Ele se sentou na segunda fila no funeral, ao lado de Sirius e Remus. Foi um evento tranquilo e pequeno, em grande parte limitado aos Weasleys e aos membros próximos da Ordem.
Dumbledore também estava lá. A gravata de Harry parecia estar ficando cada vez mais apertada até que ele sentiu que não conseguia respirar, sua cabeça girando enquanto observava as pessoas fazendo discursos em meio a lágrimas e estoicismo rígido. Foi a gravata ou o nó na garganta que bloqueou suas vias aéreas?
A mão de Sirius estava em seu ombro; a única coisa que o aterrava ao mundo.
- Meu pai foi um grande homem...
As palavras de Bill Weasley borraram seus ouvidos, soando como se estivessem sendo emitidas debaixo d'água. Sentia náuseas, a cabeça cheia a ponto de explodir, dificultando a concentração. Ele se sentiu entorpecido.
- E eu sei que ele será lembrado, da maneira que importa…
Sim, ele sempre se lembraria do Sr. Weasley, e de como ele fazia perguntas entusiásticas aleatórias sobre aviões e as funções dos patos de borracha com total solenidade. A maneira como ele mostrou a Harry como era ter uma família, a forma como ele tratou Harry como um dos seus.
Ele nunca se esqueceria disso.
- Porque ele foi corajoso e morreu da maneira mais honrada e nobre...
Um ataque de cobra...o que havia de honrado em um ataque de cobra? Havia claramente algo que a Ordem estava guardando para si, mas Harry se sentiu mal só de pensar em se perguntar por que, neste momento.
Ele olhou fixamente à sua frente, sem ver, os soluços de Molly perfurando seu coração. Seus dedos se fecharam em punhos, seu corpo rígido enquanto ele reprimia o desejo de tremer com todas as emoções que lutavam pelo domínio em seu interior...e ainda assim ele estava tão entorpecido. Eram mágoas distantes, separadas das dele, um tsunami mantido sob controle pelos frágeis véus de sua compostura.
- Ele morreu defendendo aquilo em que acreditava.
Harry não sabia mais em que acreditar.
*****************
Eles voltaram para Grimmauld Place após o funeral, uma cremação, pois os Weasleys não podiam pagar mais do que isso...Harry se ofereceu para custear os arranjos, mas ninguém o deixou.
A cremação, Harry suspeitava, também era para evitar a chance do corpo ser ressuscitado como um inferi por Voldemort, mas Harry manteve esse pensamento para si mesmo.
Fred e Jorge não riam, e Molly segurava a urna vazia com tanta força que Harry temia que ela se quebrasse. Gina estava sendo abraçada de forma esmagadora por uma velha rabugenta, a quem Harry ouvira ser chamada de 'Tia-avó Muriel'. Rony estava pálido, sem vida, agarrado a Hermione.
Quando eles entraram, Harry paralisou com a visão diante dele.
Moody estava carrancudo, murmurando palavrões, segurando um lenço contra o nariz sangrando. Dumbledore avançou imediatamente, os olhos brilhando.
- Alastor, velho amigo, o que aconteceu? Onde está o Sr. Riddle?
Se isso era o que ele pensava que era, o tênue autocontrole de Harry iria se romper. Esta semana tinha sido um pouco ruim, e sua paciência estava no limite.
- O pequeno bastardo me amaldiçoou.- Moody rosnou.- Vou matá-lo quando ele voltar...
- Ele saiu?- Dumbledore exigiu.- Para onde? Quando?
Parecia ser o que Harry achava que era, e um gelo frio de fúria inundou suas entranhas, quebrando barreiras para liberar um lado escuro que ele raramente deixava transparecer desde que voltou a esse período, tendo estado muito preocupado em manter suas conexões com a Luz.
- Oh?- ele questionou, friamente.- Eu não sabia que isso preocupava qualquer um de vocês. Ele é um prisioneiro que não tem permissão para ir e vir quando quiser?
- Harry...- Dumbledore começou, em sua voz de avô, com tensões de frustração.
- Sabe...- Harry interrompeu, em um tom de voz leve e pensativo.- Estou surpreso que ele só quebrou seu nariz, se você estava tentando impedi-lo de sair...estava?
- Ele é o Lorde das Trevas, Potter.- Moody rosnou.- Claro que não vamos permitir que ele reine livremente e venha e saia do Quartel General. VIGILÂNCIA CONSTANTE!
- Bem, do jeito que vocês agem parece que ele não tem a opção de ser outra coisa.- Harry retrucou, igualmente irritado.
Ele tinha acabado de ir a um funeral, o universo poderia honestamente lhe dar uma folga? Parecia que não.
- Ele não é estúpido.- Harry continuou, firmemente.- E independentemente de sua natureza psicopata, ele pode realmente dizer o que vocês pensam dele. Ele não vai mudar se vocês não deixarem.
- Ele não vai mudar de qualquer forma!- Moody rosnou, dando um passo em direção a ele, começando a erguer sua varinha.
Harry notou que os Weasleys pareciam extremamente desconfortáveis, mesmo em seu estado subjugado. Moody parou de repente, olhando por cima do ombro.
Harry sentiu a magia antes de se virar, mas o fez mesmo assim, para ver que Tom realmente havia retornado e estava encostado na porta, batendo sua varinha casualmente contra sua coxa.
Ele realmente teve um timing impecável; Harry sempre se perguntava se ele tinha um dispositivo que lhe dizia quando seria o momento mais dramático para chegar.
Olhos escuros examinavam a situação, iluminados com várias possibilidades em frações de segundo. Tom deu a Moody um olhar cursivo, sorrindo preguiçosamente.
- Belo rosto.- comentou o herdeiro da Sonserina. O Auror se irritou, um feitiço provavelmente perigoso em seus lábios, e Harry se moveu automaticamente.
Foi só quando todos olharam boquiabertos para ele que Harry percebeu que havia se colocado entre a varinha de Moody e Tom.
Ele não conseguia se importar; muito cansado e furioso.
- Parem, ou não me responsabilizarei pelos meus atos.- ele disse, perigosamente, nem mesmo tendo certeza de quão sério estava falando sobre isso.- Esta semana já teve morte suficiente sem vocês dois entrando em uma competição de merda um com o outro.
A sobrancelha de Tom arqueou ligeiramente com sua escolha de palavras, mas ele não abaixou sua varinha. Nem Moody. A aura de Harry inflamou.
- Guardem suas varinhas agora.- ele sibilou.
- Você não pode me dizer o que fazer, Evans.- Moody rosnou, a varinha apontada para seu coração.
- Alastor.- Dumbledore disse, bruscamente.- Chega. Isso é o suficiente. O Sr. Potter está certo, agora não é a hora.
O Diretor deu uma meia olhada para os Weasleys, ainda desanimados e sem energia, e Sirius e Remus, ambos parecendo prontos para agredir o Auror por ousar apontar uma varinha para Harry.
Houve um momento tenso, então Moody abaixou a varinha, o olho mágico disparando descontroladamente, antes de se fixar em Tom com uma intensidade mortal.
- Vou ficar de olho em você, garoto.- Moody avisou, saindo mancando com um ar de fúria.
Tom sorriu, aparentemente indiferente.
- Espero que você não se importe se eu não retribuir o favor...prefiro o que é esteticamente mais agradável.
A porta se fechou violentamente em resposta, provocando um tremor em Gina, que foi imediatamente puxada para mais perto de...era Charlie, não era?
- Posso ter uma palavra, Sr. Potter?- Dumbledore perguntou, friamente.
O diretor não esperou por uma resposta, segurando seu braço com uma força surpreendente, puxando-o para a sala. Ele sentiu o olhar de Tom queimando como lasers em suas costas, e atirou de volta um olhar de 'não faça nada'.
Que ótima semana.
✓
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Favorito do Destino
FantasíaExistem muitas histórias em que Harry volta ao tempo de Tom Riddle, então fica ou é mandado de volta. E esse é o fim. A menos que ele tente mudar Voldemort. Mas e se as coisas fossem diferentes? E se, apenas uma vez, alguém seguisse um viajante do t...