MIGUEL
— Tio Miguel! —Laura a menorzinha pulou em meus braços, beijando a minha bochecha assim que à peguei. — Senti a sua falta.
A menininha tinha cinco anos, a cópia da mãe com lindos cabelos loiros encaracolados e olhos verdes encantadores.
Me abaixei colocando-a no chão e puxei Thomás e Rafael para um abraço. Eles são gêmeos, tem sete anos diferente da irmã eles tem cabelos escuros e lisos.
— Se comportaram bem com a Vovó?
— Claro que sim tio, você sabe que já somos quase adultos. —respondeu Rafael.
— Tio? —virei a minha cabeça para encarar a minha sobrinha que estava com olhos direcionados para a visitante. — Você trouxe uma namorada?
Antes que eu pudesse responder ela se aproximou de Laura se abaixando na frente dela sorrindo delicadamente.
— Olá princesa, o seu tio e eu não somos namorados ele só me deu uma ajudinha. —disse ela ainda sorrindo. — O meu nome é Bárbara, mas você pode me chamar de Babi. Qual o seu nome?
A minha sobrinha sorriu parecendo um pouco tímida.
— Laura. —respondeu. — Você vai ficar aqui com a gente?
— Só por hoje, tudo bem para você? —perguntou, enquanto Laura apenas assentiu. Logo a atenção de Bárbara foi para os garotos. — E vocês rapazes, como se chamam?
— O meu nome é Thomás, e esse é o Rafael somos gêmeos mas eu acho que sou mais bonito que ele.
Bárbara gargalhou eu também não evitei de sorrir. Essas crianças são bênçãos na minha vida, eles sentem tanta a falta da mãe mas tentam lidar com isso da melhor forma possível.
Amanda sempre foi uma mulher forte, foi abandonada pelo marido assim que Laura nasceu, ela sempre se virou bem com as crianças apesar de eu sempre insistir que ela viesse morar comigo e com a nossa mãe mas ela sempre recusou.
Claro que sempre que ela precisasse nossa mãe ficava um bom tempo na casa dela ajudando com as crianças mas ela tinha a sua floricultura aqui então não poderia passar tanto tempo por lá.
— Miguel! —olhei na direção da escada onde a minha mãe descia apressada, mas logo ela percebeu a presença de Bárbara e franziu a testa. — Trouxe visita querido?
A minha mãe é o meu porto seguro, uma mulher trabalhadora e forte que está lidando com a perda da filha como pode. Eu perdi uma irmã, as crianças perderam uma mãe mas ela perdeu uma filha.
Não consigo imaginar a dor que ela está sentindo, mesmo parecendo forte por fora sei que ela está destruída por dentro.
— Muito prazer senhora. —ela aproximou-se da minha mãe estendendo a mão em sua direção. — Sou a Bárbara.
A minha mãe apertou a mão da garota e sorriu.
— Sou a Lorena.
— Mãe, eu conheci a Bárbara hoje ela é nova na cidade e ela não tem onde dormir, será que ela poderia dormir ao menos essa noite conosco?
— Querido, essa casa é sua. —respondeu enquanto sorria. — E de qualquer maneira, ela me parece uma boa pessoa.
— Muito obrigada senhora. —agradeceu contente. — Juro que não faço mal a uma mosca.
A minha mãe soltou uma risada. Por mais que ela sorrisse, os seus olhos eram tristes.
Amanda era loira igual a nossa mãe, herdei as características do meu falecido pai.
— Nossa vocês estão molhados, venha Bárbara vou procurar algumas roupas secas para você.
Bárbara não teve tempo de contestá-la pois quando percebeu já estava sendo arrastada pela escada.
— Ei, tio. —Thomás cutucou o meu braço. — Ela é uma moça muito bonita, vocês estão namorando?
Baguncei o cabelo do garoto, eu sabia que aquilo o irritava.
— Não, não estamos. Parem de perguntar essas coisas e vão lavar as mãos daqui há pouco vamos jantar.
Subi as escadas antes que as crianças me interrogassem sobre a minha suposta amiga. Ela não me pareceu ser uma má pessoa, mas parece um pouco perdida.
Seja como for isso não é da minha conta, já tenho problemas demais para a minha vida e já é o suficiente.
Segui até o meu quarto e tomei um banho demorado, acabei pensando sobre o dia de hoje. Infelizmente não consegui descobrir nada sobre a morte da minha irmã.
A única coisa que descobri até agora é que ela estava investigando por conta própria alguma coisa ilegal, ao menos foi isso que uma de suas colegas do jornal onde ela trabalhava me disse.
Amanda amava o que fazia, ela era jornalista investigativa amava tanto o seu trabalho que ao que tudo indica morreu por causa dele.
Ela tinha uma curiosidade e senso de justiça inabalável e isso foi a sua grande ruína.
Mas de uma coisa eu tinha certeza eu não iria desistir tão fácil de chegar até a verdade, a minha irmã merece isso. Por isso prometi para mim mesmo que eu encontraria o culpado.
Encontrarei a pessoa que nos fez sentir tanta dor, não importa o tempo que leve mas eu nunca irei desistir.
Depois de tomar banho coloco qualquer coisa que encontro no guarda roupa e desço para jantar, provavelmente todos já estão me esperando.
Ao chegar na mesa, avistei a minha família sentada ao lado da minha mãe estava Bárbara usando um vestido florido.
Acredito que a mochila que ela carregava se tratava das suas "bagagens".
— Vocês estão sendo muito gentis por me deixaram ficar aqui. —confessou olhando diretamente para mim.
Não respondi nada, e logo comecei a me servir todos fizeram o mesmo. Comemos em silêncio, era assim todas as noites na hora do jantar ninguém se atrevia a falar nada, ainda estávamos tentando nos reerguer depois da nossa perda.
— Então Bárbara... —começou a minha mãe me surpreendendo já que ela não era muito de conversar desde a nossa perda. — Você era de onde?
— A senhora pode me chamar de Babi se quiser, era assim que todos me chamavam.
— Babi. —repetiu com um sorriso leve nos lábios. — Você morava onde?
— Eu sou de San Cristóbal de las Casas. —respondeu, a minha mãe imediatamente ficou tensa.
Provavelmente porque lembrou que a nossa Amanda morava lá.
— A gente também morava lá. —disse Laura. — Mas quando a mamãe virou uma estrelinha viemos morar com o tio Miguel e a Vovó.
Após as palavras da Laura todos ficaram em silêncio, a minha mãe comprimiu os lábios tentando evitar as lágrimas.
Lembrar dela ainda doía, eu acho que sempre vai doer.
— Com licença. —ela levantou-se e saiu apressada subindo as escadas.
Provavelmente estava indo chorar de saudades da filha que nunca mais veria.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomanceBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...