BÁRBARA
— Querida. —chamou me fazendo encará-la. — Eu sei que não tenho direito de te pedir isso, mas mesmo assim eu quero te pedir um favor.
— A senhora sabe que pode pedir o que quiser a mim.
Ela suspirou outra vez segurando a minha mão com mais firmeza.
— O Miguel é cabeça dura, mas eu quero pedir a sua ajuda para tentar fazer o meu filho voltar a viver outra vez. Quero que seja amiga dele, e o ajude a sair de toda aquela tristeza. —explicou me olhando suplicante. — Você me parece ser uma boa garota, me ajude a ajudar o meu filho.
Sei que pode parecer egoísta depois de tudo o que ela está fazendo por mim, mas tudo o que eu queria era negar aquele pedido.
Como eu poderia ajudá-lo a sair de tamanha tristeza se não sou nenhum exemplo de felicidade?
Claro que estou aprendendo a vencer esse mundo dia após dia, mas ainda sou uma simples aprendiz. O que ela estava me pedindo era uma tarefa quase impossível.
Mas por outro lado como eu poderia me negar a ajudar essas pessoas que também me ajudaram, eles me deram um teto, um emprego e não me viraram as costas em nenhum momento.
Fosse como fosse eu devia algo a eles. E de qualquer maneira, ela estava me pedindo para ajudar a fazer o filho enxergar toda a vida que ainda tem pela frente.
— Não posso prometer que vou conseguir. —sorri para ela. — Mas prometo que irei tentar o máximo que eu puder para tentar ajudar não só o seu filho, mas a senhora também.
Ela me abraçou emocionada.
— Hoje mais cedo você disse que nós éramos anjos na sua vida. Mas você estava enganada, pois você é quem é o verdadeiro anjo.
Eu sorri sem graça.
— Nossa olha só a hora! São quase meio dia. —disse um pouco alvoroçada ao avistar a hora no relógio de parede. — Preciso ir buscar as crianças no colégio. Geralmente eu fecho a floricultura nesse horário para cuidar das crianças, mas você consegue dar conta no restante da tarde?
— Claro que sim, você pode ficar tranquila com as crianças.
Ela me agradeceu mais algumas vezes e saiu apressada para ir buscar os netos no colégio. Aproveitei que era hora de almoço e almocei em um restaurante perto da floricultura.
O restante do dia foi tranquilo, no final da tarde eu estava atrás do balcão revendo algumas encomendas no caderno.
— Vamos.
Sobressalto assustada ao ouvir uma voz grave na minha frente, levo a mão ao meu peito sentindo o meu coração bater aceleradado. Ergui a minha cabeça dando de cara com o dono da voz que me olhava com o olhar sério de sempre.
— Nossa, você quase me matou do coração. —acusei um pouco irritada. — Você deveria parar de fazer isso.
— Também acho que você deveria parar de se assustar até da própria sombra. —rebateu ríspido. — Agora vamos logo para casa, tive um dia cansativo.
Só então reparei nele, Miguel estava belíssimo em um terno preto que lhe caía muito bem, confesso que me surpreendi ao vê-lo daquele jeito justo eu que não achava que ele poderia ficar ainda mais bonito.
Logo de manhã quanto ele saiu não quis ser inconveniente em observá-lo como estou sendo agora.
— Por quê está me olhando tanto? —perguntou desconfiado com a testa franzida.
Limpei a garganta e desviei os meus olhos para o lado envergonhada por ter sido pega no flagra.
Péssimo Babi, péssimo!
— Nada demais. —respondi com a voz baixa e fechei o caderno o guardando em uma gaveta, em seguida dei a volta no balcão. — Vamos embora.
Ele assentiu passando na minha frente, ao sairmos tranquei a floricultura e o segui até o seu carro. Agradeci mentalmente por não ser a moto porque depois da vergonha que passei lá dentro eu não queria ir o caminho todo o agarrando pela cintura.
Estava começando a escurecer, a rua já estava pouco movimentada quando entramos no carro.
— Como sabia que eu estava aqui? —questionei curiosa.
— A minha mãe me ligou para que assim que eu saísse do trabalho viesse te buscar. —explicou.
— Ah sim.
Ficamos em silêncio sem termos o que falar, mas eu logo lembrei que eu havia prometido a senhora Lorena que eu me tornaria amiga do seu filho e o ajudaria. Ao menos terei que tentar.
E foi com esse propósito que eu engoli toda a minha vergonha e voltei e falar.
— Eu estava pensando... —comecei hesitante. — Sabe, é que eu acabei de chegar aqui na cidade e não conheço absolutamente nada daqui, e já que amanhã é sábado será que sei lá, você não poderia me mostrar a cidade?
Assim que terminei de falar olhei para ele que estava concentrado na estrada enquanto dirigia, a minha vontade era de pular da janela desse carro de tanta vergonha que estou sentindo.
Mas prometi a mãe dele não prometi?
Depois de quase um minuto esperando por sua resposta finalmente ele se prepara para falar.
— Amanhã eu já tenho planos.
— Que planos? —perguntei exasperada, ele imediatamente olhou brevemente para mim apenas sorri sem graça. — Desculpe, eu não quis ser intrometida.
Ele não disse mais nada. Novamente fiquei em silêncio.
Fala sério, também esse homem não facilita.
Mas quer saber de uma coisa? Eu não posso desistir assim tão fácil oras, justo eu que aguentei anos e anos de moon booom humilhação dos meus tios enquanto esperava a minha grande vitória chegar.
Eu mais do que ninguém sei o quanto eu sou insistente, não posso simplesmente desistir na primeira tentativa.
— Olha, acontece que desde que os meus pais morreram ninguém nunca se importou em fazer algo por mim. —suspirei fundo tentando soar mais dramática. — Eu entendo que você já tem planos, me desculpe se fui incoveniente ao te pedir para me mostrar a cidade.
Certo, eu sei que é golpe baixo envolver os meus pais nesse assunto, mas acho que isso é para um bem maior.
Mas parece que o meu plano de chantagem emocional não funcionou já que ele ficou em silêncio. O restante do caminho pareceu uma eternidade até que finalmente ele estacionou o carro na garagem.
Assim que tirei o cinto para descer, ele segurou suavemente em meu braço.
— Amanhã combinamos o horário.
Fiquei parada estática por alguns segundos até que um largo sorriso surgiu em meus lábios.
— Sem problemas! —exclamei empolgada.
Ao menos o primeiro passo eu já dei, espero que os meus planos para amanhã dêem certo.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomanceBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...