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O meu corpo estava completamente imobilizado de espanto e eu não sabia o que fazer.

Luke acariciava os meus lábios com os seus e essa sensação fazia-me querê-lo mais, que nunca parasse. O sabor amargo da cerveja passava da sua boca para a minha. E então o seu piercing metálico e frio contrastava com o calor do seu toque em mim e fazia-me arrepiar e ao mesmo tempo querer mordê-lo.

De repente, apercebi-me de algo que ainda não me tinha dado conta. Este beijo...era o meu primeiro beijo. Primeiro beijo. Eu estava a dar o meu primeiro beijo ao Luke, que me tem causado tantos problemas, que me tem obrigado a discutir tanto com ele, que eu não suportava, por quem eu apenas sentia raiva.

E, no entanto, estava a gostar. No entanto, estava a deixar-me louca. O que é que ele me estava a fazer? Era suposto um primeiro beijo ter tantas emoções? Era suposto dar-mos o primeiro beijo a alguém por quem não sentimos qualquer sentimento amoroso?

Tantas perguntas e nenhuma resposta. E depois a questão dos meus pais. Eles nunca aceitariam isto, numa festa, com imensas pessoas aqui, sem um pedido formal de namoro, sem haver sentimentos mútuos, com o Luke.

Tantas contradições para algo que me fazia sentir tão bem. Só por isto é que tive coragem para parar. Coloquei as mãos no seu peito musculado e empurrei-o.

- Luke, o que é que estás a fazer? - perguntei.

- A beijar-te. Pensei que era óbvio.

- Mas tu estás doido? Isto não pode voltar a acontecer.

- Pensei que estavas a gostar.

- Pois, pensaste mal - menti. Não podia permitir que ele soubesse que eu me senti bem com os seus lábios nos meus, quando ele não deve ter sentido nada de já estar tão habituado a fazê-lo.

- Estás a mentir-me - atirou ele.

- Ah, agora também sou mentirosa!

- Não foi isso que eu disse.

- Tudo bem, Luke. Tem uma boa noite, adeus - e, dizendo isto, virei costas e comecei a voltar para dentro.

- Carol! - gritou ele, seguindo-me.

Assim que o vi vir atrás de mim, comecei a andar mais depressa e até a correr um pouco, olhando sempre para trás para ver a distância entre nós. A certa altura ele deve ter parado porque não voltei a vê-lo. Assim que virei a cabeça para a frente, senti um grande embate contra mim e caí diretamente de rabo no chão.

- Oh meu Deus, desculpa - disse uma voz masculina.

Ainda aturdida da queda, lá consegui murmurar um:

- Não faz mal.

O rapaz desconhecido estendeu-me a mão e eu aceitei-a para me levantar. Só agora pude observar a sua fisionomia: alto, mas não tanto como o Luke; de cabelo alourado, mas não o louro do cabelo do Luke; olhos claros, esverdeados, não azuis como os do Luke. Argh, porque é que não conseguia parar de pensar no Luke??

- Estás bem? - perguntou o rapaz, acordando-me para a realidade.

- Sim, sim. Desculpa ter ido contra ti.

- Não tens que te desculpar - disse, lançando-me um sorriso encantador. - Mas está tudo bem? Porque vinhas tão apressada?

- Eu estava apenas aaaaa...afastar-me de uma pessoa com quem não quero falar - de certa forma era verdade.

- Ah ok. E vais para onde agora?

- Para a entrada esperar pelo meu pai.

- Então eu acompanho-te.

Caminhámos lado a lado até à entrada, onde nos sentámos nas escadas em frente à porta.

- Gosto da tua bandana - disse eu, apontando com a cabeça a bandana vermelha que lhe rodiava a cabeça.

- Obrigada.

- Não andas aqui na escola, pois não? - perguntei.

- Não. Eu vim para Londres este ano, para a universidade mas tenho um emprego em part-time numa empresa de aparelhos sonoros. Hoje vim tratar do som e da música aqui na festa.

- E és de onde mesmo?

- Da Austrália.

- Ah, interessante.

Nesse momento, um carro estacionou em frente ao portão e eu vi que era o meu pai.

- Bem, tenho de ir embora, novo amigo - disse, levantando-me.

- Vou voltar a ver-te, nova amiga? - perguntou ele, levantando-se também.

- Não sei.

Num gesto rápido, ele tirou uma caneta preta do bolso das calças, agarrou no meu braço e rabiscou uns números na minha pele clara.

- Liga-me um dia destes.

- Eu ligo - prometi.

Despedimo-nos com um sorriso envergonhado e eu dirigi-me ao carro.

Não sei como, mas o Luke já lá estava sentado no banco de trás. Devia ter saído por outro portão. Então, sentei-me no banco da frente, ao lado do condutor, para não ter que me sentar ao seu lado.

- Quem era o rapaz? - perguntou o meu pai, assim que me sentei.

- Apenas um rapaz com quem choquei e que me quis acompanhar à saída.

- Ah, que simpático.

- Sim, muito simpático - comentou Luke. - Porque é que não o levas lá a casa para o apresentares oficialmente à família?

Abri os olhos de espanto e desentendimento, ao mesmo tempo. Virei-me para trás para o encarar com um olhar de morte e gesticular com os lábios um "O que é que estás a fazer?". Ele apenas respondeu com um encolher de ombros e uma expressão aborrecida estampada na face.

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N/A:

Aqui está mais um capítulo. Eu sei que se calhar desiludi-vos um bocadinho com a reação da Carol ao beijo. Mas faz parte da história, amores.

Ah, e quanto ao novo amigo, fazem alguma ideia de quem seja? Eu acho que fazem hihihi.

Deixem voto e comentários.

Kisses,

heart_in_love.

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