Save me

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Entro na escola, passando pelos corredores lotados, tento ao máximo evitar encontrar alguém, entro na sala mais cedo, me sentando no mesmo lugar de sempre.
O sinal toca alguns minutos depois fazendo o restante dos alunos entrarem na sala, retiro meus fones, percebendo que todos parecem falar sobre algo, como sempre, prefiro não prestar atenção. As conversas param assim que o professor entra na sala.
Saio da sala assim que o sinal toca, passo em meu armário para pegar uma apostila antes da próxima aula começar, Mike para ao meu lado, como se quisesse me dizer algo, ele olha para o chão, mexendo na alça de sua mochila.

-O que foi? Seus amigos te abandonaram?- pergunto com um tom sarcástico, ele não responde apenas me olha meio preocupado.
-Você ouviu o que aconteceu com o Kellin?- ele me pergunta.
-Não, deveria?- digo tentando ignorar meu coração acelerando aos poucos.
-Ele tá na enfermaria.
- O que aconteceu?- digo, podendo notar a preocupação em minha voz.
- Não sei ao certo.- ele diz fazendo uma pausa, assim que o sinal toca- Eu tenho que ir, mas você deveria ir falar com ele.

Mike vai em direção a sala de aula, olho para dentro do meu armário, o fechando. Deveria ir falar com Kellin, não sei se deveria me preocupar tanto, mas não posso deixar as coisas que aconteceram em meu aniversário abandonarem minha mente, a falta de coragem de olhá-lo no rosto é mais assustadora do que deveria ser.
Entro na sala me sentando no mesmo lugar de sempre, porém um sentimento de estranheza permanece.

-Professor- digo levando a mão.
-Sim, Fuentes- ele se vira para mim.
-Posso ir ao banheiro?
-Vá logo- ele diz, me olhando como se repensando um pouco em sua resposta.

Assim que saio da sala, corro em direção à enfermaria, a cada passo meu coração se acelera mais com o nervosismo de encontrá-lo.

-Onde está o Kellin Quinn?- pergunto a enfermeira assim que abro a porta.
-Ele está ali- ela diz apontando para uma das cortinas entreabertas.

Vou em direção do lugar apontado, o vejo deitado na cama, pela abertura da cortina, seu rosto parecia doloroso, seu olho estava um pouco inchado e pequenos cortes podiam ser vistos em sua bochecha. Me sento na beirada da cama, olhando-o, me sinto culpado pelo que aconteceu, por mais que eu não saiba o motivo.

-Vic? O que está fazendo aqui?-Kellin diz se virando para mim.
-Mike me contou que você estava aqui- digo me endireitando- o que aconteceu?
- Não foi nada.
- Kellin, como isso não é nada, você tá na enfermaria- eu digo pegando a sua mão- me diz, o que aconteceu?
- Eu te disse, não foi nada.

Respiro fundo, olhando-o, sei que ele não vai me responder, não quero o pressionar. Me levanto da cama, ainda segurando a sua mão, ele passa seu dedo sobre os nós de minha mão.

-Kellin- Justin diz aparecendo ao meu lado- o que aconteceu?
-Não foi nada- Kellin diz, eu solto minha mão da sua- eu tô bem, não foi nada- ele me olha, colocando sua mão em seu colo.
- Foi o Oliver, não foi?- Nick diz abrindo a cortina, junto dele os outros se aproximam da cama.
-Oi- Jack diz parando ao meu lado, eu lhe dou um pequeno aceno.
-Eu disse, não foi nada- Kellin diz se sentando, olhando para Nick.
-Okay- Jack diz- Eu espero que o que seja que te acertou esteja pior- ele dá um pequeno sorriso
-Você parece bem.- a enfermeira diz, olhando para todos nós- Você pode ir, só se lembre de pôr um pacote de gelo nesse olho quando chegar em casa.

Nos sentamos em uma mesa vazia no refeitório, alguns alunos olham em nossa direção, agora sei sobre o que todos estavam a falar antes, me sinto desconfortável por Kellin, ele olha para baixo, tentando não olhar para os lados.

-Eu posso te levar para casa se você quiser- eu digo baixo, esperando que os outros não me escutem.
-Eu não quero ir para casa, não agora- ele responde me olhando.
-Okay- eu digo olhando para frente novamente.

Continuamos sem se falar até o sinal tocar, corro para minha sala de aula, me sento no mesmo lugar de antes. Tento me concentrar na aula, mas não posso parar de pensar no motivo para Kellin se envolver em algo desse jeito, eu não consigo pensar em uma resposta e sei que ele não vai me responder não importa o quanto eu pergunte sobre.
Volto para casa sozinho, esperando que eu possa entender o que aconteceu hoje. Entro em casa, a encontrando vazia como sempre, respiro fundo indo em direção ao meu quarto.
As horas passam, porém o mesmo sentimento de culpa fica, ver Kellin machucado, dói mais do que eu poderia imaginar, mais do que eu queria. Me deito na cama, olhando para o teto, na esperança de que minhas perguntas pudessem ser resolvidas assim.
A campainha toca, desço as escadas, arrumando as mangas da minha jaqueta, abro a porta. Kellin, olha para o chão, evitando contato visual, peço para que entre, ele passa ao meu lado, fecho a porta, me virando para ele.

-Eu...-ele diz passando a mão na nuca- deveria ter te mandado uma mensagem, eu só não queria ficar em casa.

Eu o olho pegando sua mão e o puxando em direção as escadas, ele me segue até meu quarto, ele fecha a porta depois de entrarmos. Paro na frente da minha cama, o olhando.

-O que aconteceu?- eu pergunto mas ele não me responde.

Me sento em minha cama, ele finalmente me olha. Seu rosto parece ainda pior do que estava na escola, seu olho está pior do que antes, os machucados pareciam ter se multiplicado, agora pequenos cortes logo abaixo do seu olho podiam ser vistos, assim como um corte em seu lábio, que eu posso jurar que não estava lá antes.

- O que aconteceu?- pergunto novamente, com um tom de preocupação em minha voz- e não me diga que não foi nada, você não me contou o que aconteceu na escola e agora você aparece na minha casa pior do que antes.
- Eu- ele diz olhando para o chão, novamente- eu não deveria ter vindo.
-Kellin, por favor- eu dou alguns passos em sua direção- você significa algo para mim. Então me diga o que aconteceu?
-Isso foi uma ideia estúpida.- ele diz se virando, indo em direção a porta- Eu vou embora, me desculpa, eu não deveria ter vindo.- ele sai do quarto.

Olho para a porta sem me mexer, sinto uma pontada em meu coração, penso em ir atrás dele e o perguntar mais uma vez, mas eu sei que isso não vai fazê-lo me responder. Me deito em minha cama, apenas querendo fechar meus olhos e fazer todos as coisas ao meu redor sumirem, encaro o teto, sem conseguir dormir.

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