Best friend's boyfriend (part 2)

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Faz um mês que a minha vida mudou de cenário completamente. Não sou mais a garota que se submete a tudo para sustentar uma amizade. Aos menos aquela experiência traumática serviu para me ensinar algo, uma amizade de verdade jamais desconsidera seus sentimentos e te faz passar por angústias constantes.

Continuar vendo Millie todos os dias na escola é torturante, não só pelo fim de qualquer vínculo que tínhamos, mas também porque ela espalhou para todos que eu fiquei com o namorado dela. A mentira chega a ser o de menos, dói mais perder a idealização de alguém que eu considerava.

Louis seria mais fácil de evitar seguindo a lógica dele estudar em outro turno, isso se ele não ficasse vindo atrás de mim na saída. Por eu estudar de manhã, minha aula acaba duas horas antes da dele começar. Sim, ele chega cedo de propósito.

Óbvio que eu não dei a mínima abertura, fiz de tudo para ignorá-lo. Pedi para os meus pais me colocarem em uma condução, assim tenho como sair da escola no instante que sou liberada. Essa vem sendo minha melhor estratégia de fuga, caso contrário eu teria que aguentar Louis me infernizando. Se bem que das últimas vezes ele não apareceu, deve ter ficado nítido que não faria diferença me esperar com eu saindo no mesmo segundo. Glória, quem sabe nem precise mais de condução.

Só tem um problema... O livro que eu peguei na biblioteca está na data limite, ou seja, preciso devolver para não levar multa. Deixei para última hora porque eu não queria ficar na escola por motivos óbvios. A biblioteca só abre de tarde, por isso os alunos da manhã ficam depois da aula quando querem algum livro.

Tento focar no fato de Louis não ter me esperado hoje, porém tenho receio de trombar com ele. Enfim, uma hora ou outra eu preciso entregar esse livro, pelo menos fazer isso agora me poupa de manchar minha ficha de assiduidade.

Entrei no ambiente como se estivesse devendo, olhei para todos os lados procurando ter certeza de que um certo alguém não estava ali. Fui me aproximando da bancada da bibliotecária, que até então não havia notado minha presença.

— Olá.— Cumprimentei atraindo sua atenção.— Vim trazer o livro.— Anunciei o erguendo ao pôr acima da bancada. Senhora Jess me encarou intrigada.

— Estranhei sua demora.— Confessou pegando o livro para computar a devolução.

— É... Eu não tive tempo de vir.— Me justifiquei sem graça, preferindo não expor detalhes.

— É o que todos dizem.— Contestou rindo de canto fingida.— Vai levar mais algum?— Questionou terminando de digitar o necessário.

— Na verdade eu estou meio apressada.— Assumi persistindo na ideia de não dar chance ao azar.

— Por quê? Você já não está aqui?— Simplificou prestativa em desempenhar seu trabalho.— Vi que o professor de filosofia do segundo ano passou um livro essa semana.— Comentou me deixando sem saída.—Você é do segundo, não é?— Presumiu certeira.

— Sou.— Confirmei infeliz com a notícia.

— Então deixa eu ver no sistema.— Avisou voltando a mexer no computador, em instantes certificando o que dizia.— Aqui, Confissões de Santo Agostinho.— Repassou o nome direta.— Fica na última sessão.— Informou as coordenadas aguardando que eu fosse. Agr, não tenho escolha, me recuso a sair como irresponsável.

— Ok, obrigada.— Agradeci falsa enquanto saia controlando minha insatisfação. Percorri as sessões decidida em ser prática, portanto não demorei para entrar na última e procurar o bendito livro.— Confissões...— Pensei alto analisando as prateleiras até o fim do corredor. Parei de andar apenas quando percebi estar vizinha a janela.

𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦 Onde histórias criam vida. Descubra agora