The Prom

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-Vic, por favor, é apenas uma festa, vamos- Kellin me pede mais uma vez, maldito baile de formatura.
-Eu não tô no clima para festas.- digo me encolhendo embaixo das cobertas.
-E ficar o dia inteiro no quarto não vai te ajudar a melhorar.
-Muito menos uma festa vai ajudar.
-Por favor, a gente faz assim, saímos antes de acabar ou se você não estiver se sentindo bem. A gente vai embora na hora que você quiser, okay?- ele diz se sentando ao meu lado.
-Okay- respondo sem tanta empolgação.

As coisas finalmente voltaram ao normal, parece que ninguém se importa com o que está acontecendo, Kellin tem tentando me ajudar, ele parece ainda se importar, ele parece o único me contando mentiras bonitas demais, ainda me pergunto o motivo dele continuar aqui, me ouvindo, eu me sinto como um problema sem solução.
Não tenho visto meus pais, mas eu entendo o motivo, sei que eles não podem estar aqui comigo o tempo todo, mas eu apenas queria que isso tivesse mudado algo no jeito das coisas.
Deitado na cama, as coisas sempre parecem tão paralisadas, tão lentas, tão sem sentido, Kellin continua ansioso para o baile, andando de um canto do quarto para o outro.

-Daqui a pouco você vai fazer um buraco no chão- digo me sentando.
-Eu não consigo ficar calmo, até parece que essa é a primeira festa que eu vou.- ele diz se sentando na ponta da cama.- é estranho pensar que essa é a nossa última nesse lugar, a última vez que a gente vai precisar entrar naquela escola.
-Sim, mas eu não acho que eu vou sentir falta de lá- digo me levantando, parando na frente dele.- vem, vamos se arrumar logo.

Dois ternos colocados em cima da cama, meus pais insistiram em comprá-los, para mim roupas formais sempre foram aquelas colocadas no fundo do guarda roupa sendo nunca mais usadas depois de uma comemoração, sempre sendo esquecidas com o tempo, nunca fazendo sentido em serem usadas novamente. Pego minha roupa seguindo em direção do banheiro, paro na frente do espelho, ele sempre foi meu pior inimigo em momentos assim, com todas as lembranças marcadas em minha pele, é como se todas às vezes que eu parece na frente de um espelho eu não conseguisse me mexer, não conseguisse ver nada além de imperfeições, noto as lágrimas em meus olhos, queria apenas ignorar os pensamentos que vem junto delas.
Kellin entra no banheiro com a gravata em sua mão, tento disfarçar minhas lágrimas, falhando como sempre, ele me abraça dizendo coisas pequenas, tentando me acalmar de um motivo sem sentido.

- Talvez a gente não devesse ir- ele diz, um pouco preocupado.
- Não, está tudo bem, como você disse, a gente precisa se divertir.- digo secando as lágrimas e mudando de assunto- precisa de ajuda com a gravata?
- Ei, as coisas vão melhorar, você pode me falar o que está acontecendo, okay?- ele diz me entregando a.
- Okay- respondo com um sussurro, ele me dá um pequeno beijo, me deixando arrumá-la.

Saímos de casa em direção à escola, o caminho em silêncio não parece tão reconfortante como antes, talvez seja a ansidade em ver todos de novo, sei que eles não sabem o que aconteceu, mas não posso parar de achar que sim.
A escola, mesmo com memórias ruins, continuava com um espírito feliz no fundo, apenas revelado em festas. A quadra parece tão bem decorada, tão bonita, não se parece com nada dessa escola, não se parece com tudo que aconteceu comigo aqui, todos parecem felizes demais, afinal a última festa do ano e finalmente estaremos livres.

-Estou me sentindo ridículo aqui- digo olhando para o chão.
-Acredite em mim, você está incrível, não tem nada de errado em você.- Kellin me diz segurando minha mão.
-Não sei se consigo sobreviver até o final da festa.
-Você pode me dizer se não conseguir- ele diz me olhando, apertando minha mão tentando me passar um pouco de confiança.

Me encosto em uma das paredes, Kellin se encosta ao meu lado, colocando sua cabeça em meu ombro, pela primeira vez eu não me importo com os outros me olhando.
Ele acena para alguém no meio da quadra, eu olho para o mesmo lugar, vendo os outros garotos acenando para nós, todos em ternos pretos como os nossos, posso notar um sorriso em seus rostos, não posso deixar de sorrir também ao os ver.
Eles formam um círculo ao nosso redor, todos parecem felizes, Nick e Jack continuam a conversar sobre algo que não posso escutar, não consigo ver Justin, mas o conhecendo ele deve estar conversando com alguém, Kellin conversa com Gabe, posso notar um sorriso no rosto dele, fico feliz que ele está se divertindo depois de tudo que aconteceu.
Todos se divertindo e conseguindo se esquecer de tudo aconteceu nesse lugar, queria poder ser como eles e me esquecer de algumas coisas, mas eu não consigo, não sei se isso é possível para mim.

-Como você está?- Tony diz parando ao meu lado.
-Bem, eu acho- digo o olhando, ele parece preocupado- Eu não queria ter vindo, Kellin me convenceu de que seria bom.
-Eu estou feliz que você veio- ele me dá um pequeno sorriso- Mike está mais feliz que ninguém que você está aqui.
-Como vocês estão?- ele parece surpreso em ouvir minha pergunta.
-Nós somos amigos, ele continua sendo meu melhor amigo- ele diz olhando para baixo.
-Mas você continua gostando dele?
-Sim- um pequeno sorriso surge em seu rosto- mas eu não acho que a gente funciona junto, a gente acabaria como antes.
-Mesmo se vocês dois estão na mesma página sobre isso? Você gosta dele, e ele de você, só conversem sobre isso.
-Eu vou tentar- ele diz me olhando, com um sorriso em seu rosto.

Tony se despede de mim, passando pelo meio dos outros alunos, em rodinhas, espalhados pela quadra, Kellin para na minha frente, estendendo sua mão, eu a pego. Ele me puxa para o meio da quadra, algumas pessoas dançam.
Eu nunca tive muito jeito para dançar, mas eu tento, o tempo parece sempre parece passar mais rápido quando fazemos alguma coisa nos distrai, quando rimos, quando tudo fica esquecido, disfarçado no meio de sorrisos, a vida poderia ser esquecida, mas problemas complicados demais não podem ser resolvidos em poucos segundos de felicidade, eu não consigo me resolver com danças, a solução parece tão fresca na minha mente, mesmo sendo errado demais continuar com ela, às vezes eu queria apenas poder fugir de mim mesmo, apenas abandonar meus pensamentos nessa bagunça que a minha vida é.
Após algum tempo deixamos a festa, rindo de coisas sem sentido, apenas abandonando tudo para trás, nos abandonando para trás, com o fim do ano tudo poderia ficar para trás, principalmente as coisas ruins que sempre acompanham nossa mente a muito tempo. Kellin apenas parece feliz ao ponto de rir de qualquer coisa, eu apenas me sinto vazio, mas com uma felicidade falsificada. Caminhos longos parecem tão curtos quando nos divertimos, tudo parece mais curto, tudo parece ter menos sentido, parece que em poucos passos chegamos em casa, vazia como sempre. Entro em meu quarto me jogando na cama ao lado de Kellin, conversando sobre idiotices, sobre como as coisas tem passado tão rápido, às vezes queria não me distrair ou saber o que responder e não travar por conta de pensamentos idiotas, sempre deixando um silêncio acompanhado de pensamentos que invadem o quarto, por que o teto parece mais interessante que qualquer coisa?

- No que você está pensando?- Ele diz se virando para mim.
- Em algumas coisas.
- Tipo?- fico em silêncio, é como se um nó tivesse se formando em minha garganta- Você sabe que pode me dizer o que está acontecendo.
- Por que você continua aqui, me ouvindo?- desvio meu olhar do teto, olhando para ele.
- Porque eu gosto de você, porque eu importo, você, querendo ou não, é importante para mim.
- Então por que eu não consigo apenas deixar os pensamentos contrários de lado?
- Eu acho que você sabe o motivo disso, mas as coisas vão melhorar.
- Eu não acho que consigo melhorar a minha vida, sinto que eu enterrei ela no fundo do poço e não sei se vou conseguir tirar ela de lá.
- Você consegue, por mais que isso seja difícil agora, o melhor para fazer é ter esperança.
- Você tem certeza- eu digo mudando de assunto, ele me olha confuso- sobre ir embora?
-Sim, vai ser bom, para nós dois, eu acho, mas se você estiver em dúvida sobre a gente não precisa ir.
-Eu quero ir, eu só tenho medo do que vai acontecer.
-Queria poder ser mais positivo e dizer algo confortante, mas eu também estou com medo- ele diz pegando minhas mãos, as beijando.

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