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Assim que cheguei ao restaurante e vi os amiguinhos todos da Emma percebi que o almoço não ia correr nada bem. Para mim.

Estavam todos sentados à volta de uma mesa retângular. Emma "convidou-me" a sentar-me ao seu lado, na ponta da mesa. À frente dela estava Eve e à minha estava Luke.

Eu estava com tanto medo do que a Emma pudesse fazer. Não comi nada toda a manhã mas todos aqueles nervos roubaram-me o apetite.

- Para que é mesmo este almoço? - perguntei.

- Como assim para quê? Para estarmos juntos, a festejar a nossa amizade - respondeu Mackenzie, uma das amigas mais próximas de Emma.

Qual amizade?! Eu não sabia o nome de metade das pessoas que ali estavam. Mas é óbvio que ela não ia dizer que estavam todos ali para ajudar a Emma a mostrar-me porque não lhe devo desobedecer.

Entretanto, fizemos os nossos pedidos e eles chegaram rapidamente, pelo que todos começaram a devorá-los.

- Então Eve, tinhas algum princípe encantado lá na Irlanda? - perguntou uma rapariga que não me lembro como se chamava.

- Não, nem por isso. Eu preferi concentrar-me mais nos estudos - respondeu ela, provocando alguns olhares de gozo.

- E tu Lukey?

- Não, eu não tinha nenhum princípe encantado - respondeu ele.

Todos se riram da resposta dele. Eu forcei apenas um sorriso.

- És mesmo parvo. Diz lá, se havia alguma miúda sortuda? - perguntou Emma, desta vez.

- Não, havia várias. Ningúem conseguia resistir ao meu charme, mas eram meras curtições para mim. Nada sério.

Que convencido. Miúdo estúpido. Ninguém precisava de saber da sua coleção de raparigas usadas. Se ele soubesse o nojo que me meteu quando disse isto. Como é que ele era capaz de andar metido com tantas?

De repente, apercebi-me de um olhar entre a Emma e a Mackenzie e percebi que era agora a minha vez de sofrer.

- Hey, Carol, e tu? Como foi a tua...primeira vez? - perguntou Mackenzie.

A minha cara começou a arder e a minha respiração descontrolou-se. Então era este o jogo da Emma?

- Eu...eu...foi...- tentei falar.

- Não me digas que nunca houve uma primeira vez! - disse, abrindo muito os olhos.

- Humm... não - murmurei, reparando no maxilar de Luke a abrir ao máximo.

- Querida, tens quase 18 anos, qual é o teu problema?

- Não tenho problema nenhum - disse, zangada.

- Tens a certeza?

- Mack, ela ainda nem deu o primeiro beijo, como queres que já tenho ido para a cama com alguém? - meteu-se Emma.

Todos soltaram uma grande gargalhada, exceto Eve que se mostrava preocupada e Luke que agora ainda tinha uma expressão mais espantada.

- Oh Caroline, és a maior anedota de sempre. É melhor ires ao médico ver o que é que está errado aí - disse um rapaz louro que nunca tinha visto.

As lágrimas formavam-se nos meus olhos a cada palavra que ouvia. Será que havia mesmo alguma coisa errada em mim?

- Mas já ouvi falar de uma certa história numa casa de banho. É mesmo verdade? - perguntou Emma, causando ainda mais risos.

Não aguentei mais. Ela prometeu nunca contar aquilo. Ela prometeu guardar os meus segredos em troca do favor. E eu tenho cumprido esse favor com toda a minha alma. Ela não me pode fazer isto.

Levantei-me e saí a correr com rios de lágrimas a jorrarem dos meus olhos. Eve veio a correr atrás de mim, chamando o meu nome, mas não parei até já estar longe o suficiente para poder libertar toda a minha mágoa.

Fui parar a um parque e sentei-me em frente a um pequeno lago, chorando como nunca chorei.

- Carol! - chamou Eve, ofegante da corrida.

Sentou-se a meu lado e abraçou-me com muita força, apertando-me mas confortando-me.

- Não chores, Carol. Não ouças o que eles dizem.

- E se há mesmo alguma coisa errada comigo? - perguntei a soluçar.

- Claro que não há. Tu és perfeitamente normal.

- Tu não sabes, Eve. Tu mal me conheces.

- Caroline, olha para mim - disse, fazendo-me encará-la. - Não há nada errado em ti. Eles é que têm alguma coisa errada por não verem o quão fantástica tu és. Eu posso não te conhecer muito bem mas sei que ninguém gosta de ser gozado daquela forma. E além disso, desde quando é que é errado esperar pelo tal que nos fará a rapariga mais feliz do mundo?

- Tu também nunca...beijaste um rapaz? - perguntei mais calma.

- Não. E também não estou muito preocupada com isso porque sei que quando fôr o momento, ele chegará e eu estarei à espera. E tu devias fazer o mesmo.

- É que não é só isso. Há mais segredos em jogo.

- E eu vou fazer de tudo para te ajudar a mantê-los apenas segredos. Mas agora não te quero ver assim. Eles não merecem que estejas assim por causa das suas palavras maldosas. Eles têm apenas inveja de nunca virem a ser tão boas pessoas como tu és - disse ela, confortando-me.

- Prometes nunca me deixar?

- Eu prometo, princesa - disse ela abraçando-me de novo.

Algum peso saiu dos meus ombros depois desta conversa. O meu corpo estava mais relaxado e as lágrimas já tinham parado. Se fosse com outra pessoa, nunca teria deixado transparecer toda esta vulnerabilidade mas a Eve deu-se ao trabalho de correr atrás de mim, ouvir os meus desabafos e acima de tudo não julgou qualquer ato meu, e isso merece a minha atenção e confiança.

- Obrigada - sussurrei contra o seu cabelo.

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N/A:

Olá meus amores.

Capítulo 10 para vocês!! Espero que estejam a gostar da Exchange. Eu estou a adorar escrevê-la.

Quero deixar um obrigado muito grande a todos por contribuirem para o crescimento desta história.

Muito Obrigada

heart_in_love.

Exchange • l.h. •Onde histórias criam vida. Descubra agora