31. Realidade

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NATASHA ROMANOFF

Olhei para o meu reflexo no espelho, arrumando os últimos detalhes da minha roupa. Tony disse que eu deveria impressionar o juiz, seja lá o que isso signifique, então tentei o meu melhor.

— Você tem certeza que eles precisam ir? -Peggy apareceu atrás de mim quase como um fantasma, encontrando meu olhar pelo espelho.

— Eu não queria. -admiti em derrota, odiava deixar meus garotos próximos daquele homem. — Mas o Stark disse que é necessário.

Eu estava tentando me manter confiante na estratégia do advogado, ainda que soubesse que Bruce Banner era a pessoa mais ardilosa desse mundo.

Tínhamos trabalhado em nossos depoimentos na última semana incessantemente, era um trabalho árduo, mas eu faria qualquer coisa para deixar o Banner longe.

— Eles já estão lá em baixo esperando. -ela avisou, me dando um sorriso singelo. — Steve está com eles.

— Obrigada, Peggy. Já estou descendo.

Respirei fundo, tentando relaxar o máximo possível antes de iniciar essa guerra.

A verdade é que eu jamais esperei enfrentar esse dia sozinha, secretamente, ao longo do último mês eu esperei que Wanda simplesmente aparecesse em casa, desistindo dessa ideia maluca de ceder às chantagens que eu sabia que Bruce tinha feito.

Mas isso nunca aconteceu.

Depois da última ligação, nos quinze dias seguintes, nenhum contato foi feito novamente. Wanda não voltou a ligar, tão pouco eu o fiz.

Não adiantava ficar nos maltratando com essa situação, quando ela não estava disposta a voltar atrás, então eu só tentei seguir minha vida. Eu havia feito isso uma vez, conseguiria de novo.

— Vocês estão prontos? -perguntei quando terminei de descer as escadas e os encontrei na sala.

— Vai ficar tudo bem, Nat! -Steve garantiu. — Nós vamos passar por isso juntos.

Acenei positivamente com a cabeça, mas não deixando nenhuma palavra sair. Eu não era capaz de ser tão positiva assim, primeiro porque sabia que havia uma grande batalha pela frente e segundo porque estava faltando ela.

Sempre estaria.

O fórum não ficava muito longe e, para a minha sorte, não estava muito lotado também. Tony já nos esperava no local, seus passos se apressando para nos encontrar no meio do corredor e nos cumprimentar.

— Seja confiante, Romanoff! -o homem ordenou quando viu minha expressão. — Nós vamos conseguir.

Mais uma vez me comuniquei com um breve aceno de cabeça, eu não estava no humor para fingir uma empolgação que não existia.

Alguns minutos depois fomos chamados e então estávamos todos frente a frente com o juiz. Bruce e seu advogado do lado esquerdo, Tony, Peggy, Steve, Billy, Tommy e eu do lado direito.

O juiz começou a ler o processo, dizendo tecnicalidades que não me atentei e então Bruce estava sendo chamado para depor.

— Meritíssimo, eu quero muito ser o pai que esses garotos não tiveram. -ele disse em uma falsa emoção e meu estômago embrulhou. — Natasha Romanoff não está pensando no bem deles, ela está apenas pensando em si. Negando a essas crianças o direito de ter uma família completa.

É claro que eu já esperava uma atuação impecável de Bruce, mas nada me preparou para o show que veio a seguir. Por longos minutos ele e seu advogado discursaram sobre como o fato dele ser doador foi apenas uma mera coincidência, que ele tinha seus espermatozoides congelados porque era o sonho de uma vida ser um pai.

The Life That You Stole From MeOnde histórias criam vida. Descubra agora