26. Consertando

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NATASHA ROMANOFF

Abri a porta e dei de cara com Tommy deitado sobre o sofá, lendo uma de suas inúmeras revistas em quadrinhos. Ele estava concentrado, mal percebendo minha chegada. Me aproximei e sentei no pequeno espaço restante, fazendo minha presença ser notada por ele.

— Onde está seu irmão? -questionei quando ele baixou a revista para me olhar.

— No quarto com a mamãe Wanda. Ele está ensinando ela a jogar no videogame portátil. -ele explicou, o que fez muito sentido porque meu menino gostava de ler em completo silêncio.

Wanda estar em casa tinha sido algo raro nos últimos dias. Depois da nossa discussão, ela tinha ido direto para um longo plantão de 12 horas e quando voltou, eu estava ainda muito chateada, então me mantive longe.

No dia seguinte, por coincidência ou não, um médico faltou e ela fez um plantão de 6 horas enquanto deveria estar de folga. Nosso diálogo ainda era quase inexistente e evitamos uma a outra o resto do dia.

No terceiro dia ela teve mais um plantão e quando chegou ficou longe e não foi para a cama até que fosse tarde o suficiente e eu já estivesse completamente apagada.

Ontem ela teve apenas algumas reuniões, mas quando a noite chegou, as camas de Billy e Tommy foram arrastadas uma para o lado da outra e eles dormiram os três juntos em uma "festa do pijama" improvisada.

Sabia que tinha sido dura nas minhas palavras, mas eu estava tão chateada com toda a situação que tinha se desenrolado.

— Você foi irresponsável e não se preocupou com a segurança dos nossos filhos!

Eu disse após ela relatar tudo que tinha contado para o Victor antes do jantar deles explodir em um ataque de raiva do loiro bocó.

No momento que as palavras saíram da minha boca, eu sabia que tinha passado do ponto, mas a raiva não me deixou voltar atrás, então continuamos nesse clima horrível que tinha se estendido até agora.

— Mãe? -Tommy me tirou dos meus pensamentos, trazendo minha atenção de volta para si. — A mamãe Wanda está triste.

Era claro que eles haviam notado toda a estranheza que havia entre nós, embora fossem crianças, meus dois garotos eram incrivelmente espertos e observadores.

— Eu sei, meu amor. -concordei porque nenhuma de nós estava feliz com aquela situação.

— Vocês brigaram? -ele perguntou com uma sincera preocupação e eu apenas afirmei positivamente. — Eu não quero que ela vá embora de novo. O Billy também não.

Claro que aquele seria um medo pertinente para eles. Tudo ainda era muito novo e, por mais espertos que os gêmeos fossem, tinham coisas que eles ainda não conseguiam compreender.

O puxei para a posição sentada e passei meu braço por cima dos seus ombros, trazendo-o para um abraço apertado e reconfortante.

— As pessoas, mesmo quando se amam muito, acabam brigando. Isso não significa que elas vão ficar longe uma da outra. -assegurei e ele me deu um sorriso compreensivo. — Nada vai mudar na nossa família. Porque, acima de qualquer briga que tenhamos, existe o nosso amor.

Tommy aparentemente ficou muito satisfeito com as minhas respostas e percebi como uma simples conversa tinha o poder de deixar tudo bem. Com esse pensamento, caminhei para o andar de cima, encontrando Wanda jogando com concentração, enquanto Billy dava instruções ao seu lado.

— Billy não grite tanto no ouvido da sua mãe. -brinquei e ele olhou em minha direção, rindo e pulando da cama para vir me abraçar.

— Oi, mãe! -ele disse empolgado. — A mamãe Wanda já conseguiu passar de três fases. Vamos ganhar você e o Tommy da próxima vez.

The Life That You Stole From MeOnde histórias criam vida. Descubra agora