CAPÍTULO 19

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Andando de um lado para o outro, pairava em minha mente a pergunta que não queria calar. Como Isa, uma mulher tão linda e inteligente, carinhosa e cativante, pode ser noiva de um estrume como aquele? Que inocência da minha parte, como pude pensar que uma mulher do gabarito da Isabella iria estar solteira, dando sopa na praça? Por outro lado, também não havia como prever que ela estava em um relacionamento, até porque a aproximação que houve entre a gente no início foi um tanto quanto conturbada, além do mais, tínhamos outras prioridades,  sequer cogitamos falar sobre taus intimidade, acho que por isso me pegou tão de surpresa essa notícia. Fora isso também aconteceu coisas boas,  tive a oportunidade de conhecer Margot, a mentora e coreógrafa de uma grande companhia de ballet. No fundo sempre senti que minha existência não era em vão, sabia que havia nascido para fazer a diferença, e com o apoio de meu pai, que se dispôs a me levar para conhecer todos os trajetos feitos por ele e minha mãe, quando eram jovens namorados, tive a honra de encontrar Margot, e como minha genitora fez, após um bate papo com ela resolvi dar  início as aulas de ballet ali mesmo, enquanto não terminava a reforma do espaço onde seria o começo de muitos sonhos a ser realizados, e consequentemente o meu recomeço. Iniciava uma nova jornada, uma verdadeira corrida contra o tempo, almejando compensar os anos perdidos, com o intuito de me entregar de corpo e alma. Mesmo os treinos sendo árduos, comecei a treinar pesado dia após dia. Uma das disciplinas que aprendi com Joel é que, se o bailarino tiver o ballet como seu ideal ele tem que abrir mão de muito da sua vida para conseguir o prazer em dividir esse momento da cena com o público na sua melhor entrega para ter uma troca contínua.  Obviamente tem que ser amor de verdade para fazer todo o sacrifício da rotina de ensaios, é inenarrável o como a gente percebe a vida valer a pena no final com os aplausos que renovam nossa alma para no dia seguinte, onde tudo começa novamente.” Após realizar a matrícula conheci e conversei com várias pessoas sobre meus projetos e sonhos, entre elas estava Natacha, minha primeira amiga e parceira na dança. Natacha é uma garota que já nasceu no ballet, tinha uma leveza incrível, ela relatou em um dos breves momentos que paramos para conversar um pouco, entre um treino e outro: que iniciou-se no balé aos 4 anos de idade, nesse tempo conheceu várias pessoas, que por conta da discriminação acabaram desistindo da dança. Sabe Endrik eu fico muito triste por ver esse julgamento formado antecipadamente, caracterizado principalmente por não ter lógica ou fundamento crítico. Por conta disso eu  também queria fazer parte dessa equipe que você está montando para trabalhar nessa missão de resgate para os que amam o ballet, aproveitando para juntos unir forças na luta contra o preconceito, afirmou Natacha selando uma parceria com total comprometimento na luta por um mundo com mais empatia. Após aquela saudosa conversa, pude constatar que o processo, a estrada percorrida, é essa jornada que molda diferentes pérolas, histórias e personalidades. Engraçado, somos pessoas tão diferentes almejando o mesmo sonho, amando com a mesma intensidade nosso ideal. 

ENTRE O AMOR E O PRECONCEITO Onde histórias criam vida. Descubra agora