Desert song

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-Nós conversamos com o diretor da escola, você vai poder fazer as últimas provas.- minha mãe diz se sentando em minha cama- Você vai precisar ir para a escola semana que vem para fazê-las.
-Obrigado.
-Como você está?
-Bem- eu digo a olhando- um pouco estranho por causa dos remédios, mas melhor do que antes.
-Que bom, querido- ela diz apertando minha mão levemente- eu queria poder ficar, mas eu tenho que ir trabalhar.
-Está tudo bem, eu entendo- eu digo dando um pequeno sorriso- Kellin vai chegar daqui a pouco.

Ela sai do quarto se despedindo, me deito em minha cama novamente, olhando para o teto, respiro fundo. É estranho como a vida voltou ao normal, por mais que se façam apenas algumas semanas desde que eu saí do hospital, sei que a vida dos outros não pode parar por minha causa, mas ainda é estranho.
Kellin entra no quarto, tirando seus tênis, ele se senta na cama, passando sua mão pelo meu cabelo, ele me dá um pequeno sorriso, o qual eu retribuo.

-Como você está?- eu o pergunto.
-Bem, cansado mas bem. E você?
-Bem.
-Como foi o seu dia?
-Entediante e o seu?
-A mesma coisa de sempre- ele diz ainda passando sua mão pelo meu cabelo- Eu estava conversando com Jack, os meninos estão preocupados com você.
-Eles sabem sobre o que aconteceu?- eu pergunto, sentindo meu estômago pesar.
-Não, eu disse que você estava doente, não consegui pensar em algo mais que pudesse explicar o motivo para você não estar indo para a escola.
-Talvez eu devesse contar para eles- digo olhando para minhas mãos em meu colo.
-Você não precisa dizer nada se você não quiser, especialmente isso.
-Talvez eu devesse chamar eles, e apenas dizer que eu estou bem- digo o olhando, ele concorda- Eu vou mandar uma mensagem para o Nick.
-Só se lembre, você não precisa dizer nada que não queira.
-Eu sei.- eu digo balançando minha cabeça, concordando.

Kellin se levanta da cama, indo em direção ao banheiro, eu pego meu telefone, pensando no que falar, deveria pedir desculpas por não ter mandado uma mensagem antes? Acabo por fazê-lo, digo para Nick que eles podem vir aqui se eles quiserem, tenho medo de que eles não venham, por mais que eu saiba que isso é um pensamento bobo.
Me deito na cama, sem sentir sono, o escuro do quarto não parece chamar meu cansaço, tento fechar meus olhos, em esperança que eu apenas durma, mas isso não acontece. Olho para Kellin, passando sua mão pelo meu cabelo, ele parece prestes a dormir, esfregando seus olhos, tentando se manter acordado.

-Você não precisa me assistir dormir.- digo colocando minha mão em sua bochecha.
-Eu sei, mas eu quero.
-Eu sei que você está cansado- ele me olha e posso ver que ele está preocupado, eu o puxo para mais perto- eu não vou tentar nada enquanto você dorme, eu prometo.

Ele me dá um pequeno beijo, passo minha mão pelo seu cabelo, o vendo dormir, essa parece a primeira vez que ele tem o feito desde que eu saí do hospital, entendo a sua preocupação assim como a de todos os outros ao meu redor. É estranho estar aqui agora, olhando para Kellin e não sabendo como me sentir sobre estar aqui, por mais que eu queira estar aqui, mas eu sei que os sentimentos de antes não me deixaram, mesmo que eles parecem mais silenciosos que antes.
Vejo-o acordar, passando sua mão pelo seu cabelo, eu dou um pequeno sorriso, ele parece feliz em me ver, tenho visto esse mesmo olhar depois de voltar para casa, ele é parecido com o que Mike tinha depois da primeira vez, talvez seja apenas o alívio de saber que eu ainda estou aqui, por mais que eu não possa entender esse sentimento, e ainda achar que eu não mereço ele.
Me levanto da cama, sentindo um vazio no peito, sei que ele não vai embora, por mais que eu queira, paro na frente do espelho, não tento ignorá-lo, mesmo que eu não me sinta bem olhando meu reflexo. Curativos continuam a cobrir meus braços, pareço mais cansado do que nunca. Kellin para atrás de mim, me abraçando, dou um pequeno sorriso, ele me dá um pequeno beijo em minha cabeça, em meio ao meu cabelo.

-Eu chamei os garotos para viverem aqui, eu não sei se eles vão querer, mas eu disse que eles podiam vir hoje.-digo o olhando pelo seu reflexo.
-Eles vão vir, acredite em mim, eles querem te ver.

Me deito na cama, pegando meu telefone, vendo notificações de Nick, ele parece animado em poder falar comigo, assim como Kellin, ele diz que os outros querem falar comigo também. Coloco meu telefone de lado, pegando minhas coisas da mochila, colocando minha apostila na minha frente, olho para as páginas dela, mas elas parecem confusas demais, me viro para Kellin, parado na porta do banheiro.

-Eu acho que preciso de uma ajuda estudando para a prova.
-Eu posso ajudar, mas eu não sou o melhor para isso.

Ele se senta ao meu lado, pegando seus materiais, posso notar a felicidade em seu rosto, como se ele tivesse esperado por esse momento sua vida inteira, sinto um sorriso se formar em meu rosto. Ele explica as matérias que perdi, tentando do melhor jeito que ele consegue para fazer com que eu entendesse, e mesmo com exemplos sem sentido e anagramas que só parecem fazer sentido para ele, eu consigo entender tudo, por mais impossível que pareça.
A campainha toca, eu olho para Kellin, nós dois sabemos quem são.

-Eu vou atender a porta, só se lembre
-Eu não preciso contar as coisas que eu não quero, eu sei- eu digo o cortando- eu vou arrumar a cama enquanto isso.

Ele sai do quarto, ainda me olhando, pego as coisa de cima da cama, as colocando na mesa, olho para a pequena bagunça se formando nela, me perguntando como meu quarto estaria se não fosse por Kellin o arrumando por mais que eu diga que não é necessário. Me sento na cama novamente, colocando minha jaqueta, ela ainda parece desconfortável contra minha pele, a porta se abre e eles entram no quarto, parando na frente da cama.

-Nunca achei que ia me preocupar tanto assim com alguém- Justin diz se sentando na cama- Você quer matar a gente do coração?
-Ignora ele, você está bem?- Jack me pergunta.
-Sim, eu estou me sentindo melhor agora, era apenas uma gripe.

Posso notar a preocupação no olhar deles desaparecer, exceto por Nick, ele não parece acreditar no que eu disse.

-Você vai voltar para a escola?- Gabe me pergunta.
-Sim, semana que vem eu vou refazer as provas que eu perdi.
-Tenho certeza que você vai conseguir passar nelas- Nick diz com um sorriso em seu rosto.

Eles começam a me contar coisas que aconteceram desde então, um sorriso se forma em meu rosto, nunca achei que ouvir todos eles falando junto, fazendo todos os assuntos se misturarem, fossem me fazer ter mais vontade de ficar, me arrepender de ter tentado.
O sol começa a se pôr, eles se despedem, Kellin os acompanha até a porta, Nick diz algo para ele, que se vira me olhando, ele se volta para a porta novamente, saindo do quarto, Nick se vira para mim, se sentando ao meu lado.

-Não foi apenas uma gripe foi?- Ele diz fazendo uma pequena pausa, como se esperasse uma resposta- Eu não vou te forçar a me contar tudo que está acontecendo, você não precisa se não quiser, eu apenas quero que saiba que eu estou aqui, que eu sou seu amigo e você pode conversar comigo quando quiser.- ele me diz, posso notar lágrimas em meus olhos, ele me abraça.
-Eu não sei se eu consigo te contar tudo agora, mas não era só uma gripe, era bem pior que isso, eu passei alguns dias no hospital para terem certeza de que nada ia acontecer, que eu ia ficar bem. Eu não acho que consigo dizer mais do que isso, não quero te preocupar mais. E não, eu não estou morrendo, eu prometo- digo lhe dando um pequeno sorriso.
-Tenho certeza de que as coisas vão melhorar, só saiba que você não está sozinho.
-Eu vou tentar me lembrar disso.- digo o abraçando.
-Bem, eu deveria ir andando, já tá ficando tarde.
-Obrigado por ter vindo, agradeça os outros por mim.

Ele sai do quarto, Kellin volta pouco tempo depois, ele estende sua mão para mim, eu a pego, me levantando da cama, ele passa suas mãos pela minha cintura, coloco meus braços ao redor do seu pescoço.

-Como você está?-ele me pergunta.
-Bem, melhor agora.

Ele me dá um pequeno beijo, um sorriso toma meus lábios, assim como os seus, pela primeira vez em algum tempo eu me sinto feliz o bastante.
Me deito junto dele, ele põe sua cabeça em meu peito, olhando para o nada, sem dizer algo.

-No que você está pensando?- eu digo passando minha mão pelo seu cabelo.
-Eu estava pensando sobre fugir, como eu te disse que depois que a escola acabasse a gente podia ir embora.
-Eu não acho que seja o melhor tempo, não mais.
-E se a gente fosse em uma viagem pelo país? Eu sei que não é a mesma coisa, mas pelo menos a gente não estaria aqui- ele diz se sentando, me olhando.
-Eu não me importo que não seja a mesma coisa, eu aceitei ir, porque você vai estar lá comigo e isso é a única parte que importa.
-A gente conversar com seus pais e começamos a planejar, nós procuramos tudo desde lugares para a gente ir, paradas, e então a gente vai, começamos a viajar- posso notar um sorriso em seu rosto, eu o retribuo, coloco minhas mãos em seu rosto, lhe beijando.

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