Breathless

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-Feliz aniversário- minha mãe me diz, me dando um abraço.
-Vocês vão estar em casa hoje à noite?- eu pergunto a olhando.
-Querido, me desculpe, mas não tenho certeza de que nem eu e seu pai vamos poder voltar a tempo de poder comemorar.- ela diz com seu sorriso desaparecendo de seu rosto- mas nós vamos tentar.
-Okay, não faz mal se vocês não poderem- digo me levantando da cadeira e colocando meu prato na pia.

Pego minha mochila me despedindo, sinto um pequeno aperto em meu coração, mais como raiva do que tristeza, por mais que eu soubesse a resposta de minha mãe, eu entendo que eles precisam trabalhar e não tem tempo para ficarem em casa o tempo todo mas às vezes eu apenas queria que eles tivessem aqui.
Passo pela entrada da escola, sentindo alguém tocar meu ombro, me viro olhando para Kellin, com um pequeno em seu rosto, me fazendo sorrir para ele.

-Você está bem?
-Sim, só pensando em algumas coisas.
-Você pode conversar comigo- ele diz, posso notar o tom da sua voz mudar.
-Eu estou bem, eu prometo- eu digo o olhando.

Ele começa a andar, me olhando, eu o sigo sem saber onde ele está indo, o olho dando um pequeno sorriso, ele o retribui olhando para o chão, posso sentir borboletas em meu estômago.

-Feliz aniversário- Tony diz passando pelo meu lado.
-Obrigado- respondo em um tom baixo.
-Pera, é seu aniversário?-Kellin diz me olhando.
-Sim.
-Então você tem 18 agora, já pode ser preso.
-19, na verdade- ele me olha, confuso- eu tive que repetir um ano.
-Acho que eu devia repensar você me ajudando com as matérias da escola- ele diz, dando uma pequena risada- mentira, mas você deveria ter me dito que é seu aniversário.
-Eu não achei que era tão importante assim.
-Isso é muito importante- ele diz parando por um momento- como eu vou te dar um presente agora?
-Você não precisa fazer isso- digo o olhando.

Entramos na sala de aula, indo em direção aos mesmos lugares de sempre, olho para o fundo da sala antes de me sentar, vendo Austin com o mesmo sorriso de sempre em seu rosto, me sento apenas desejando que isso não signifique nada além do comum.
Recebo uma ligação, após o sinal do recreio tocar, me encosto nos armários ao meu lado, olho para a tela do meu telefone, vendo "Mãe" escrito, respiro fundo por mais que saiba o que me será dito.

-Oi querido- a voz de minha mãe pode ser ouvida- eu e seu pai não vamos poder sair mais cedo, me desculpa.
-Não faz mal, eu entendo.
-Eu sinto muito, mas.
-Mãe, eu sei- digo à cortando.
-A gente pode fazer algo amanhã se você quiser.
-Não precisa, realmente, não é tão importante assim- eu digo, sentindo minha garganta se trancar- é melhor eu desligar.
-Sim, sim. Me desculpe, querido- ela diz antes que eu desligue.

Coloco meu telefone em meu bolso, respirando fundo. Kellin para ao meu lado, me olhando, ele parece meio preocupado.

-Você vai fazer alguma coisa hoje à noite?-Kellin me pergunta.
-Não, meus pais vão estar trabalhando- eu digo olhando para o chão.
-Eu podia falar com o Nick, a gente podia fazer alguma coisa junto dos outros.
-Eu não quero fazer nada, não me importo muito com uma festa.
-Okay- ele me olha, sinto que ele não parece convencido com a minha resposta.

O sinal toca mais uma vez, ele se despede de mim antes de ir em direção a sua sala, eu aceno para ele. A aula passa rápido, diferente do jeito que eu me sinto, não queria estar me sentindo assim, mas eu não sei se consigo parar.
Saio da sala sem pressa, Kellin me espera na porta, lhe dou um pequeno sorriso, terminando de colocar as coisas na mochila.

-Eu posso ir embora junto com você, se você quiser, claro- ele diz.
-Okay- eu digo saindo da escola.

Andamos em silêncio, Kellin parece distraído, eu o olho sentindo borboletas em meu estômago, ele se vira para mim, um sorriso se forma em seu rosto, assim como no meu, olho para a frente ainda notando que o sorriso permanece em meus lábios.

-Vic, você tem certeza de que você está bem?- ele me pergunta.
-Sim, porque?
-Você parece estar querendo ir pelo caminho mais longo- ele para me olhando- Okay, vem.-ele pega minha mão, me puxando.
-Onde nós estamos indo?
-Você vai ver- ele diz sorrindo para mim.

Ele me puxa para o lado oposto de minha casa, continuamos a andar sem notar que continuamos dando as mãos.
Paramos em um parque, olho ao redor vendo algumas pessoas andando de skate, alguns garotos estavam sentados em um banco perto das grades ao redor do parque.

-Eu estou com fome- Kellin diz- a gente podia comer alguma coisa e voltar aqui depois, vai estar mais vazio.
-Okay- digo, balançando a cabeça.

Entramos em uma lanchonete ali por perto, pedimos alguma coisa para comer, uma garota morena no caixa diz o preço, eu e Kellin pegamos a carteira dos bolsos.

-Eu pago para você- ele diz pegando o dinheiro da carteira.
-Kellin, eu posso pagar minha própria comida.
-Não, é seu aniversário, eu pago.- ele diz entregando o dinheiro para a garota no caixa.
-Por que você está fazendo tudo isso?- eu o pergunto assim que nos sentamos em uma das mesas.
-Eu sei que você disse que não se importa com tudo isso, mas dá para ver que isso, claramente, está te afetando.
-Não é o fato de eu não comemorar, mas eu só queria que meus pais estivessem em casa- eu digo olhando para a mesa- eles tem trabalhado bastante, eu sei que eles precisam, mas às vezes sinto falta de os ver em casa.

Ele pega a minha mão, a apertando, o que me conforta um pouco.
Comemos, conversando sobre qualquer coisa, me distraindo do assunto de antes, me esquecendo dos sentimentos de antes, agora tudo que posso notar é Kellin, como seu sorriso tem mudado em minha visão, ele parece mais bonito, me fazendo rir mesmo quando não tenho motivos para fazê-lo.
O parque parecia praticamente vazio agora, nos sentamos no banco perto das grades, me encosto nelas, que se curvam levemente com o peso sendo colocado sobre as mesmas.

-Obrigado- eu digo olhando para Kellin- obrigado por tudo, eu acho que eu realmente precisava disso.

Ele me olha com um sorriso em seu rosto, eu o retribuo, olho para seus olhos me perdendo neles, posso sentir as borboletas em meu estômago querendo sair pela minha boca. Ele olha para meus lábios, posso notar minha respiração parar por um momento.
Nossos rostos se aproximam, meu coração bate mais rápido, nossas testas se juntam e nossos lábios se aproximam mais um do outro, eu olho para seus lábios, eles parecem tão convidativos, me fazendo aproximar-me. Ele põe sua mão em minha bochecha, fazendo tudo que estava acontecendo parecer mais real. Toco o seu rosto, sentindo a sua pele na ponta dos meus dedos, ele dá um pequeno sorriso, se aproximando mais, ao ponto que agora posso sentir a sua respiração contra a minha.
O som do telefone tocando, faz com que ele tire a sua mão do meu rosto, se afastando, eu acabo por fazer o mesmo. Ele põe a mão no bolso pegando o seu telefone, posso ver o sorriso em seu rosto desaparecer quando ele olha para a tela, se levantando.

-Desculpa- ele diz me olhando- eu tenho que atender.

Eu balanço minha cabeça, ele anda para outro lado, atendendo a ligação. Minha cabeça parece rodar em círculos, com o desejo de voltar para segundos atrás e apenas terminar o que estava a acontecer.

-Eu tenho que ir embora- Kellin diz voltando para onde nós estávamos- Era meu pai, ele estava querendo saber onde eu estou.
-Tudo bem, já tá tarde, é melhor a gente ir embora.- eu digo me levantando.

Pego minha mochila a colocando nas costas, eu o olho, ainda sentindo o desejo de antes, ele me olha, penso ter visto o mesmo olhar em seus olhos, mas percebo que estou errado quando ele se vira para a saída do parque.
Respiro fundo, seguindo-o. Andamos em silêncio, afinal o que seria a melhor coisa a se dizer?

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