Capítulo 83

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Harry desviou o olhar, sentindo-se inexplicavelmente envergonhado.

As razões para seu argumento eram muito grifinórias...muito...expressivas em sua intenção. Claro, ele se importava com Tom e não tolerava que Dumbledore o fizesse parecer uma cria do demônio, mas ele não queria que Tom soubesse que ele estava discutindo com o senhor da luz em seu nome.

Era muito...algo demais.

Sempre tão eloquente! Às vezes, ele realmente desejava ter o jeito de Tom com as palavras.

O herdeiro da Sonserina ainda o estava estudando, o olhar perfurando sua pele como cacos de alguma joia preciosa em busca da verdade. Harry suspirou pesadamente, cruzando os braços.

- Correção.- disse ele.- Eu não quero que você saiba.

- Desde quando eu me importo se você quer ou não me dizer algo que eu quero saber?- Tom retrucou, sorrindo, embora seus olhos estivessem sérios. Harry fez uma careta.

- Eu abandonei Dumbledore. Ele está chateado.- ele disse curtamente. Em vez de parecer apaziguado, Tom parecia ainda mais curioso do que antes, dando um passo em sua direção e inclinando a cabeça.

- Por que você o abandonou?

- Por razões que são minhas.- Harry respondeu, balançando a cabeça.- Eu tenho dever de casa.

Tom ficou em silêncio, antes de se levantar abruptamente, indo em direção ao dormitório.

- Venha.

Harry sentiu seu braço dar um leve puxão e quase rosnou de aborrecimento e fúria.

Ele o seguiu, sabendo que ficaria ainda mais ridículo e indefeso sendo arrastado pelo chão, e então teria que explicar por que Tom podia fazer isso.

Malditos Lordes das Trevas.

Ele fechou a porta atrás de si, ouvindo um murmúrio de vozes atrás dele.

- Eu odeio quando eles se retiram para discutir assim...

- Eu sei...eu quero saber o que eles fazem!

-...beijar e fazer as pazes?

****************

Dumbledore retornou para seu escritório, franzindo ligeiramente a testa, os dedos cruzados atrás das costas.

Ele não deveria ter falado daquele jeito, não deveria ter sido tão insistente, tão exigente...claramente as máscaras mais sutis de Voldemort eram mais eficazes.

Ele precisava dar espaço ao menino.

Era tão difícil que ele mal conseguia olhar para os dois juntos. Estava muito carregado de memórias, salpicando suas entranhas com cicatrizes de tempos passados. De sua própria história.

De Gellert.

A história tinha a maneira mais horrível de se repetir.

Harry não viu que tudo ia dar errado? Que, quando tudo isso acabasse, ele passaria o resto de sua vida preso nos momentos que eles compartilharam? Claro que sim; os dois estavam totalmente obcecados um pelo outro, obcecados por seu amor...ou qualquer sentimento equivalente que Riddle possuísse.

O Favorito do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora