pouco mais de um parágrafo desde que se sentou para almoçar.

- Na verdade não, idiota.-  Tom respondeu descuidadamente.- Ser estúpido quando se trata de livros, significa que você tem dificuldade com teoria e em obter conhecimento de livros didáticos. Você leva anos para aprender.- Harry olhou para cima novamente, percebendo que seu interesse estava vagamente despertado agora. Tom sorriu levemente.- Sua amiga Hermione é o que algumas pessoas podem chamar de esperta em livros. Talentosa em acadêmicos, mas não tão boa em aplicar a teoria ao mundo real. O oposto de pessoas que são estúpidas em livros.

Tom o favoreceu com uma expressão ilegível.

- Honestamente, Harry, você realmente acha que seria capaz de duelar comigo se fosse burro, ou que eu toleraria sua companhia?

- Tolerar?- Harry ergueu as sobrancelhas.- Tenho certeza de que sou eu quem está tolerando.- Zevi tossiu em sua bebida, antes de ficar tão imóvel quanto uma lápide quando Tom lhe lançou um olhar fulminante e mordaz.

- E eu tenho certeza de que você está iludido.- Tom respondeu depois de um momento, docemente.- Mas sou educado o suficiente para não apontar isso.

- Realmente.- Harry concedeu, antes de sorrir.- Afinal, não pode haver outra razão possível para eu aturar você.

- Esqueça o iludido. Você deve ter nascido com uma imposição mental. Afinal, não pode haver outra razão possível além da burrice, que concluímos que você não é, para continuar a me insultar.

- Porque é divertido?- Harry ofereceu.

- De novo.- Tom sorriu.- Com a imposição mental.

O sinal tocou para indicar que as aulas começariam em breve, e todos os alunos da Sonserina se levantaram.

- Ah, a propósito, você está procurando no livro errado, querido.- o herdeiro da Sonserina acrescentou inocentemente.

Harry olhou para o livro, cerrando os dentes.

- Você disse auras e níveis de poder.

- Sim, e há mais de um livro sobre o assunto. Eu nunca disse que o que você precisava era de domínio público.- Harry colocou o livro de volta em sua bolsa. Agora Tom decidiu dizer alguma coisa, depois de ter lido 90% da maldita coisa.

Ele ainda precisava falar sobre essas lembranças.

O Favorito do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora