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2 meses depois

Escovei o meu cabelo uma última vez e sentei-me na ponta da minha cama, à espera que o Ashton chegasse para me levar à escola.

Há poucos minutos atrás, ele tinha mandado mensagem a dizer que estava atrasado e que chegaria mais tarde.

Então, decidi esperar por ele no meu quarto, os meus olhos a vaguear pela parede à minha frente, a minha mente perdida nos meus pensamentos.

E, de súbito, encontrei-me a rever os acontecimentos dos últimos meses.

Eu e Ashton tornámo-nos muito mais próximos. Ele ouvia-me e amparava-me e eu estava-lhe grata por tudo o que fazia por mim.

Eve não estava propriamente feliz com esta nossa aproximação, principalmente porque sabia como eu ainda me sentia em relação a Luke, mas não me julgava nem me abandonava.

Falando no Luke, este continuava a deixar mensagens presas na janela do meu quarto. Todas as manhãs, eu abria a janela e lá estava o pedacinho de papel com uma nova mensagem. Era esta a única forma de eu saber notícias dele porque eu nunca mais tinha falado com ele. Via-o todos os dias, aqueles olhos da cor do céu que eu tanto amava agora escuros e severos, a cabeça baixa, os lábios cerrados. Se por acaso os nossos olhares tristes se cruzassem, eu desviava o meu para não cair novamente na ilusão. Se doía vê-lo assim? Claro que doía. Mais do que se me espetassem uma faca no peito. Mas eu não me sentia capaz de voltar a falar e a confiar nele.

Quanto a Calum, esse continuava empenhado em provar a sua teoria. Estava mais próximo de Emma do que alguém alguma vez estivera. Eu tinha duvidado dele, mas a verdade é que ele tinha mesmo conseguido aproximar-se dela. Pelo que me contava, o moreno teve que fazer coisas assustadoramente estranhas para estar na posição em que estava hoje: a posição em que Emma lhe podia contar um dos seus mais preciosos segredos a qualquer momento.

De repente, o meu olhar desviou-se involuntariamente para a janela. Vi o céu azul, nuvéns brancas a decorá-lo e... o papel.

Hoje ainda não tinha visto a mensagem de Luke.

Levantei-me e rapidamente caminhei até à janela, com medo que Ashton chegasse a qualquer instante, sem me dar tempo de ler a minha habitual mensagem matinal.

Desdobrei o papel e li:

Querida Caroline,

Espero que um dia possa voltar a agarrar a tua mão como o Ashton faz todos os dias, antes de se despedir de ti. Tu sorris para ele, mas nunca com tanta alegria como quando sorrias para mim.
Mas não te preocupes. O Calum vai conseguir arranjar forma de te provar que a culpa não foi minha. E depois tu vais voltar a sorrir para mim. E vais voltar a agarrar a minha mão.
Enquanto esse dia não chega, certifica-te que o Ashton não te magoa como eu te magoei.

Amo-te muito,
Luke.

Como podia eu ignorá-lo? Que monstro é que eu tinha dentro de mim que não me deixava ver o quanto este rapaz gostava de mim? Porque é que eu não conseguia acreditar nas palavras dele? O que ele me dizia todas as manhãs fazia o meu coração bater mais rápido, fazia-me querer correr para ele, perdoá-lo e abraçá-lo. Mas depois, eu chegava ao fim, à assinatura, e lembrava-me do que me impedia de o fazer. Era a sombra da desilusão que passeava na minha mente, sem nunca me dar descanso.

*

- Chegámos - Ashton informou-me, despertando-me dos meus pensamentos. - Estás bem?

- O quê? Sim...sim, estou bem - garanti com um sorriso.

Ele retribuiu o sorriso docemente.

- É melhor ir. As aulas estão quase a começar - disse, pronta para sair do carro.

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