Capítulo 01

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ENDRIK

Um choro, e um adeus! Acredito que foi assim quando nasci. Ela se foi me deixando tão pequeno e indefeso, nos vídeos que eu vi dava para sentir seu amor infinito exibindo sua barriguinha, toda feliz com a gestação. Em seu diário ela conta os detalhes, desde o momento em que foi para seu primeiro dia no novo trabalho, até o dia em que fui concebido.

Contava os momentos em que era assediada pelo o homem que nunca quero encontrar na vida, esse infeliz é meu pai, se é que um dia poderei dizer isso sem mágoas.

Quando saí do orfanato pela última vez, dona Rosa me entregou um pequeno cofre, que havia guardado quando minha mãe veio a óbito e entregaram a ela. Segundo ela só guardou aqueles pertences infringindo as regras da entidade, para que eu soubesse que não fui abandonado. Ali éra onde eu poderia conhecer um pouco mais a minha história.
Que história que nada, olhei para dona Rosa e disse; minha história já estou vivendo pode jogar isso no lixo! Se gostasse tanto assim de mim como sempre disse, não me deixava ir embora tantas vezes sem fazer nada. Falei arrotando ingratidão, deixando a com os olhos lacrimejados. Era pura revolta, sentimentos zero, todas as tentativas de carinho foram frustradas com xingamentos e abusos, no qual tive que enfrentar durante toda minha infância. Aprendi a sobreviver cedo demais. Logo ao nascer passando de mãos em mãos fui crescendo dentro de um orfanato, e aos nove anos fui jogado de casa em casa. Minha primeira família era ótima, finalmente achei que teria um lá de verdade, mas foi por pouco tempo. Joel e Miranda me ensinaram a amar o ballet, os dois eram perfeitos dançando, passaram a vida em pró da dança e não constituíram família. Era minha chance de ser feliz duplamente, mas eles também resolveram morrer em um acidente durante uma de suas apresentações, me deixando sozinho novamente. Lá vou eu para o orfanato de novo. O segundo casal só queria um funcionário Mirim, a escravidão parecia estar no auge ainda. Só fiquei livre assim que foram denunciados, lá vai eu novamente para o orfanato. A primeira vez sofri com o retorno, já a segunda vez foi um alívio. Até chegar a pior de todas as famílias. Com quatorze anos fui adotado pela terceira e última família e vivi os maiores pesadelos, tudo isso porque inspirado em Joel queria seguir com o ballet, logo ao chegar me deparei com pessoas totalmente ignorantes diante do meu sonho. Ainda sem saber de nada, fiquei deslumbrado quando cheguei no meu novo lá. Acho que agora serei feliz de verdade. Logo ao chegar percorria cada lugar, cada canto até chegar ao sótão e deparar com o cantinho perfeito para dar continuidade ao meu querido ballet.

ENTRE O AMOR E O PRECONCEITO Onde histórias criam vida. Descubra agora