𝗰𝗶𝘁𝗿𝗶𝗻𝗼, 𝗍𝗈𝗄𝗒𝗈 𝗋𝖾𝗏 [✓]

ㅤ ㅤ 𝘁𝘄𝗲𝗻𝘁𝘆 𝗼𝗻𝗲, 𝖾𝗆𝗆𝖺 𝗌𝖺𝗇𝗈

❝ANGEL SENT FROM HEAVEN❞ + emma sano ( sfw )

+. content warnings - afab-reader, morte de personagem, hospital, luto, angústia para conforto, strangers to friends to lovers, romance sáfico, leitor x emma x draken no final, sem revisão

+. synopses - durante uma das visitas dos irmãos sano à mãe deles no hospital, emma acaba conhecendo alguém que não só mudaria sua vida, como se tornaria uma parte essencial dela

+. dedicated to - Hyanaauzaia

cr imagem: kurosaaki (tumblr)

As memórias daquele dia eram tão claras quanto o sol poderia ser, até porque seria impossível para você não se lembrar da forma como entrou desesperada dentro do hospital, os olhos embaçados devido as lágrimas que os rechearam, as mãos tremendo devido ao seu mais puro medo e terror, completamente desamparada, o que atraiu a atenção de muitos daqueles que aguardavam na sala de espera, sendo um grupo deles envolvendo três irmãos - confusos e curiosos.

As palavras correrram sem qualquer controle de sua boca, implorando para saber a atual situação de uma amiga de longa data, (n/amiga), que parecia ter sofrido um acidente enquanto caminhava até a escola. Naquela época do ano, por se tratar do inverno, as ruas estariam escondidas por um longo manto branco de neve e isso, consequentemente, tornou o movimento de qualquer automóvel pelas estradas um perigo eminente e para a infelicidade não só da amiga, como do motorista, ocasionou nesse terrível desastre, que acabou resultando nos piores resultados para ambos os lados.

⸺ Eu sinto muito, mas a (n/amiga) não conseguiu resistir aos ferimentos.

A dor de cabeça que a atingiu foi algo mínimo comparado ao grande buraco que se formou em seu peito. Você quis que aquilo fosse apenas um sonho, um sonho muito ruim e que assim que despertasse, lá estaria ela, sorrindo e brincando com seu cabelo como se nada tivesse acontecido. Como se apenas elas duas existissem naquele mundo.

Mas não, era tudo real, e não havia mais nada para ser feito.

Você não se lembra muito bem do que ocorreu após a notícia, mas ao acordar dentro de um dos quartos com uma máquina de batimentos cardíacos ligado e conectados em seu corpo, supôs que pudesse ter desmaiado devido o choque. E então, não demorou para que as lágrimas retornassem mais uma vez, descendo pelas maçãs de seu rosto como duas lindas - mas trágicas - cachoeiras, pingando contra o tecido fino do lençol que cobria o restante de seu torso.

Os irmãos de antes, que tinham assistido toda a situação, decidiram por aguardar mais um tempo no prédio até que você acordasse e estivesse disposta a receber visitas. A garota do trio, que mais tarde você reconheceu como sendo Emma Sano, fora muito insistente na recepção para que a conversa entre vocês quatro acontecesse, e acabou os vencendo por desistência, e certamente foi algo que mudou tudo para você.

Quando ela atravessou a porta do quarto com um sorriso gentil e com as mãos segurando um pequeno buquê de crisântemos, foi como se um entre milhares de anjos tivessem surgido em seu caminho. Emma conversou com você alegremente, te levando até mesmo a esquecer por um curto momento, aquela dor impactante que te levara até aquele quarto e quando ela partiu, tudo parecia ter um gosto ainda mais amargo.

As lágrimas e o choque de realidade caiam mais uma vez sobre seus ombros naquele dia, mas não tão intenso como anteriormente, graças aos sorrisos que a bela moça loira não exitou em compartilhar com você.

E foi uma surpresa agradável descobrir que aquela não seria nem mesmo a última interação entre vocês.

Foi na biblioteca do centro de Shibuya que seus olhares se cruzaram novamente, quase dois meses após o acontecimento trágico no hospital. Você ainda estava seguindo firmemente em sua vida após a perda, e a saudade que sentia por (n/amiga) coexistiria para sempre com todas as suas demais emoções e experiências, assim como Emma sempre coexistiria com as próprias lutas e ali, naquele corredor lotado por livros de contos clássicos, seus problemas pareceram se intrelaçar quase que instantaneamente.

A conversa se estendeu por longas horas, acompanhada por risadas - e extensos olhares nem um pouco alegres da bibliotecária, os assuntos variando sobre os ocorridos após o encontro na ala hospitalar e sobre os irmãos da Sano. Era engraçado a forma como a mesma gesticulava sempre que o nome deles era mencionado na conversa, sendo muitas vezes algumas caretas e olhares ardendo em admiração por eles. Estes mesmos olhares que te deram um embrulho no estômago pelo quão expressivos eles se tornavam quando a mesma abria a boca, sendo bastante semelhante às expressões feitas por (n/amiga).

Será que um dia você ainda teria alguém que exibiria esse mesmo brilho, ou animação, ao pensar em você mais uma vez?

Apenas esse simples pensamento te fazia querer chorar, mas que culpa você tinha? Ter esses pensamentos não era propositais e se pudesse evita-los, você o faria com prazer. Mas a rapidez com a qual Emma te tirava desse pequeno mundo solitário era algo a ser apreciado.

E então, as semanas foram se passando e mesmo que as visitas dos irmãos Sano ao hospital tenham se tornado quase nulas, dado que a matriarca da família perdera a grande guerra contra sua doença, Emma ainda fazia questão de aparecer diante de seus olhos e exibir seu doce sorriso e palavras desenfreadas, muitas agora sendo sobre um amigo novo de seu irmão. Isso te irritava de certa forma, porquê ela quase sempre falava de como ele era bonito e misterioso, nada além disso que poderiam te fazer ter qualquer empatia pelo garoto. E quando você saiu daquele lugar, a loira estava lá, esperando ansiosamente para te levar para sair e foi só então que a sua ficha caiu: vocês duas não iriam se separar tão cedo.

Mesmo após anos, era engraçado pensar que o laço que vocês construíram se iniciou por causa de um momento tão traumático e que sua mente não se permitia imaginar um futuro sem tê-la ali ao lado. Seja em sua derrotas ou vitórias, Emma era seu amuleto da sorte. E mesmo que você não conseguisse a oportunidade de tê-la como sendo unicamente sua, você agradecia aos deuses por permitirem que o laço de vocês se estendesse ao amor que compartilham com o, até então, marido de vocês, Ken Ryuguji e o pequeno bebê que carregava em seu ventre.