Capítulo 60

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Harry estava sentado em um pequeno e estranho pub na vila, tomando uma forte dose de café preto, quando Tom entrou algum tempo depois.

O outro tinha a menor exasperação em suas feições enquanto caminhava até a mesa onde Harry estava.

- Eu pensei que tinha dito para você voltar, eu estive te procurando por todos os lugares.- disse Tom, sentando-se no banco em frente a ele.- E você nem me trouxe um café.- o herdeiro da Sonserina acrescentou, olhando para a xícara fumegante que Harry bebia.

Harry arqueou as sobrancelhas.

- Na verdade, você me disse para ficar fora do cemitério e fazer algo útil.- ele comentou imperturbável, balançando a cabeça.- Você realmente deveria trabalhar nessa sua memória.- Tom olhou fixamente para ele por um momento. Harry sorriu.- E eu nunca prometi levar um café...busque um você mesmo.

- Que ótimo amigo você é.- Tom zombou. O sorriso de Harry apenas aumentou com isso. Ele se sentia muito melhor na vila, ao invés do cemitério de seus piores pesadelos.

- Então, você descobriu o que veio fazer aqui?- ele perguntou. Tom o examinou por um momento.

- Talvez.- ele respondeu. Harry esperou pela elaboração, mas o sonserino não deu nenhuma.

- Por que você veio aqui, afinal?- ele questionou, tentando soar casual. O sorriso de Tom disse a ele exatamente o quão bem ele conseguiu isso.

- Para ver o túmulo de meu pai.- foi a resposta. Harry ficou em silêncio, olhando o outro pensativamente.- Isso te incomoda, não é?- Tom perguntou, inclinando-se ligeiramente sobre a mesa.

- O quê? O cemitério? Já falamos sobre isso.- Harry respondeu com uma facilidade forçada.

- Não, minhas palavras.- disse Tom, sem mais nenhum traço de brincadeira em sua voz.- Meu desejo de matar...

- Fala baixo.- Harry sibilou.- Tem gente aqui que pode te ouvir e ter uma ideia errada...

- A ideia errada?- os lábios de Tom se curvaram levemente.- Que eu matei pessoas? Mataria pessoas? Gosto de matar pessoas? Deixe-me contar um segredinho, querido, essa não é a ideia errada.

Harry queria desviar o olhar, evitar aqueles olhos perfurantes que o observavam intensamente, mas não conseguiu.

- Mas...- continuou Tom.- Podemos levar isso para fora. Há um restaurante na estrada, se você estiver interessado.

- Você está me levando para jantar fora para falar sobre suas tendências psicopatas?- Harry tinha certeza de que sua voz saiu um tanto estrangulada e, no mínimo, altamente incrédula.

- Não.- disse Tom.- Estou levando você para jantar porque estou com fome e gosto da sensação de não estar sob constante escrutínio da população estudantil em geral. A conversa vai acontecer de qualquer maneira em algum momento, por mais que você se esquive.

Harry sentiu um sorriso relutante em seus lábios com aquela resposta. Era tão típico...mas isso não mudava o fato de que a conversa não aconteceria.

Zombando, Tom ofereceu-lhe a mão para levantá-lo.

- Perdoe-me.- disse ele.- Nós somos amigos, não somos?

Droga.

De alguma forma, Harry acabou sentado em um restaurante com Tom. Felizmente, sem velas ou algo igualmente...romântico.

- Você sabe que está pagando, certo?- Harry perguntou.- Porque eu não trouxe nenhum dinheiro comigo.- ele não sentiu a necessidade; tinha tido a impressão de que eles estavam apenas indo para o cemitério.

O Favorito do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora