Sorry

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-Hoje, eu e seu pai vamos voltar mais cedo para casa- minha mãe diz, colocando um casaco azul escuro- e faz um tempo que a gente não come junto, então, hoje a gente janta junto, por favor estejam em casa nesse horário.
-A gente vai estar, mãe- Eu digo olhando para ela, posso notar um pequeno sorriso se formar em seu rosto, isso significa bastante para ela.

Ando junto de Kellin para a escola, seguro a sua mão, ele sorri para mim. Ele me entrega um de seus fones de ouvidos, deixando a música tocar, tomando conta de conversas,  posso ouvi-lo cantarolando-as no fundo.
O sinal toca pouco tempo depois de chegarmos a escola, ando junto de Kellin em direção da sua sala, o vejo entrar nela, notando alguns alunos ainda me olharem, sei que ninguém esqueceu o que eles ouviram sobre nós.
O sinal toca novamente, me fazendo apertar o meu passo em direção a minha sala de aula, sinto meus braços sendo puxados para trás, não me surpreendo ao ver Sykes junto de Matt e Nicholls. Sou pressionado contra a parede, Matt pressiona um dos meus ombros, me mantendo no lugar.

-Faz algum tempo que não o vejo, Fuentes- Oliver diz- onde está seu namorado? Faz um tempo que não o vejo também.

Eu apenas o encaro sem dizer nada, não tenho motivos para responder nada que sai da boca dele. Sinto um soco em meu estômago, meu curvo por conta da dor, porém a mão no meu ombro me pressiona contra a parede novamente. Levo outro soco no estômago, me curvo mais uma vez, mas dessa vez me deixam cair no chão. Queria que fosse apenas isso, que eles fossem embora e me deixassem em paz, mas isso nunca aconteceu, não com Oliver. Sinto chutes em minhas costelas, eles me deixam sem ar, coloco meus braços em frente de meu rosto para que eu não leve nenhum chute no mesmo.
Como sempre sou deixado para trás assim que eles se cansam, meu corpo dói, não quero me levantar dali, coloco minhas mãos em minha barriga, sentindo lágrimas caírem. Escuto passos no corredor vazio parando em minha frente, uma forma alta se forma, ela começa a falar, demoro um tempo até perceber quem ela pertence.

- Vic o que aconteceu?- ele diz pondo sua mãos em meus ombros, posso ouvir sua voz tremer.
-Mike?- digo, como um sussurro.
- Está tudo bem?
-Sim, eu tô bem- digo tentando me levantar, porém falhando e caindo no chão novamente.
- Melhor a gente ir a enfermaria- ele diz me ajudando a levantar.
-Não- digo mais alto, tento o olhar nos olhos- Kellin, me leva para ele- ele concorda, balançando a cabeça e me ajuda a levantar.

Seguimos pelos corredores vazios, sei que Kellin não vai poder fazer algo em relação a isso, mas apenas o quero ali do meu lado. Mike me deixa na quadra aberta, me ajudando a sentar nas arquibancadas, ele sai indo procurar Kellin. Meu corpo dói, dessa vez sei que esses machucados serão mais doloridos que todos os outros, queria que eu tivesse coragem de me proteger disso tudo.

-Vic- escuto a voz de Kellin.
-Kellin- tento falar porém nada parece sair.
-O que aconteceu?- ele diz se agachando na minha frente, abro a minha boca para responder, mas não consigo dizer nada- o que?- ele diz se virando para Mike.
-Eu não sei, eu achei ele no corredor.- ele responde pondo suas mãos no ar, posso ouvir a preocupação em sua voz.
-Você deveria ir para a enfermaria- ele diz pegando minha mão.
-Ele não quer- Mike diz um pouco irritado.
-A gente não pode só deixar ele aqui, não tem outro lugar que a gente poderia ir?- Kellin diz me ajudando a me sentar.
-Eu acho que sim- Mike diz passando um de meus braços pelo seu ombro.

Kellin o ajuda a me levantar, me segurando pela cintura, apoio meu braço em seu ombro, ele segura firme meu pulso. Passamos pela entrada da escola, Mike pega as chaves do carro, abrindo a porta, Kellin se senta comigo no banco traseiro. Me deito no banco, colocando minha cabeça no colo de Kellin, a cada movimento que faço meu corpo parece doer mais.
Mike liga o carro, não sei para onde ele está nos levando e não sei se quero saber a resposta. Kellin passa sua mão pelo meu cabelo, fecho meus olhos esperando descansar um pouco, talvez a dor passe dessa forma.
O carro para, Kellin me chama, dizendo que chegamos, não quero me levantar do banco, me mexer parece mais dolorido do que realmente é. Mike abre a porta do carro, Kellin sai do seu lugar, saio do carro, tento me levantar porém não consigo. Ele me pega no colo, coloco meus braços envolta do seu pescoço.
Entramos na casa, ela parecia tão familiar, mas não consigo me lembrar a quem ela pertence, o cheiro de temperos, junto dos papéis de parede floridos, tudo é mais familiar do que eu me lembro. Descemos algumas escadas, sou colocado em uma cama, Kellin se senta ao meu lado, segurando minha mão.
Olho para ele, posso notar a sua preocupação, ele morde seu lábio, quero dizer algo, porém sei que nada que eu possa dizer vai ajudar essa situação. Mike continua parado no canto do quarto, com os braços cruzados.

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