Capítulo 17

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BÁRBARA

Eu mal podia acreditar que novamente aquilo estava acontecendo, estávamos nos beijando pela segunda vez.

Pensei muito antes de tomar essa iniciativa, percebi que a vida é mais curta do que podemos imaginar, a vida pode durar apenas mais alguns minutos, segundos, horas, semanas meses e até anos mas como saber quais dessas opções serão nossas?

O acidente de ontem apenas me fez perceber que por um fio nós não morremos. E então morreríamos deixando tantas coisas pendentes, inclusive esse sentimento que tanto me consome.

Miguel separou-se de mim e juntou nossas testas, ambos estávamos ofegantes os seus olhos estavam concentrados nos meus, até que então ele afastou-se de vez de mim.

Olhei para ele em expectativa com um largo sorriso dominando os meus lábios.

— Desculpa, mas não podemos ficar juntos. —asseverou fazendo com que o meu sorriso murchasse imediatamente. — Eu já lhe disse, no momento as minhas prioridades são outras, sinto muito.

Dizendo isso ele simplesmente saiu do quarto me deixando parada com o coração partido. E mais uma vez, ele havia feito a sua escolha a escolha a qual eu não estou incluída.

Me sentindo decepcionada joguei-me na cama e cobri o meu rosto com as minhas mãos, minha vontade era gritar de raiva.

Que Idiota!

Tenho certeza que ele também gosta de mim, mas é tolo o suficiente para recusar um sentimento tão bom por uma caça ao assassino.

Talvez eu fosse egoísta por estar pensando só em mim nesse momento, mas isso não importa porque também sou humana ou seja, também tenho os meus erros.

Passei o restante do dia trancada dentro do quarto, só saí há noite na hora do jantar pois eu não queria parecer uma mal educada até porque as outras pessoas da casa não tem culpa do Miguel ser um tolo.

No jantar o clima estava estranho tanto eu como Miguel não nos olhavamos, claro que a senhora Lorena não questionou e eu achei melhor assim não queria discutir isso com ela.

Depois do jantar ajudei a lavar a louça e em seguida fui para o meu quarto, me deitei ao lado de Laura que me olhou com a sobrancelha erguida.

— Tia Babi, você e o tio Miguel estão brigados?

Paralisei no mesmo instante ao ouvir a pergunta, será que estava tão óbvio assim até mesmo para uma criança ter percebido?

— Não, querida. —menti na cara dura. — Por quê perguntou isso?

Ela deu de ombros.

— Vocês dois pareciam chateados, mas que bom que vocês não brigaram. —Laura sorriu. — Boa noite, tia.

— Boa noite, linda. —beijei rapidamente a sua bochecha, não demorou para que ela dormisse.

Entretanto não tive a mesma sorte pois eu estava sem sono, pensei em ir até a cozinha para tomar um pouco de água mas logo desisti com receio de encontrar com o Miguel.

Essa situação já estava ficando ridícula, como poderíamos nos evitar se moramos na mesma casa? E ainda tem as crianças que não irão demorar para perceber o clima estranho entre nós dois.

E foi exatamente pensando nisso que tomei uma decisão. Vou embora.

Estava mais do que na hora de eu seguir com a minha própria vida, já dependi dessa família demais. Mesmo eles terem me recebido com tanto amor, estava na hora de me virar sozinha.

Pelo menos já tenho um emprego, posso me sustentar sozinha, afinal foi para isso que saí da minha antiga cidade.

Como será que estão todos por lá? Será que os meus tios ao menos sentem a minha falta?

Sorri sem humor ao pensar nisso, claro que eles não sentem a minha falta, devem sentir falta da empregada que tinham.

Como eu sou tonta por achar que eles se importam comigo ao menos um pouco, sou mais ingênua do que pensei.

Ao menos acho que os únicos que devem sentir a minha falta são o senhor Antônio e a senhora Hilda já que eles são as únicas pessoas que se preocupavam comigo.

Soltei um suspiro cansada e tentei dormir, porque amanhã preciso ter uma conversa séria com todos. Já estava decidido, eu iria embora.

[...]

No dia seguinte eu estava determinada em cumprir a minha palavra, por isso ainda de manhã antes das crianças saírem para o Colégio decidi reunir todos para a conversa.

Eu fiz questão que as crianças também estivessem já que também preciso me despedir de cada um.

— Diga Babi, o quê você tem de tão urgente para falar conosco? —perguntou a senhora Lorena apreensiva.

Minha nossa nunca pensei que seria tão difícil me despedir dessas pessoas que já haviam se tornado uma família para mim.

Respirei fundo tentando conter as lágrimas, e encarei cada um deles que me olhavam curiosos.

— Antes de tudo quero agradecer a cada um de vocês por terem me recebido aqui de braços abertos, durante o tempo que passei aqui considerei cada um de vocês como a minha família. —comecei a falar, mas não evitei que algumas lágrimas escapassem. — Foi muito bonito tudo que vivi ao lado de vocês, mas agora eu preciso seguir o meu caminho.

— Você vai embora? —Thomás perguntou surpreso. — Vai deixar a gente?

Naquele momento desmoronei, me abaixei ficando na altura deles.

— Venham aqui crianças. —chamei e abri os meus braços puxando os três para um abraço apertado. — Eu ainda vou continuar na cidade, só vou morar em outra casa vocês podem me visitar quando quiseram.

— Você não pode ficar aqui com a gente? —Rafael perguntou com os olhos cheio de lágrimas.

— Infelizmente eu preciso ir, mas eu nunca vou esquecer de nenhum de vocês está bem?

— Promete, tia? —Laura me olhou com tristeza.

— Prometo. —os abracei outra vez, e assim que nos afastamos dei um beijo na testa de cada um.

Me levantei e fui até a senhora Lorena, Miguel que estava ao lado dela e estava sério parecendo perdido em pensamentos.

— Agradeço a senhora por tudo, pela amizade, hospitalidade, emprego e por todo o carinho que tenho recebido da senhora.

Ela me olhou emocionada sem conter as lágrimas e me abraçou apertado. Nunca gostei de despedidas, mas essa estava mais dolorosa do que eu poderia imaginar.

Mas eu não poderia mais voltar atrás, era uma decisão que eu mesma havia tomado.

Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora