1983
"Assim que nascemos, choramos por nos vermos neste imenso palco de loucos"
Uma péssima idéia. Era o que aquilo era. Uma péssima e terrível idéia.
Tinha poucas pessoas na casa dos Harringtons. O som estava baixo e agradável, e todos estavam espalhados e conversando pacificamente. Alguns bebendo, outros fumando. Nada muito exagerado. Ainda sim. Era uma péssima idéia.
Uma pessoa tinha desaparecido. Uma criança. Pelos Céus. Como eles conseguiam fazer uma festa? E agir como se estivesse tudo absolutamente bem.
E ainda sim, lá estava Elizabeth.
Deitada na espreguiçadeira ao lado de Steve. O moreno se exibia pra Nancy, que estava do outro lado um pouco afastada. Era a primeira vez que ela estava dentro do círculo deles. Realmente dentro.
Elizabeth não se orgulhava de estar nele. Mas pelo menos tinha uma distração garantida. Ao invés de ter longos momentos de depreciação e tortura mental naquela casa enorme e vazia.
Por muitas vezes ela se sentia louca. Completamente louca. Como se sua sanidade se esvaisse cada vez mais. Partindo pra longe de si sem intenção de voltar.
Loucura? É um distúrbio, alteração mental caracterizada pelo afastamento mais ou menos prolongado do indivíduo de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir. É o sentimento ou sensação que foge ao controle da razão.
Era assim que se sentia na maioria das vezes. Sabia que não era normal a quantidade de pensamentos depreciativos, deprimentes e concerteza, intrusivos, que tinha. Mas não podia fazer nada em relação a isso. Seu pai nunca levaria a sério e a ajudaria a tratar aquilo. Ele apenas veria outro motivo pra destruí-la de dentro pra fora e de fora pra dentro.
Soltando um suspiro acompanhado da fumaça do cigarro, a garota se sentou na espreguiçadeira, alcançando a lata de cerveja estendida por Theo e o canivete. Achava patético fazer aquilo quando podia tomar como uma pessoa normal. Mas não era normal, nenhum deles eram. Afinal, eram adolescentes. Adolescentes burros e estúpidos.
Bebendo todo o conteúdo pelo buraco na lata, a garota pode ouvir gritinhos animados dos outros ao seu redor, amassando a lata e a jogando pra Tommy que jogou no lixo em seguida. Voltou com o cigarro nos lábios e viu Theo tirar a camisa.
Theo: bora pra água?
Perguntou pra si, e a garota deu de ombros, tirando o casaco preto grande que usava, ele batia em suas coxas e era de lã. Pertencia a Steve na realidade, mas ele não se importava com as peças que ela roubava de si. Assim que a garota tirou o casaco e revelou o biquíni que favorecia até de mais seu corpo, mais gritinhos vieram. E logo ela foi puxada e jogada na piscina por Theo que estava ao seu lado em seguida.
Puxando os cabelos molhados pra trás, Elizabeth jogou água no moreno dos olhos verdes, o vendo rir de sua cara.
Lizzie: idiota.
Ele só riu de novo. A garota se aproximou da borda da piscina, e apoiou os braços, pedindo o cigarro das mãos de Steve, que logo a entregou. Elizabeth se distraiu com seus pensamentos idiotas, até ouvir um gemido de dor que chamou sua atenção. Bárbara segurava a mão, o sangue escorrendo do corte em sua palma. O canivete deslizou quando ela tentou fazer o furo na lata.
A vendo ir pro banheiro depois de ser instruída por Steve. Até pensou em segui-la e ajudá-la, mas em segundos, todos estavam na piscina, rindo e fazendo guerra de água.
Sem perceber o rapaz que os observava na floresta. A câmera em mãos enquanto ele tirava foto de duas pessoas específicas. Nancy e Elizabeth.
Elizabeth ficava linda sorrindo daquele jeito divertido. Brincando com a água e gritando quando Theo ou Steve a pegavam no colo pra fazer graça ou empurravam água contra ela em uma quantidade enorme.
Não era a primeira vez que fotografava Elizabeth sem seu consentimento. Mas não conseguia evitar. A beleza dela era angelical de mais pra conseguir se controlar. Era como se tudo o levasse a ela. Sua câmera sempre sendo atraída em sua direção.
Se amaldiçoava por isso. Se ela descobrisse... O acharia um pervertido, um perseguidor nojento. Se seus amigos descobrissem então... Seria um escândalo. Steve concerteza surtaria e iria querer partir pra cima. Todos sabiam o quanto ele era protetor com Elizabeth. Quando se tratava dela, ele não ligava pras outras pessoas ou pra sua imagem de babaca.
Era uma das poucas coisas que gostava e invejava em Steve. Sua proteção com a garota, e o direito de ser protetor com ela.
Ele era o único em quem Lizzie confiaria de olhos fechados, bêbada, drogada ou até nua. Confiava sua vida a ele, e não sabia se isso a tornava ingênua.
Jonathan sentia que estava enlouquecendo. Tinha ido procurar seu irmão, e agora estava divagando sobre Elizabeth e tirando fotos dela. Sua crush, Nancy, sendo empurrada para fora do centro de sua atenção. Estava focado em Elizabeth. Totalmente e completamente focado na linda garota que tinha acabado de sair da piscina, dando uma ótima visão de todo seu corpo naquele biquíni preto. Ela estava tão linda aquela noite sobre as luzes da casa e da lua.
Sorrindo com o cigarro entre os lábios, enquanto puxava os cabelos molhados pra trás e olhava pros outros. Theo e Tommy tentavam fazer uma dança aeróbica enquanto os outros três riam e Lizzie apenas olhava. Eles eram patéticos e burros. Mas pelo menos a tiravam risadas genuínas com as palhaçadas que faziam.
Em alguns minutos começaram a sair, estava ficando tarde e frio. Enrolados em toalhas, o grupo começou a entrar, se espalhando pela casa. Jonathan pretendia ir embora, até perceber uma figura em uma das janelas. Era Elizabeth. Ele reconheceu imediatamente.
Elizabeth olhava a paisagem escurecida pela janela, a música suave do ambiente tranquilizando seus pensamentos. Sua mãe costumava gostar daquela música.
Seu momento foi quebrado pelas mãos em sua cintura, a aproximação masculina sendo má recebida pela garota. Ela sentiu seu cabelo ser colocado de lado, e a respiração em seu pescoço, seguida dos lábios macios.
Jonathan olhava pela lente da câmera. O incômodo preenchendo seu peito. Como ele podia toca-la assim? Como se atrevia a tentar manchar a pureza dela?
Lizzie fechou os olhos e encostou a cabeça no ombro do rapaz. Não se importava com os lábios em seu pescoço, ou as mãos em seu corpo. Ele não a fazia sentir nada de qualquer maneira. Ninguém fazia. Todos que passaram por sua cama nunca a fizeram sentir nada. Nada além de frustração.
Estava ficando louca. Porque não conseguia sentir satisfação com mais nada. Não sentia prazer. Tesão. Nada. Tudo que sentia era aquele vazio que a enlouquecia.
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Always you - J.B
FanfictionSempre você. Todos sabiam que a rainha da Hawkins high School não era como os amigos que a cercavam. Lizzie não tinha nada em comum com Carol, Tommy e todas as outras pessoas que insistiam em fingir serem seus amigos por popularidade. A única pessoa...