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- Podes começar a contar!

- Carol, tem calma, estás a magoar-me - Calum queixou-se, uma expressão de dor na sua face. Só nesse momente me apercebi da força que a minha mão exigia no seu antebraço enquanto eu quase o arrastava para o meu quarto.

- Desculpa - apressei-me a dizer, soltando o seu braço, e fechei a porta atrás de mim assim que entrámos no quarto. - Agora já me podes contar?

Estava realmente preocupada com o que ele me poderia contar nos próximos minutos. A minha vida praticamente dependia do que aconteceu há uns anos atrás e eu estava profundamente arrependida por ter feito o que fiz. Pelo menos até hoje.

- Senta-te aqui - ele agarrou a minha mão e puxou-me para me sentar ao seu lado na cama. - Eu nem sei por onde começar, foi tudo tão rápido. Eu fui almoçar com a Emma e ela começou a falar de um rapaz, um tal Troy. Conheces?

O meu coração apertou-se ao ouvir aquele nome. Pouco sabia sobre o rapaz mas ele fazia parte de memórias que eu não gostava de recordar.

Abanei a cabeça afirmativamente para ele continuar.

- Pelo que ela me contou, eles conheceram-se numa festa. Ele andava à procura de droga e ela à procura de alguém para humilhar, mas com quem pudesse contar sempre para fazer o que ela quisesse. Então, a Emma vendeu droga a esse rapaz e, em troca, ele fazia-lhe um favor - ele revelou, apanhando-me de surpresa. Eu sabia que a Emma não era nenhuma santa, mas traficar droga era mau demais. - Na primeira festa a que tu foste, aquela festa de receção aos alunos, a Emma viu como estavas perdida naquele ambiente desconhecido e decidiu que tu serias a vítima dela. E foi a altura certa para o Troy fazer o favor que lhe devia. Ela pediu-lhe para ir para a casa de banho das raparigas, fingir que estava bêbado...

- ... e tentar despir-me, para que ela pudesse aparecer depois como a salvadora do dia e eu lhe ficasse eternamente grata - finalizei revoltada, chegando à amarga conclusão do que realmente se passara naquela noite. - Como é que eu pude ser tão burra!

- Não digas isso, tu não és burra. Qualquer um teria acreditado nela se estivesse na mesma situação que tu - Calum tentou reconfortar-me. - Mas... não é só isto.

- Oh, ainda há mais? Em quantas mais armadilhas é que eu caí? - perguntei, num misto de raiva e espanto.

- Depois, houve a segunda festa. Tu ainda não confiavas totalmente na Emma, mas ela estava decidida a ter-te nas mãos dela. Ela arranjou-te uma bebida com uma substância que te fez desmaiar, mas fez questão de que tu desmaiasses na casa de banho e só depois de teres visto outra rapariga lá entrar. Lembras-te do que viste quando acordaste?

- Claro, fiquei completamente aterrorizada. Estava uma miúda deitada à minha frente, cheia de cortes nos braços e nas pernas. E eu tinha uma garrafa de vodka vazia numa mão e uma navalha ensanguentada na outra. No princípio, pensei que estava morta, mas depois vi que ainda respirava. Mesmo assim, fiquei em choque, tive pesadelos com essa noite durante meses. Juro que não sei como fiz aquilo à miúda... Espera aí! Não fui eu, pois não? - questionei, petrificada pela descoberta que acabava de fazer. - Eu não fiz nada! Eu nunca fiz nada, foi a Emma, sempre a Emma!

O rapaz à minha frente confirmou com um lento aceno de cabeça.

- O nome da rapariga é Rose Millan. Ela é que se cortou a ela própria. Depois a Emma só precisou de pôr a navalha e a garrafa nas tuas mãos para tu pensares que tinhas sido tu. Assim, ela prometeu-te que não contava nada a ninguém e tu passavas a confiar nela.

- Eu não acredito - murmurei, derrotada por todas aquelas confissões. Algumas lágrimas começavam a escapar. - Todo este tempo, eu pensei que tinha sido eu a magoar a rapariga. Eu fiquei com um trauma por causa daquilo. Durante imenso tempo, eu só conseguia andar com a Emma, com medo de fazer mal a mais alguém. E afinal, foi ela que tramou isto tudo, só por causa dos estúpidos caprichos dela. Como é que eu fui cair nos esquemas dela? Eu sou tão estúpida. Eu e a minha mania de confiar em quem não merece a minha confiança.

Neste momento, eu sentia-me tão inútil e ignorante como nunca antes me tinha sentido.

- Carol, tem calma - Calum aproximou-se de mim, abraçou-me eu chorei contra o peito dele. Chorei tudo o que tinha a chorar, durante longos minutos, ensopando a camisola dele.

Depois, mais calma, mas ainda revoltada com a situação, soltei-me do seu aperto.

- Calum, nós temos que fazer queixa na polícia, temos que contar isto a alguém, ela tem que ser castigada - disse, subitamente.

- Não! - ele exclamou.

- Não?! Como não? Não me digas que agora estás a defendê-la? Calum, sinceramente... - estava pronta a explodir novamente quando ele me interrompeu de novo.

- Eu não estou a defendê-la! Eu também quero que ela pague pelo que te fez, mas ainda não. Eu consegui chegar aqui Carol, então talvez eu consiga ir mais longe. Talvez eu consiga descobrir descobrir o que é que ela fez ao Luke.

- Se é que ela lhe fez mesmo alguma coisa... - comentei, pouco convencida.

- A sério? Depois de tudo o que acabámos de descobrir, ainda tens dúvidas de que ela tramou o Luke?

Suspirei. A verdade é que não, eu não tinha dúvidas nenhumas, e Calum soube disso pelo meu silêncio.

- Eu sei o quanto tu queres acreditar no Luke e o quanto o queres de volta, por isso deixa-me ajudar-te. É só mais um bocadinho para eu conseguir as respostas que nós queremos. Por favor... - ele implorou.

- Tudo bem - cedi. - Mas não demores muito, Calum. Por favor.

*

Mais tarde, quando já me encontrava sozinha no meu quarto escuro e triste, decidi procurar conforto na minha melhor amiga. Eu precisava de desabafar. Era muito difícil assimilar tudo o que o Calum me contara hoje e, com o Luke longe de mim, a situação tornava-se mil vezes mais difícil de assimilar. Só o pensamento de talvez ter acusado e afastado o Luke injustamente, punha sobre os meus ombros uma culpa demasiado pesada para eu a conseguir carregar. Apesar disso, eu preferia sofrer com esse peso de consciência e tê-lo de volta a casa, do que sentir esta solidão de cada vez que me sentisse mais em baixo.

- Olá, olá - Eve cumprimentou de bom humor, assim que atendeu a minha chamada.

- Hey, não queres passar cá por casa?

A minha voz devia demonstrar perfeitamente a tristeza e anxiedade que navegavam dentro de mim, pois Eve percebeu imediatamente o porquê do meu pedido. Sem perguntas, apenas respondeu:

- Vou já para aí.

°°°°°°°°°°

Olá!

Ainda se lembram de mim? Eu sei que estive imenso tempo sem atualizar, mas tive os exames e são muito importantes, por isso tive que me dedicar completamente ao estudo e pôr tudo o resto de lado. Desculpem, desculpem, desculpem.

Mas agora voltei e tenciono ficar :) Vou tentar publicar um capítulo todas as semanas.

Eu sei que este podia ter ficado maior e mais interessante, mas eu não queria deixar-vos mais tempo à espera. Então decidi publicar logo.

Ok, that's it. Espero que gostem. Não se esqueçam de votar e comentar. Obrigada por continuarem a acompanhar a história.

Kisses,

heart_in_love

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