Falling Stars

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Paro na frente da escola, respirando fundo, posso notar os olhares dos alunos ao meu redor começarem a me sufocar, quero apenas me virar e ir embora, mas sei que ignorar meus problemas não vai me ajudar em nada. Encontro Kellin andando pelos corredores, me junto a ele, notando alguns olhares caírem sobre nós, não posso impedir o desconforto crescer dentro de mim, tento da melhor forma possível escondê-lo. Kellin acena para um grupo de garotos a nossa frente, Jack acena de volta para nós, com um sorriso em seu rosto.

-Eu acho que deveria falar com eles- digo, olhando para Kellin- sobre nós.
-Se você quiser, eu não me importo- ele diz me dando um pequeno sorriso.

Penso em pegar a sua mão, mas sinto que isso fará todos falarem ainda mais sobre nós e eu não sei se consigo aguentar isso.

-A gente queria falar sobre uma coisa- digo olhando para os garotos à nossa frente.
-Okay- Nick diz, todos se viram para nós, fazendo um pequeno círculo.
-Eu acho que a esse ponto vocês sabem sobre mim e o Kellin- Jack olha para Nick.
-Sim- Nick responde.
-A gente achava que vocês iam se sentir mais confortáveis se a gente não falassem nada- Jack diz me olhando.
-E também, a gente já sabia mesmo antes dos rumores- Justin diz- bem, não sabia, mas a gente achava que sim.
-Os rumores meio que confirmaram o que a gente achava- Gabe diz, olhando para Justin.
-Vocês sabem quem os começou?- Kellin pergunta.
-Não, mas começou depois da festa do seu irmão- Justin diz apontando para mim.
-Pelo que eu sei, alguém viu vocês se beijando do lado de fora- Gabe diz.
-Não foi do lado de dentro?- Justin o corta.
-Bem, tem essa versão também, mas o importante é que alguém viu vocês se beijando e decidiu contar para todo mundo sobre- Jack diz olhando para nós.
-Mas por que?- eu digo olhando para o chão, repenso naquela noite, em como isso tudo é minha culpa.
-Não sei, às vezes as pessoas acham que podem controlar o que outros devem ou não saber mesmo quando não é sobre elas- Nick diz me olhando- mas tente não se preocupar com eles, isso vai passar, eles vão se esquecer disso.

As aulas passam rápido, não posso deixar de me culpar pelo o que aconteceu, isso começou por minha causa, se eu não tivesse beijado Kellin no quintal de casa, nada disso estaria acontecendo, a gente não teria que lidar com pessoas nos olhando e sussurrando sobre cada um dos nossos passos.
Me encontro com Kellin no estacionamento da escola, entro em seu carro, assim como ele, pego a sua mão, entrelaçando nossos dedos, como eu queria ter feito desde que o dia havia começado, eu o olho vendo um sorriso em seu rosto.

-Eu estava pensando, a gente podia sair, ir para algum lugar qualquer- Kellin diz me olhando.
-Eu gosto dessa ideia- digo dando um pequeno sorriso.

Ele liga o carro. Olho para o lado de fora, a música no rádio faz isso tudo parecer um sonho, e talvez isso realmente seja um, eu não quero saber se isso é verdade ou não, aqui parece melhor do que qualquer lugar.
Ele para o carro em um estacionamento qualquer, olho a nossa volta sem ver ninguém, eu o olho com um sorriso em meus lábios, ele passa a mão pela minha bochecha, deixo um pequeno beijo na palma da sua mão, o olhando agora, me sinto culpado por deixar as palavras de outros me afetarem.
O escuro toma conta do carro, acabamos indo embora, ele me deixa na frente de casa. Desço do carro, me despedindo de Kellin, paro na frente da sua janela, lhe dando um beijo. Paro na porta, procurando em meu bolso minha chave, noto um sorriso em meu rosto, que rapidamente se desfaz ao entrar em casa. Posso ouvir a televisão na sala, o que me diz que meus pais estão em casa, passo rápido pelo corredor, indo em direção às escadas. Meu nome é chamado, assim que piso no primeiro degrau.

-Vic- minha mãe me chama mais uma vez.
- Oi- digo assim que apareço na entrada da sala, vendo que ela parece estar sozinha.
-Onde você estava?
-Eu sai com um amigo.
-Está tarde, você tem escola de manhã- ela diz, se virando para mim- você está bem?
-Sim- digo me encostando na porta da sala.
-Você sabe que pode falar com a gente se as coisas estiverem ruins.
-Eu já disse, eu estou bem.
-Eu só estou preocupada que algo aconteça, como dá última vez.
-Eu já disse milhares de vezes, aquilo foi um acidente, não vai acontecer de novo.- eu digo - Eu não preciso falar com ninguém, eu estou bem.

Volto para meu quarto, me deitando em minha cama, olho para o teto. Queria que todos parassem de se preocupar tanto comigo, mas eu entendo os motivos para fazerem isso. Tenho me esforçado para continuar a viver como se nada tivesse acontecendo, como se tudo tivesse melhorado, mas tudo tem sido uma mentira.
Me sinto sozinho, sinto que não tenho mais motivos para sair do mesmo lugar, apenas sinto meus pensamentos me torturando, me matando aos poucos. Não sei mais o que fazer, como reagir, sei que a culpa é minha, por fazer tudo que fiz e continuo a fazer, porém não sei mais como parar.
O sol ilumina meu quarto, o mesmo não parece tão brilhante, não se parece como antigamente, ou talvez essa seja apenas a noite em claro bagunçando meus pensamentos.
Desço as escadas, procurando Mike, ele não parece estar em casa, provavelmente ele já deve ter ido para a escola, não tenho falado com ele, me sinto culpado por não ter pedido desculpas por não ter sido um bom irmão, eu sei que não tenho falado com ele direito por algum tempo, tenho me preocupado demais com tudo que tem passado pela minha cabeça.
Ando pelas ruas, olhando ao meu redor, esse lugar não parece real, deixar ele para trás não parece tão difícil, sinto como se ele tivesse apenas me mantendo preso, sinto que viver nesse lugar está me matando, tenho tentado viver uma vida perfeita, mesmo sabendo que ela nunca será, então porque continuo a insistir nessa ideia?
Eu não quero ficar aqui, talvez as coisas sejam mais fáceis se eu fosse embora, se eu não estivesse mais aqui. Fugir parece uma boa ideia, talvez isso seja tudo que eu preciso, apenas deixar todas as coisas que me fazem mal nesse lugar.
Procuro Kellin pelos corredores da escola, sinto como se todos ao meu redor soubessem sobre isso e estão a me julgar pelo exato motivo, queria apenas poder ignorar esse sentimento, mas não posso quando tudo que tenho escutado são os outros alunos ao meu redor sussurrando sobre algo que antes não seria algo importante, algo que eu não dava importância, mas agora faz minha garganta se trancar em desespero de que seja algo importante para mim.
Encontrando Kellin saindo da biblioteca com suas mãos cheias de livros, um sorriso surge em seu rosto assim que ele me vê.

- Oi.- ele diz, mantendo o sorriso em seu rosto.
- Eu estava pensando em uma coisa- digo em um tom meio baixo- E se fugíssemos?
- Para onde iríamos?- ele pergunta com curiosidade, com um sorriso se formando em seu rosto.
- Para qualquer lugar longe daqui.
- Você está falando sério sobre isso?- noto que seu sorriso havia sumido.
- Sim.
- Vic, isso é loucura.
- Por que? Sei que, também, não aguenta mais esse lugar.
- Sim, mas- sua voz diminui aos poucos.
- Isso é loucura?- ele não me responde, olhando para baixo- você mesmo disse que queria fugir.
- Aquilo foi um sonho, apenas isso, não significa que realmente queira realizá-lo.
-O seu pai te trata das piores maneiras possíveis e você realmente prefere continuar aqui?
-Eu não quero ficar, mas eu não tenho outra opção, nem você tem, a gente não sobreviveria uma semana, não sem dinheiro, sem uma segunda opção caso tudo falhe.- ele diz me olhando- me prometa que você não vai tentar nada.
-Talvez você tem razão- eu digo o olhando, notando a seriedade em seu rosto- eu prometo.

As aulas passam rápido, eu volto para casa sozinho. Como sempre tudo está tão vazio, estou cansado desse lugar solitário, quero deixar tudo isso para trás, todos os meus erros, apenas quero me esquecer.
O céu começa a escurecer, fazendo meu quarto perder a luz. Ando em círculos por ele, olhando para a janela, a ideia de ir parece mais convidativa que antes, não vejo motivos para ficar, não quando eu sei que essa solidão é tudo que me espera nesse lugar. Pego algumas roupas, colocando-as na minha mochila. Mando uma mensagem para Kellin:

"Eu não consigo ficar nesse lugar nem mais um dia, eu preciso ir. Adeus".

Pego minha mochila e desço as escadas, olho ao redor da casa vazia e digo adeus para ninguém. Abrir a porta e sair de casa nunca pareceu tão libertador. As ruas estão vazias, algumas casas com as luzes acesas chamam minha atenção, quantas pessoas nesse lugar pensam em fugir? Apenas deixar tudo isso para trás? Se perguntando se algum dia isso mudará, se suas vidas mudarão?
Meu telefone toca, sinto que sei quem está a ligar, não o tiro do meu bolso, apenas deixo a música terminar de tocar, fazendo com que ele volte a ficar em silêncio. Estou longe de casa agora, milhares de perguntas ainda se passam pela minha cabeça, se é muito tarde para voltar para casa, se ir embora é realmente uma boa escolha. Os acontecimentos dos últimos dias continuam a se repetir em minha cabeça, eles continuam a me convencer mais e mais de que estou fazendo a coisa certa, que estou no caminho certo.
Meu telefone continua a tocar, me irritando, o tiro do bolso vendo mensagens e telefonemas perdidos de Kellin, atendo o telefone, apenas querendo que ele pare de me ligar.

- Querido volte para casa, eu preciso de você aqui.- não digo nada, eu não sei o que dizer- sei que você pode achar que não agora, mas todos se importam com você, eu me importo, então por favor, apenas volte.

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