CAPÍTULO 22

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Fiquei isolado na minha, bem quietinho no momento que para minha surpresa chegou Isabella do nada e me deu um beijo no rosto, quando fui dizer algo colocou o dedo sobre meus lábios, sinalizando silêncio, e com um abraço inesquecível falou baixinho ao pé do meu ouvido; toda a sorte do mundo única e exclusivamente para você, estarei na primeira fila como havia prometido, e porque o senhor está aqui cabisbaixo desse jeito, posso saber? Ei, não vim até aqui para te ver assim! Não se sabote, controle seus pensamentos, é importante cultivarmos reflexões positivas que acrescentem em nossa vida, que tudo vai dar certo! Essa tensão não vai parar de existir 100%, mas com certeza há formas melhores de se lidar com ela! Agora você vai entrar com a cara e coragem, até porque não tem como dar errado, é tudo que você já fez inúmeras vezes, está mais que ensaiado, vai dar certo! Nesse instante foi como se os anjos declarassem o amém, ao invés de nervosismo, fiquei tão empolgado que quando eu me toquei já era o momento de nós nos apresentarmos no palco. Levantei a cabeça me juntando ao restante da equipe era a hora de Natasha e eu entrarmos, voltei meus olhos para cima, minha mente clareou e até me sentia mais leve, era tudo que eu tinha aprendido, então não tinha nada de diferente para fazer a não ser, me entregar de corpo e alma para agraciar o público dando meu melhor, até porque, tenho plena convicção que não basta repetir a coreografia, mas ela tem que estar em você de uma forma que seja natural e automática para o seu corpo. Nesse momento aprendi uma nova lição, como alguns pensamentos são altos sabotadores, eles podem deixar a gente mais nervoso fazendo com que nossa respiração fique fora do contexto. Então, me acalmei controlando-a. Respirei fundo, e troquei qualquer “ai, meu Deus, aquele medo e incerteza por “vai dar tudo certo, eu ensaiei para isso, eu vou conseguir!

Respiração acelerada e pensamentos negativos nunca mais, eu vi que isso só atrapalham o nosso desempenho!

Fechei os olhos e finalmente entrei no palco, era o céu embaixo dos meus pés, parecia estar nas nuvens, dancei como se fosse o melhor do mundo, ali me encontrei com Joel, Miranda, e minha mãe todo o tempo presente comigo. Foi muito melhor do que eu havia imaginado, essa emoção da primeira vez é inesquecível, ficar nervoso é normal para qualquer principiante, afinal ainda não sabem como vai ser ao entrar no palco, a sensação é que você vai entrar e dá de cara com um monte de gente te olhando, ou até mesmo já te reprovando. A ansiedade é tanta que na verdade quando você entra não tem a visão de nada nos fundos além das luzes, não dar para ver rostos, você não enxerga nenhuma pessoa lá na plateia, não ver basicamente nada, ali é só você e sua parceira, e foi o caso de nós dois lá no início. No final, quando fui fazer o solo, colhi exatamente o que plantei durante uma vida ensaiando sozinho, algumas vezes escondido. Agora com poucos meses de treino firme, fiz piruetas duplas e ainda consegui ir além do esperado.
Finalmente entendi porque Miranda sempre dizia ao perceber meu cansaço. Filho, você pode mais! Não ache que melhorar no ballet é sorte, é dedicação meu amor! Quanto mais a gente treina, mais a gente melhora! Então, dê o seu melhor e treine sem preguiça, o resultado é a certeza que você vai se sentir mais confiante, e arrasar não só no impacto da entrada, como na saída também. Fato! Ao finalizar, escutei as palmas em seguida as luzes acenderam. Depois de receber os aplausos, com o público todo de pé, única e exclusivamente para mim, foi melhor ainda, uma sensação de dever cumprido! Ao mesmo tempo, me sentia batendo na cara do preconceito e de todos os sofrimentos que ele causa. Enfim, lavei a alma, fiquei em êxtase com aquelas chuvas de emoções!

ENTRE O AMOR E O PRECONCEITO Onde histórias criam vida. Descubra agora