CAPÍTULO 28

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ALENA

Acordo, e poderia jurar que os últimos momentos na minha memória foram apenas um pesadelo. Eu respiro o cheiro do Dante, e então minha cabeça dói, injetada de raiva, decepção e humilhação. Me distancio do seu peito, e observo o homem que divide a cama comigo, me olhando hesitante.

— Alena?! — seu olhar parece quebrado e exausto, e olho ao nosso redor desejando que não fosse verdade. 

— como vim parar aqui?! — questiono, sinto que minha pele está ardendo e minha garganta doendo, pelo choro de ontem.

Lembro de deitar no banco, e chorar por tudo, sem norte pelas ultimas descoberta. É tudo que lembro, além do desespero angustiante que acertou meu peito, por passar a duvidar de tudo que tivemos.

— trouxe você dormindo. — eu observo ele mais uma vez.

Seus olhos azuis, que as vezes também parece ter um toque de verde, e quando está irritado ou excitado, se torna tão escuro quanto um redemoinho negro. Quero odiar Dante como antes, mas apenas sinto mágoa, muita mágoa.

— não vou agradecê-lo. — levanto, e vou em direção ao banheiro.

Não preciso dizer que sei seu segredo ou o quanto sua mentira me magoou, ele sabe tudo isso, e não se importa. Eu sinto todos os momentos que tivemos se derretendo, como se fosse uma tela danificada, que não tenha mais a mesma claridade, e que tudo tornou-se impreciso.

— Alena. — eu foco minha visão através do boxe, não me importando da sua presença ali.

A casa é dele, e temos um acordo e nada mais importa. No fundo, não é porque ele tinha um personagem, no meu peito a maior traição é pelo fato do maldito personagem ter se envolvido comigo. Eu considerava o estranho como um amigo confidente, e conseguia dizer a ele coisas que normalmente tinha dificuldade de dizer as pessoas, até mesmo confessava meus sentimentos pelo Dante. Tínhamos uma espécie de ligação, e mesmo que ele nunca me dissesse muito, me sentia confortável em conversar com ele, mesmo que por mensagens, ou curtas ligações.

Estou me sentindo ridícula. Como se algo tivesse terrivelmente quebrado, sentindo a traição me acertando em cada lugar do meu peito. Sempre tentei ser forte, mas no fundo, no meu íntimo eu sou fraca como uma folha seca, me apego fácil, me magoo fácil. Fui criada sendo negligenciada por quem deveria me proteger e amar, isso minou minha segurança de nunca confiar em ninguém, e o que o Dante me fez, só provou isso.

— o que quer?! — assisto ele abrir a porta de vidro, e me olhar. — diga! Diga o que deseja?! — não escondo minha raiva, minha mágoa já deve está escorrendo novamente em forma de lágrimas junto a água.

— que grite comigo, que me xinge e diga o quanto sou imbecil em te enganar, mas não que apenas me olhe assim. — ele entrou no box, e levou a mão ao meu rosto, onde fiz questão de me afastar. — que não se afaste do meu toque, mesmo que seja você me tocando, me batendo. — vi que seu olhar estava nublado, cheio de significados.

— você, me magoou como ninguém jamais havia feito. — toco seu peito, onde tantas vezes dormi me sentindo cuidada e segura. — você me fez de idiota! É isso que queria?! Quer que diga a você tudo o que estou sentindo?! Então vamos lá! Você me fez se sentir uma trouxa, um lixo sem significado. Qual o seu problema?!

— meu problema é te querer de um na forma doentio. — parecia estar me acusando, mas pouco me importei.

— meu problema é você. Sempre foi você. — aponto, vendo seu rosto se cobrir de mágoa. — aceitei você tão fácil. Você disse que gostava de mim, e me derreto entregando meu coração em uma bandeja, mesmo após dois anos sendo destratada por você. Em pensar que me sentia culpada por desejar o maldito lutador. Me sinto também idiota por não ter percebido antes. Ignorei o que estava na minha cara. — aponto suas tatuagens, que agora estão sendo iguais a do lutador. — no fundo, eu apenas não queria acreditar que a pessoa que entreguei meu coração, estava me enganando.

INTENSO DESEJO |+18|Onde histórias criam vida. Descubra agora