World cup

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Onde S/n e Louis estão hospedados no mesmo hotel durante a copa do mundo.

O conceito de copa do mundo para mim costumava ser churrascos em família, uma televisão ligada no volume máximo e tios bêbados escandalosos. Mas esse ano está sendo completamente diferente do convencional. Me encontro agora no Catar, vulgo país que irá sediar a copa de 2022.

Meu pai sempre quis vivenciar uma copa, então ele vem planejando essa viagem há tempos. Viemos em um grupo relativamente grande, constituído pelos meus tios, minhas primas, minha avó, meu irmão, meus pais e eu obviamente.

Gostei bastante do hotel escolhido, o local é bem arrumado e se encontra repleto de turistas por conta da alta temporada. Os quartos daqui possuem espelhos com bordas de bronze, logo o detalhe me chamou atenção, tanto que estou o encarando nesse exato momento.

— Tem como você parar de encarar sua belezura e vir me ajudar a escolher uma roupa decente?— Minha prima pediu enquanto colocava suas opções de vestes em cima da cama. Nós duas vamos dividir o quarto durante a hospedagem.

— Eu não estava...— Iniciei preparada para explicar que meu foco não era no reflexo, entretanto acabei desistindo.— Enfim, mostra aí.— Instiguei soltando um suspiro cansado ao me aproximar da mesma.

— Tem essa camisa do Brasil tradicional.— Disse erguendo a fim de ver melhor.— Essa versão azul da seleção.— Acrescentou fazendo o mesmo gesto.— E esse cropped verde e amarelo.— Concluiu mostrando a última opção, que na minha humilde opinião é um pouco vulgar.

— Vou com a tradicional mesmo.— Afirmei querendo influenciá-la ao apontar na direção da minha camisa estendida no guarda-roupa.

— Acho que vou de cropped então.— Falou praticamente se decidindo.— Tudo mundo vai estar com essa camisa, quero ser diferenciada.— Explicou convicta. Ela e sua síndrome da exclusividade.

— Que frescura, Betina.— Falei me jogando sobre a cama propositalmente.— Seremos pontinhos minúsculos no meio de uma multidão de torcedores.— Relembrei o óbvio revirando os olhos.

— Correção, somos brasileiras num hotel repleto de estrangeiros bonitões.— Constatou maliciosa.— Eu que não vou perder a oportunidade de pegar um gringo.— Garantiu guardando as outras roupas.

— Preciso lembrar que você tem quinze anos?— Questionei rindo ironicamente após escutar sua fala. Betina é dois anos mais nova que eu, apesar de não parecer.

— E o que tem demais nisso?— Indagou franzindo o cenho.— Estou na idade de curtir mesmo.— Afirmou persistindo na ideia proposta por si mesma.

— Ainda bem que seus pais estão bem longe daqui, né?— Falei utilizando sarcasmo. O quarto deles é literalmente vizinho ao nosso.

— Para de ser careta, S/n.— Me repreendeu jogando um travesseiro em mim.— Inclusive você tá precisando mais do que eu.— Disse deixando a feição debochada.

— Sabe do que eu preciso?— Indaguei dando uma intonação despreocupada.— Dormir.— Completei agarrando o travesseiro que ela havia jogado.

— Nada disso!— Exclamou impaciente.— Precisamos ficar prontas em duas horas! Vão nos matar se chegarmos atrasadas na recepção.— Comunicou prevendo um cenário pessimista.

— Quem demora pra se arrumar é você.— Esclareci convencida.— Ainda tenho uma hora de sono.— Falei me cobrindo com a colcha da cama e fechando meus olhos em seguida. Escutei alguns murmúrios de Betina, contudo adormeci com facilidade. Dezoito horas de voo derruba qualquer um.

(...)

Acordei com Betina me infernizando para agilizarmos no processo de ficarmos prontas. Vesti minha camisa do Brasil e um short jeans por conta do calor. Minha prima realmente optou pelo cropped, acompanhando um short de cintura alta.

𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦 Onde histórias criam vida. Descubra agora