CAPÍTULO 08

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ISABELLA

Com o celular em umas das mãos, dirigindo feito uma maluca, admito que fui totalmente irresponsável. Não vi nada, foi tudo muito rápido, tentei frear mais só senti o baque muito forte e vi um corpo voando por cima do meu carro. O estrondo foi tão forte e rápido, que por frações de segundo gritei sem entender nada. Tentando respirar saí do carro rapidamente e vejo uma moto velha totalmente desmontada pelo chão, olho pra trás e grito meu Deus matei alguém. Muitos curiosos se aproximando, então gritei Ambulância, alguém chama o SAMU por favor, gritava ao mesmo tempo que tentava tranquilizar meu primo que falava comigo ao celular durante o acidente. Ambulância, alguém chama o SAMU por favor. Sem sucesso! O ser humano hoje em dia, quando presencia um acidente, muitos não estão nem aí se os envolvidos estão morrendo querem mesmo é postar em suas redes sociais. É horrível o comportamento invasivo dos dias atuais. Tudo hoje é motivo para fotos e vídeos, vemos que nem mesmo um velório ou um culto religioso escapa das câmeras dos celulares.  Nada escapa do ímpeto exibicionista de certas pessoas que têm a necessidade de gritar para o mundo ‘eu estava lá!’. Um absurdo essa falta de amor ao próximo. Ao perceber que ninguém havia acionado o SAMU, eu mesma o fiz. Chamei socorro, tentando acalmar o rapaz que se debatia pelo chão, verificando seus sinais vitais examinando se estava muito ferido, não acredito no que está acontecendo comigo, de onde esse maluco surgiu? Pensei. A manobra abrupta do veículo me impediu de esboçar qualquer reação para impedir a colisão, que droga! Esbravejando e muito preocupada, vou procurar algum documento em seu bolso. Graças a Deus até que o resgate não demorou. O que vou fazer agora, me enrolei toda, e ainda fiquei com sentimentos de culpa. Após o socorro chegar e levarem ele para o hospital fiquei perdida quanto o’que eu deveria fazer, com todos os seus pertences espalhados pelo chão, não pude deixar de observar um pequeno diário aberto sem querer vi que havia um nome escrito na contra capa ( Natália Serqueira) com a iniciais NS na capa, coincidência ou não esse nome era exatamente o motivo por eu estar aqui, fui contratada para encontrar uma pessoa com esse bendito nome! Mas já foram tantas Natália erradas será que seria justamente essa a pessoa que meu cliente procura. Com a pulga atrás da orelha após correr o olho rapidinho juntei tudo colocando novamente na mochila em que estava. Acionei a empresa para resolver essas questões sobre a retirada dos veículos fazendo a desobstrução do trânsito, e me trazerem outro carro. E assim finalmente algumas horas depois fui em direção ao hospital para o qual tinham levado o rapaz, queria acompanhar tudo bem de perto. Minha mãe sempre dizia que eu queria carregar o mundo nas costas, sempre me questionam sobre esse meu jeito de querer mudar o mundo, mas eu sentia que aquele rapaz era minha responsabilidade. Não podia deixar a Deus dará, quando terminei o curso de direito, já tinha sede de justiça e obviamente não ser injusta nesse momento. Chegando ao hospital ordenei que ele fosse transferido imediatamente para o particular. Ao questionar sobre seu estado de saúde, fiquei de queixo caído, totalmente perplexa com que acabara de ser informada, como assim, pode morrer com a perfuração da bala? O caso dele é acidente de trânsito não um tiroteio! Se estava ferido por uma arma de fogo certamente não é sobre a mesma pessoa no qual estamos falando.


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