MIGUEL
As pessoas sempre repetem a mesma coisa, dizem que seguir em frente é a melhor solução, mas como eu poderia seguir em frente com um passado mal resolvido?
Como eu poderia seguir em frente sabendo que a minha irmã não está mais comigo e que possivelmente foi alguém que à tirou de mim.
Fazia exatamente quatro meses que a Amanda morreu, os policiais acreditam que ela tirou a própria vida apesar de eu ter reconhecido a sua letra na tal carta que ela deixou, eu conheço a minha irmã suficiente para saber que ela jamais faria isso.
Desde então tenho tentado descobrir quem estaria por trás da morte da minha irmã, e por qual motivo? Amanda era uma mulher doce, educada e trabalhadora.
Na cidadezinha onde ela morava ninguém tinha desavença alguma com ela.
Mas alguém a matou, disso eu tinha certeza. É com essa certeza que eu tenho que conviver todos os dias sabendo que o responsável está por aí.
Ainda hoje estive em San Cristóbal de las Casas a antiga cidade onde ela morava, em busca de pistas mas infelizmente mas uma vez não encontrei absolutamente nada.
E como se não bastasse mais um estresse com resultados fracassados, no meio da estrada encontrei uma garota com o carro quebrado.
Eu não tive opções a não ser ceder uma carona, por sorte ela estava indo para Cuetzalan minha cidade.
Era por volta das sete da noite quando parei a moto há poucos quilômetros da minha casa agora já não chovia mais, a garota desceu cambaleando um pouco e arrumou os cabelos castanhos que estavam com vários fios fora do lugar.
— Nossa! —exclamou sorrindo. — Confesso que eu jamais tinha andado de moto antes, mas a sensação é única.
Apenas assenti enquanto eu retirava o meu capacete.
— Você não é muito de falar não é mesmo? —questionou sem jeito, mas logo deu de ombros. — Olha você sabe se tem alguma pousada por aqui por perto? Já está tarde, é impossível conseguir um apartamento há essa hora.
— Tem uma, mas a dona está viajando então a pousada está fechada.
Suspirei fundo, eu já estava com tantos problemas para resolver tenho o meu trabalho, tem os meus sobrinhos que juntamente com a minha mãe tento confortá-los pela perda da mãe.
Tantas coisas ao mesmo tempo, e ainda tem o caso mal resolvido da morte da Amanda.
Tudo isso são coisas suficientes para me deixarem quase maluco.
Mesmo assim essa garota não tem culpa de nada, não posso ser mal educado com ela descontando todas as minhas frustrações em alguém que não tem nada haver com a minha vida.
Mas era muito difícil não pensar no que aconteceu com a minha irmã, éramos tão apegados. Apesar de não morarmos na mesma cidade, éramos muito unidos.
Sinto falta do som da risada dela, das brincadeiras sinto falta de quando ela vinha visitar a mim e a nossa mãe, não consigo entender como alguém poderia ter sido tão horrendo ao ponto de fazer algo tão monstruoso.
Amanda tinha sonhos, uma vida inteira pela frente e três filhos maravilhosos.
— Droga. —praguejou me fazendo voltar a realidade. — O que farei agora?
A garota parecia frustrada, só então parei para reparar na mesma. Apesar de parecer uma atrapalhada era uma moça bonita.
Tem olhos azuis bonitos, um rosto delicado o nariz levemente arrebitado que poderia lhe ser atribuido como um charme. Sua pele era clara, ela era baixa e muito jovem deveria ter vinte e poucos anos.
Me pergunto o que essa mulher fazia sozinha no meio de uma estrada deserta e agora ela me parecia sem nenhuma opção.
Parece loucura o que estou pensando, mas ela não tinha onde ficar, certo que cogitei deixá-la na estrada algumas horas atrás mas era porque a minha cabeça estava ocupada demais com os meus próprios problemas.
Mas agora revendo os meus conceitos, percebo que não posso deixá-la sozinha rondando pela cidade a mercê da própria sorte.
Então acabo tomando uma decisão, talvez eu esteja sendo precipitado mas eu não poderia ignorar o fato que pode ser perigoso deixá-la sozinha.
— Eu moro aqui perto. —declarei hesitante. — Se você quiser pode passar a noite lá, amanhã você vai embora.
Ela estreitou os olhos para mim como se estivesse desconfiada.
— Por acaso isso é algum tipo de cantada barata? —indagou enquanto revirava os olhos.
Me controlei tentando não perder a minha paciência, últimamente eu andava muito sobrecarregado.
— Eu apenas estava tentando ser gentil. —respondi dando de ombros. — Mas se você não quiser não posso obrigá-la.
Coloquei o capacete novamente e quando eu estava prestes a subir na moto ouvi a sua voz.
— Espera! —voltei a minha atenção para ela que suspirou fundo. — Me prometa que é um homem de respeito.
Sinceramente, eu juro que tentei mas não contive um leve sorriso de lado que formou-se em meus lábios.
— Não se preocupe, prometo não encostar um único dedo em você. —asseverei. — Além do mais, não ficaremos sozinhos, moro com os meus três sobrinhos e a minha mãe.
— Então você é mesmo irmão da Amanda? —perguntou curiosa, no mesmo instante fiquei tenso. — Eu fiquei sabendo que os filhos dela foram morar com o tio que no caso é você e a sua mãe.
Apenas assenti, ela percebeu que eu não queria falar sobre o assunto por isso calou-se e logo subimos na moto. Ela segurou com tanta força em minha cintura que quase me deixou sem ar.
— Será que você poderia diminuir o aperto?
— É que eu tenho medo de cair. —explicou ainda agarrada a mim.
Resolvi deixar aquilo de lado e segui a até a minha casa, em poucos minutos estávamos parados em frente ao portão que levava ao quintal onde as crianças costumam brincar.
Levei a moto até a garagem e pedi que ela me seguisse até o interior da casa. Graças ao meu trabalho como advogado tenho sustentando a minha mãe e os meus sobrinhos sem lhes deixar faltar nada.
Mal coloquei os pés na sala que as crianças correram alegres em minha direção. Essas crianças são grandes bênçãos na minha vida.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomanceBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...