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- Carol? - Calum chamou.

- Sim? - murmurei sem parar de escrever.

-. Importas-te que eu leia a resposta que deste à segunda pergunta? - ele perguntou receoso.

Acabei o exercício que estava a fazer e estendi-lhe o caderno.

- Não, toma - aceitou-o e começou a ler o que eu tinha escrito.

Enquanto isso, permiti-me desviar o olhar para a janela aberta do meu quarto. Os dias passavam rapidamente e o tekpo melhorava de dia para dia. Na verdade, só o regresso do sol ao céu é que melhorava o meu humor porque não havia mais nada que o pudesse fazer. Eve tentava animar-me, mas ter que ver Emma todos os dias sem poder fazer nada piorava tudo. Calum esforçava-se por descobrir mais informações o mais rapidamente possível, mas a tarefa não era nada fácil. E enquanto ele não descobria mais nada, só me restava esperar. Esperar e olhar pela janela.

- Caroline! Estás a ouvir, Carol? - a voz do Calum chamou a minha atenção.

- O quê? - perguntei, perdida. Só depois reparei que ele me estendia o caderno de volta. - Ugh, desculpa. Destraí-me.

- Estás bem? Em que estavas a pensar?

- Nada de jeito. Está tudo bem, não te preocupes - respondi com um sorriso fraco, peguei no meu caderno e voltei ao trabalho.

Mas não tive tempo para ler a pergunta seguinte pois Calum voltou a falar.

- Acreditas que o Luke pensa que se passa alguma coisa entre nós por causa de eu passar tanto tempo em tua casa? - ele perguntou, visivelmente chateado com as desconfianças do melhor amigo.

- Acredito - respondi naturalmente e olhou-me com ar confuso.

Agarrei na última mensagem que o Luke tinha deixado na minha janela,que falava precisamente deste assunto, e estendi-a ao rapaz sentado à minha frente para que ele a lesse.

- Inacreditável - ele comentou, assim que terminou de ler a nota.

- Diz ao Luke que ele pode ficar descansado.

O meu coração é só dele, quis acrescentar, mas preferi guardar este pensamento só para mim.

- Vou dizer. Outra vez - Calum respondeu.

Comecei finalmente a ler a pergunta seguinte mas fui interrompida de novo, desta vez pelo toque do meu telemóvel. Parece que hoje estava tudo contra o meu estudo.

Peguei no pequeno objeto e vi quem me ligava. No ecrã era possível ler Ashton. Ele devia estar preocupado pois há dias que não falava com ele e não atendia nenhuma das suas chamadas, mas a verdade é que não tinha vontade de ver nem falar com ninguém.

Pousei o telemóvel ao meu lado e esperei que ele desistisse da chamada.

- Não vais atender? - Calum perguntou, curioso.

- Não. É o Ashton. Não consigo falar com ele agora - expliquei.

- Sabes que vais ter que falar com ele...

- Eu sei, Calum. Eu sei disso. Já sei essa conversa do 'mais tarde ou mais cedo vão ter que falar'. Mas não agora. Não tenho paciência para ninguém.

*

Última semana de aulas. Finalmente. Já não conseguia ver a Emma à minha frente. Nem a Emma, nem o seu estúpido soreiso falso, nem aquele cabelo louro oxigenado horrível. Nada!

Levantei-me e fui à janela. Agarrei no papelinho que Luke lá deixara e li.

Ao que parecia, Luke ia fazer uma visita à mãe. Ia passar as férias da Páscoa à Austrália e partia ao início da tarde de hoje. Ele até tinha escrito as horas do voo, o nome da companhia aérea e o número do voo. Isto tudo, segundo ele, para o caso de eu querer ir ao aeroporto para me despedir dele. Mas eu não ia fazer isso.

Exchange • l.h. •Onde histórias criam vida. Descubra agora