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Subi as escadas a correr o mais rápido que as minhas pernas me permitiam.

- Carol? Está tudo bem, querida? - ouvi a minha mãe perguntar do andar de baixo.

Não gastei o meu precioso tempo a responder-lhe. Era tempo indispensável. Corri o quarto todo, atirando roupa para o chão, lançando almofadas pelo ar, tudo para tentar encontrar o papel que o Luke deixara na minha janela e que continha as informações sobre o voo dele.

Fui encontrá-lo perdido debaixo da cama. Agarrei-o e desci de novo para a sala tão rápido como tinha descido.

- Carol, o que foste fazer? - a minha mãe questionou de novo. E de novo não lhe respondi.

O meu coração batia rapidamente de aflição e os meus pensamentos voavam à velocidade da luz.

Passei os olhos pelo ecrã da televisão e foquei de novo o papel nas minhas mãos. Eu rezava para que não fosse verdade, mas acabei por confirmar o que mais temia.

A notícia que passava era sobre a queda de um avião, pouco depois de descolar, devido a um problema nos motores.

120 mortos
25 desaparecidos
56 feridos

E o pior de tudo: Luke estava dentro daquele avião.

- Mãe... - chamei num sussurro enquanto as lágrimas começavam a cair pelo meu rosto. - Mãe, aquele era o avião do Luke.

- O quê? - ela exclamou.

- Como assim? - o meu pai perguntou, também alarmado.

- O Luke ia visitar a mãe hoje e aquele era avião dele - respondi muito rápido, em pânico.

- Tens a certeza? Como sabes isso?

- Sabendo, pai! O Luke disse-me. E agora ele está ali - gritei, apontando para a televisão. O ar começava a faltar e eu não conseguia controlar a minha respiração. Isto era tudo culpa minha.

- Filha, tem calma. Tens a certeza que o Luke entrou no avião? Ele pode-se ter atrasado e perdido o voo - a minha mãe sugeriu, passando a mão pelo meu cabelo para me tentar acalmar. Não estava a resultar.

Mas surgiu uma réstia de esperança quando ela falou.

- Vou ligar ao Calum - afirmei.

Tentei marcar o número dele rapidamente mas as minhas mãos não paravam de tremer e só consegui acertar no número após várias tentativas.

- Olá, Caroline - a voz de Calum apareceu do outro lado do telefone.

- Calum, o Luke está aí? - perguntei, sem rodeios.

- O Luke? Não, ele foi para a Austrália hoje - ele respondeu e senti uma batida mais forte no peito.

- Tens a certeza? Ele não perdeu o avião?

- Tenho, até fui eu que o levei ao aeroporto e fiquei lá até ele entrar no avião. O que é que se passa, Carol?

- Está a dar uma notícia de última hora na televisão sobre a queda de um avião. E o avião que caiu era o do Luke - expliquei, tentando controlar o choro em vão.

Calum não disse nada durante alguns segundos. Provavelmente pensava que tinha ouvido mal o que eu lhe dissera, ou então estava a assimilar a notícia. Nesses silenciosos segundos, só a sua respiração era audível, e essa estava a acelerar à medida que o pânico o atingia.

- Oh meu Deus, não pode ser... - Calum murmurou, em choque. - Nós temos que ir já para o hospital. Lá devem dar-nos todas as informações.

Verificámos para que hospital é que as vítimas estavam a ser levadas, desliguei a chamada e apressei os meus pais a saírem de casa.

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