ALENA;
Observo minha barriga começando a criar um montinho, e xingo o Dante mentalmente, por não o ter comigo. Dói, cada pensamento sobre ele me dói como uma ferida aberta e não consigo aceitar que não tenho mais seu amor e cuidado a cada passo do meu dia. Estava acostumada a tê-lo sempre ali, desde que era um chefe insuportável, mas eu o tinha, e agora tudo que tenho é as lembranças e sua fortuna.
— Alena. Aqui está seu almoço. — Sorri para Diana, e ela devolve um sorriso pesaroso. — Sei que é difícil, mas precisa vai ficar bem. Por você e pelo bebê. — Assinto, sentindo as lágrimas voltarem a brincar nós meus olhos.
— Dói tanto amiga. — Sou sincera, e ela com os olhos em lágrimas vem me abraçar.
— Eu sei que dói. Ele era apenas meu chefe, talvez um tanto carrasco, mas eu o amava. Foi o único que me deu a mão, e me incentivou a ter um futuro, e sua única exigência é que cuidasse de você. — Secou as lágrimas do meu rosto, e beijou minha testa. — Ele me deu todo o valor do meu tratamento hormonal, e ameaçou me bater se não aceitasse. Não diria não nem que pudesse. — Acabei rindo, lembrando da forma nada delicada que ele fazia as pessoas aceitarem seus desmandos.
— Obrigado. — Agradeço em um suspiro. — Dois meses, e parece que foi ontem que estava aqui mesmo com ele. Eu fecho os olhos, e sinto o cheiro do meu homem, e como se estivesse me observando. — Assumo minha paranoia.
— Ainda é muito recente. — Diana colocou a mão na minha barriga, e meu bebê mexeu. — Tenho certeza de que ele sorriria com isso. — Eu assinto, emocionada. — Almoce, que temos muito trabalho pela frente.
Como devagar, apenas porque meu filho depende de mim, mas se não tivesse um pedacinho do meu Dante dentro de mim, juro por Deus que já tinha definhado. Olho ao meu redor, e nada parece fazer sentido, e foco na TV, tentando encontrar algo que me distraia a mente. Foi muito pouco tempo juntos, para consumir todo o amor que tínhamos um com o outro, e um dia estaremos juntos novamente, aqui ou em outra vida.
"— ..., mas um grande empresário teve sua vida ceifada. Tudo começou com a morte do milionário Dante Salvatore, na sequência houve de políticos importantes, e grandes herdeiros..." — desligo o aparelho, minha cabeça doendo com a constatação que ele está em toda parte.
Não é que queira esquecê-lo, mas por um instante, quero imaginar que é apenas um pesadelo, e logo ele entrará porta, e me beijara com fome, me fazendo aceitar fazer amor com ele na primeira oportunidade, e depois beijara minha barriga, e pedira desculpa ao filho, me culpando por seduzi-lo. — Sorri, com a imagem que minha mente formou, e suspiro inquieta, porque não terei isso.
Na explosão, também perdi meu pai e é estranho como não me sinto tão em luto por ele, quanto estou por Dante, talvez seja pelo fato que aquele homem cheio de manias e possessividade, me deu tudo que meu pai jamais foi capaz de me dar. Quando Jéssica me disse que era minha irmã de sangue, nossa amizade criou uma rachadura, que não sei se existe concerto, apesar de ama-la imensamente, sempre que olho para ela sinto coisas que não posso controlar, e uma delas é a inveja, por saber que ao contrário de mim, mesmo que ele não tenha reconhecido sua paternidade legalmente, amava e cuidava da Jess, enquanto me encontrava aos cuidados de uma madrasta maldosa e manipuladora que me agredia e humilhava como se não passasse de um peso indesejado.
Eu amo a Jess, não me arrependo de nada que fiz por ela ou por meu pai, mas não vou mentir e fingir que não me magoou sua omissão por tantos anos. A dor apenas foi menor, se comparada a que sinto por perder meu amado, o pai dos meus filhos e o único homem que amei e me amou de uma forma intensa, ainda mais pelo motivo de achar que ele era invencível e poderia também salvar meu pai, mesmo que não fosse merecedor.
A culpa de corrói de forma dura e massacra meu peito como um punho fechado. O destino foi um bastardo de merda conosco, e cada vez que recordo de tudo que passei até aqui, me afundo mais na raiva e culpa, mesmo que digam que não tive, dentro de mim, sinto como se Dante tivesse perdido a vida por minhas mãos.
...
— Senhorita Alena. — Kaled entra na minha sala, o grande homem se tornou minhas mãos e pernas, porque eu não tenho total capacidade de cuidar de tudo que o Dante deixou, e jamais deixarei seu império cair, porque tudo o que ele construiu é dos nossos filhos.
— Olá Kaled. — Solto o ar dos meus pulmões, cansada. — Como está tudo?!
— Tudo nos conformes. — Sorriu educado. — Diana me disse que está tendo um dia ruim, e vim vê-la. Não sou ele, e nem sou capaz de suprir todas as necessidades e apoio que ele daria, mas quero que saiba que tem um amigo para contar em qualquer momento. Prometo estar aqui para cuidar e acompanhá-la no que precisar, inclusive com sua gravidez. — Promete, e abraço esse homem.
— Você definitivamente, é um príncipe. — Não sabia nem o que faria se não tivesse a amizade desse homem. — Só posso agradecer, e dizer que aceito de todo coração.
— Fico feliz em escutar isso. — Sorriu me fazendo sentar novamente na cadeira da presidência. — Já está com quase cinco meses. Precisa fazer os exames, a médica já disse que o bebê está bem, mas vamos lá, podemos ver a imagem dele. — tenta me convencer, mas ainda é difícil.
— Queria tanto que ele fosse comigo. — Solto o ar com pesar. — Mas tem razão, preciso cuidar do meu filho, e saber que está tudo bem. É o que o Dante exigiria de mim, e eu estaria tudo bem com isso.
É difícil cuidar da minha gravidez, sem ter o Dante. Às vezes eu vou fazer algo, e penso que se ele estivesse ao meu lado, não permitiria e acabo cedendo aos seus caprichos invisíveis, porque sinto como se ele estivesse ao meu lado o tempo todo, me observando e cuidando de mim.
...
No consultório, o Kaled está ao meu lado para o exame de imagem. Já poderemos ver o sexo, e não sei se quero saber agora, porque não me sinto pronta, ainda é como se faltasse algo.
— Vamos ver esse bebê. — A médica passa o aparelho por minha barriga com cuidado. — Olha isso?! São as perninhas, os bracinhos e a cabeça. Pronta para ver o que temos aqui entre as perninhas?!
— Não. — Respondo rápido e com a voz embargada. — ainda não estou pronta. Dante nunca disse o que desejaria, mas sinto que é um garotinho, porém ainda não me sinto pronta para ter certeza, e não ter o meu namorado comigo para comemorarmos, fosse qual sexo fosse. — Desabafo, e vejo compreensão em todos os três ao meu redor.
Volto para casa, e sinto a satisfação me invadir ao ver a minha pequena Giovana vir até mim e abraçar. Às vezes, quando não estou nada bem, meu único consolo é ter seu aconchego, e como se ele soubesse o que preciso, e como se Dante agisse por ela. Não consigo tirar ou esquecê-lo por um instante que seja, e talvez seja a lembrança dele mexendo dentro de mim, sempre que acho que posso me concentrar em outra coisa que não seja meu homem.
— O bebê, está bem? — pergunta baixinho, colocando a mão na minha barriga.
— Está sim, quer vê-lo? — Mostro as imagens, e ela olha tudo empolgada.
— Posso ficar com eles? — assinto, e beijo seu rosto delicado.
— Eu sinto tantas saudades dele. — confesso para minha menina, mesmo sendo tão pequena eu sinto que ela me compreende.
— Não fica triste mamãe, o papai está bem. — Beijou meu rosto, antes de correr pela casa com as fotos da ultra.
As vezes ela fala esse tipo de coisa, e me vejo imaginando se eu tivesse a inocência dela, também viria meu Dante. A mansão parece tão vazia, apenas os seguranças e Rodolfo e Jéssica ao meu redor. No quarto, tudo que toco me lembra ele, o cheiro, as roupas, seus perfumes. Pareço uma pessoa desesperada, usando suas coisas para suprir a falta enorme que ele me faz, mas não me importo que achem isso, eu apenas preciso de algo dele para conseguir acordar mais um dia, e enfrentar minha vida sem ele.
Eu durmo, e sonho com o Dante acariciando e beijando minha barriga, e é tão real, que me sinto emocionada. Tenho medo de enlouquecer, e não ser capaz de cuidar de mim e dos meus bebês, mas a presença dele está tão constante junto a mim, que estou começando a achar que estou paranoica.
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INTENSO DESEJO |+18|
RomanceConteúdo adulto. Não era apenas um encontro com seu ídolo, do qual Alena nutria uma paixão. Nunca foi apenas isso! Alena Sampaio levava a vida o melhor possível, após sua família perder tudo em um golpe. Um chefe do qual ela classifica como "a pers...