24. Revelações

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WANDA MAXIMOFF

Ouvi passos no corredor e levantei já sabendo a quem eles pertenciam. Caminhei fazendo o máximo de silêncio possível e abri a porta, encontrando os dois garotinhos com carinhas sapecas prestes a entrar.

— Mamãe, iríamos fazer uma surpresa! -Thomas disse com um sorriso no rosto.

As últimas três semanas tinham sido, verdadeiramente, as mais felizes da minha vida. Tínhamos caído em uma rotina agradável, nos tornando a família que sempre sonhei. Billy e Tommy costumavam se esgueirar para o nosso quarto em algumas manhãs, se jogando sobre nós duas na cama, deixando uma Natasha emburrada e linda.

— Queremos acordar a mamãe Natasha. -Billy completou, como se eu não soubesse que aquela era a intenção deles.

— Por mais que eu ame ver a cara de brava da Natasha logo pela manhã cedo, hoje vamos ter que deixá-la descansar. -comentei, os puxando pela mão para longe do quarto e em direção ao andar debaixo. — A mãe de vocês não teve uma noite muito boa. Ela sentiu febre e não conseguiu dormir direito, então dessa vez ela merece umas horinhas a mais de sono.

— Ela vai ficar bem? -os dois perguntaram em uma perfeita sincronia de gêmeos.

— Vai sim, é só uma gripe. Nada demais. -os tranquilizei. — Prometo que vou cuidar dela, mesmo que a Natasha seja uma paciente muito irritante.

Ela realmente era. Durante a madrugada ela não queria medir a febre e muito menos tomar o remédio, alegando que tinha um "gosto horrível". Precisei praticamente forçá-la a fazer as duas coisas e depois disso fiquei velando o seu sono conturbado.

Preparei o café da manhã para os garotos e os ajudei a se arrumarem para a escola. Pedi ajuda ao Steve para levá-los, porque não queria deixar a Natasha sozinha mesmo que fosse por pouco tempo. Como sempre o meu amigo era muito prestativo e não se importou de fazer esse favor.

Olhando no relógio, percebi que o horário da medicação da minha paciente irritante estava próximo, então levei café da manhã para ela na cama.

— Amor...-chamei baixinho, beijando seu rosto. — Você precisa se alimentar antes de tomar o remédio novamente.

Lentamente ela foi acordando, sorrindo para mim como sempre fazia todas as manhãs. A calma, no entanto, durou poucos segundos, porque quando ela olhou para o relógio ao lado da cama, levantou de supetão.

— Wanda, a hora! -ela reclamou, ao mesmo tempo que levou as mãos a cabeça e gemeu de dor.

— Natasha! -repreendi, fazendo-a se deitar novamente. — O que você pensa que está fazendo?

— Indo trabalhar? -ela perguntou como se fosse óbvio. — Por que não me acordou? Estou quase duas horas atrasada.

— Como se você fosse abrir a loja hoje! Você está doente e de repouso e acho melhor entender isso de uma vez por todas, já basta todo o trabalho que me deu durante a noite.

Ela me olhou emburrada e cruzou os braços sobre o peito. Seu jeito era fofo e eu quase sorri para a sua postura brava, mas mantive-me séria porque era necessário. Coloquei a bandeja de café ao seu lado e ela se ergueu um pouco, despejando café puro em uma xícara e tomando o primeiro gole.

— Coma! Café não sustenta ninguém. -mandei.

— Você é sempre chata assim com os seus pacientes? -ela levou um pedaço de sanduíche de patê de frango até a boca.

— Só com os irritantes como você. -devolvi e ela me olhou com surpresa.

Foi inevitável não sorrir dessa vez, Natasha emburrada era uma das coisas mais adoráveis de todo esse planeta.

The Life That You Stole From MeOnde histórias criam vida. Descubra agora