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Estávamos os quatro sentados no grande tapete do meu quarto a dedicar algum tempo à Física. Com a ajuda de todos eu estava finalmente a perceber aquela matéria.

- Então, no final, a quantidade de energia que resta...

- Caroline, o que é que se passa aqui? - ouvi alguém dizer, interrompendo o meu raciocínio.

Virei-me e vi que tinha sido a minha mãe a entrar no quarto sem sequer bater à porta.

- Estamos a estudar - afirmei, com uma ligeira ponta de arrogância.

- Ah! - ela afirmou, surpreendida. - Eu ouvi vozes cá em cima e pensei...

- Sim, mãe, eu sei o que tu pensaste. Agora se não te importas, deixa-nos estudar.

- Claro. Os teus amigos ficam para almoçar?

- Sim - eu respondi e ela saiu do quarto, fechando a porta.

- O que é que foi aquilo? - perguntou Eve.

- Aquilo o quê? - perguntei.

- A forma como falaste com a tua mãe. Não costumas falar assim com ela. Aconteceu alguma coisa?

Soltei um longo suspiro de tristeza e contei tudo o que tinha acontecido na noite anterior. Algumas lágrimas apareceram nos meus olhos mas eu fiz um esforço para não as deixar cair. Luke apercebeu-se disso e colocou o seu braço à volta dos meus ombros, puxando-me para si.

- Wow! - Michael exclamou. - Acho que foram um bocadinho longe demais ao baterem-te.

- Sim, nunca pensei que eles fossem capazes de o fazer - afirmou Eve.

- Mas foram e não foi a primeira vez. De qualquer das formas, eu também já estou habituada à exigência e à rigidez deles. Mas, não quero falar mais disto. Vamos mudar de assunto.

- Sim, vamos. Falem de vocês - pediu a minha amiga irladensa. - Não sabia que já estavam numa situação tão...avançada.

Eu e o Luke olhámo-nos antes de eu responder.

- E não estamos. Ainda estamos apenas no início.

- E vocês? - perguntou o Luke, apanhando-os despercebidos.

- Nós? Como assim nós? - perguntou Eve, mais vermelha que um tomate.

- Nós sabemos que há aí qualquer coisa. Não precisam de esconder - disse eu.

Michael olhou para Eve e aproximou-se dela.

- Vamos contar-lhes - ele sussurrou-lhe. - Eles são os nossos melhores amigos.

Será que ele sabia que nós estávamos a ouvir tudo?

- Michael, tu definitivamente não sabes sussurrar - constatou Luke, como se tivesse lido os meus pensamentos. Ele olhou para nós e lançou-nos um olhar de morte, para logo a seguir soltar uma gargalhada. - Vá, contem lá de uma vez por todas.

Michael colocou o braço à volta da cintura de Eve e disse finalmente:

- Nós também estamos juntos.

Eu comecei a bater palmas de felicidade.

- Nós sabíamos! - exclamei.

Eve sorriu e abraçou-se à cintura do Michael, que por sua vez lhe beijou a cabeça.

- Agora vamos ter que fazer saídas a quatro - disse o Michael.

- Talvez lá mais para a frente - disse eu, lembrando-me da situação com os meus pais. - Dúvido que os meus pais agora me deixem sair.

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