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1983


"Maturidade tem mais a ver com o tipo de experiência que você teve na vida, do que com quantas velas você apagou."



As vozes dos adolescentes estavam dando dor de cabeça em Elizabeth. Ela estava esperando Nancy para poderem procurar os outros. A Wheeler estava preocupada com Bárbara, e como Elizabeth parecia ser a única a se importar com as pessoas de verdade, foi a escolhida pra ajuda-la. Elizabeth gostava da Wheeler, apesar de a conhecer pouco.

Quando a Wheeler desligou o telefone e voltou a se aproximar da O'hara, as duas garotas andaram até onde os amigos deveriam estar. No estacionamento.

Acabaram encontrando o grupo incomodando Jonathan Byers. Eles tinham fotos na mão, e Elizabeth rapidamente entendeu.

Nancy: que que tá acontecendo?

Perguntou olhando pra eles confusa, Elizabeth ao seu lado olhou pro melhor amigo.

Tommy: olha aí a grande estrela... As grandes estrelas né.

Nancy: o que?

Carol: esse cara tava espionando a gente ontem a noite... Acho que ele ia guardar essas aqui pra depois.

Entregou duas fotos pra dupla. Uma de Nancy, e outra de Elizabeth. A de Elizabeth estava muito mais exposta e aproximada. Como se quisesse pegar todos os detalhes dela. As duas olharam pro Byers que evitou o olhar.

Steve: aí, dá pra ver que ele sabe que isso foi errado mas... Esse é o maior problema dos pervertidos. Isso tá entranhado neles... Eles... Não conseguem evitar. 

Começou a rasgar as fotos, enquanto Tommy ria como o idiota que era. Era desprezível.

Steve: então... Ele vai ter que perder o brinquedinho.

Nancy: Steve.

Jonathan: não por favor! A câmera não.

Tentou se aproximar mas Tommy o parou.

Steve: não não espera aí... Tommy espera. Tudo bem.

O fez parar e segurou a câmera do outro, a estendendo pra ele.

Steve: pega aqui cara.

Jonathan foi pra pegar mas Steve a derrubou.

Steve: vambora... O jogo vai começar.

Se afastou e os outros o seguiram, menos Elizabeth e Nancy. As duas se abaixaram pra juntar as fotos, e o rapaz fez o mesmo, pegando a câmera. Nancy pegou a foto da Bárbara e seguiu os outros. Steve nem fez questão de chamar Elizabeth, sabia que ela só sairia de lá depois de ajudar o rapaz. Era boa de mais pra eles.

Jonathan: me desculpa...

Pediu baixo e a mais velha o olhou, ele ainda evitava seu olhar.

Lizzie: se você não me olha nos olhos como posso confiar que suas desculpas são sinceras?

O mais novo levantou o olhar pra ela. Estava com medo de encontrar o mesmo olhar de Steve. Nojo. Mas tudo que encontrou foi a suavidade característica da mais velha.

Jonathan: sinto muito... Por ter tirado as fotos.

A garota concordou com a cabeça.

Lizzie: tudo bem. Desculpado.

Olhou pra uma das fotos em sua mão, sempre ela como o centro delas.

Lizzie: posso perguntar o por que?

Jonathan: perdão?

A olhou confuso.

Lizzie: perdoado. Mas enfim. Por que tirou as fotos?

Jonathan: eu... Não sei... Foi um impulso.

A mais velha assentiu, juntando as fotos em suas mãos.

Lizzie: entendo. É um impulso artístico... Capturar tudo que achamos interessante e belo.

Jonathan: sim... Você... Entendeu.

A olhou confuso e ela sorriu dando de ombros.

Lizzie: está admitindo indiretamente que me acha interessante e bonita?

O rapaz engasgou, seu rosto esquentando enquanto a mais velha ria.

Lizzie: estou brincando.

Se levantaram e a garota o olhou.

Lizzie: não faça mais isso.

Jonathan: não vou.

A mais velha suspirou e cruzou os braços.

Lizzie: vou ficar com isso.

Ergueu as folhas e o rapaz apenas assentiu.

Lizzie: até depois Jonathan.

Ela tocou o ombro dele levemente, antes de sair dali e ir a procura dos amigos. Deixando um Jonathan pensativo pra trás. Elizabeth... Elizabeth era uma incógnita pra si. Ele não a entendia, por mais que tentasse. Incógnita? É o que não se pode determinar, não se conhece ou é impossível de se conhecer.

Nancy: tem algo errado.

Estavam na casa de Steve, procuravam por algum sinal de Bárbara mas não encontraram nada além de seu carro. Nancy seguiu um barulho, entrando na floresta, em minutos ela voltou assustada, esbarrando em Elizabeth que a segurou.

Lizzie: ei... Viu alguma coisa?

A Wheeler olhou pra floresta e depois voltou a olhar pra mais velha.

Nancy: não... Eu não sei... Foi como um vulto.

A mais velha franziu o cenho, olhando pra floresta em seguida.

Nancy: acho melhor irmos embora.

Puxou Elizabeth pela mão, e as duas saíram no carro da mais velha.

Lizzie: quer que eu te deixe em casa?

Nancy: sim, por favor.

Foram em silêncio até lá, e Elizabeth percebeu os olhos marejados da mais nova quando desceu do carro e entrou na casa. Encostando a testa no volante, a garota suspirou. De repente tudo parecia mais agitado em sua vida. E as coisas pareciam que só piorariam mais.

Enquanto dirigia de volta pra casa, pode ver os carros da polícia e ambulância seguindo pra pedreira. Já sabia o que era, e seu coração se apertou com aquilo. Não sabia o que era perder um irmão, mas sabia como era perder alguém muito próximo. Que amava muito.

Elizabeth adentrou sua casa novamente, o ambiente escuro e gélido. Vazio. Lar doce lar. Riu em escárnio. Fez a pizza congelada, e comeu. Sozinha. Enquanto olhava pra sala escura. Assim que terminou de comer, olhou pra caixa em cima do balcão e suspirou. Por que tinha comprado aquilo?

Uma incógnita. Era o que Jonathan Byers era pra Elizabeth O'hara. Assim como ela era pra ele.








Outro capítulo porque eu tô ansiosa pra terminar de postar a primeira parte. A segunda ainda não tá terminada, então pode demorar um pouco mais pra ser postada.
Enfim, é isso. Bom resto de semana e até domingo.











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