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- O que é que é suposto fazer agora? - perguntei, um pouco aborrecida.

Estávamos os dois sentados na minha cama, de costas um para o outro, de olhos vendados.

- Tu podes fazer-me 20 perguntas sobre tudo o que quiseres - ele começou a explicar. - Podes perguntar o que te apetecer, só não podes passar das vinte. Depois de cada pergunta que me fizeres será a minha vez de te fazer uma pergunta a ti. Percebeste?

- Sim. E como sei que não me vais mentir?

- Eu prometo, com todo o meu coração, responder a cada pergunta que me fizeres com a verdade e nada mais que a verdade. Agora é a tua vez de prometeres.

- Eu prometo, com o meu coração, responder a todas as perguntas que me fizeres com a mais pura das verdades.

Eu não tinha bem a certeza se esta promessa era uma boa ideia, mas se era a única forma de saber mais coisas sobre ele, então acho que não devia haver problema.

- Pronto. Podes começar - disse ele.

- Primeiro. Que idade tens? - isto pareceu estúpido, mas eu não sabia jogar este jogo, foi a primeira coisa que me veio à mente.

- 18. Chumbei no 7° ano. Tu?

- 17. De onde vens?

- Austrália.

Wow. Isso é bastante longe. Eu já tinha reparado no seu sotaque mas não tinha percebido de onde é que ele era.

- Minha vez - disse ele. - Cor favorita?

- Lilás. E a tua?

- Preto.

- Preto não é cor - reclamei.

- É sim.

- Não, não é. É a mistura de todas as cores.

- Como queiras. Para mim é uma cor e é a minha favorita. Próxima pergunta: número da sorte?

- 7. Qual é o teu? - perguntei.

- 7, também.

- Quem diria que íamos ter alguma coisa em comum - comentei, um pouco surpreendida.

- Qual é a tua comida favorita? - perguntou Luke.

- Tudo o que seja comida italiana. E a tua?

- Chocolate.

Soltei uma pequena gargalhada com a sua resposta e senti-o rir também.

- Qual é a tua disciplina favorita? - perguntou.

- Matemática. E a tua?

- Física. Que profissão gostavas de ter no futuro?

Pensei um pouco na resposta que ia dar para a seguir responder:

- Advogada.

- Eu perguntei o que gostavas de ser, não aquilo que os teus pais querem que tu sejas.

Fiquei em silêncio. Era suposto isto ser um segredo que mais ninguém soubesse.

- Tu prometeste... - relembrou-me ele.

- Eu gostava de...trabalhar como compositora numa empresa discográfica importante, para poder partilhar as minhas letras com toda a gente - revelei. - Porque chumbaste no 7° ano?

- Tive um distúrbio por causa de problemas familiares. Porque nunca mostras a tua música a ninguém?

- Os meus pais não gostam que eu me interesse por música. Eles não aceitam que goste tanto de tocar piano. Por isso, eles nem sabem que componho. E se eu contasse a mais alguém, isso também não ia trazer nada para a minha vida. Por isso, fica só entre as quatro paredes do meu quarto.

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