Capítulo 7

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BÁRBARA

Aquilo partia o meu coração, uma família tão bonita porém sofriam demasiadamente pela a perda de um dos membros da família.

Perder alguém que amamos causa um vazio enorme no coração, queremos abraçar essa pessoa mas não podemos, queremos dizer que à amamos mas não podemos porque ela já não está mais aqui.

E essa dor eu conhecia muito bem, e convivo com ela todos os dias. Essas pessoas me parecem serem tão boas, mas estão sofrendo tanto.

Soltei um suspiro e olhei para o meu lado vendo que a pequena Laura já dormia.

Miguel me explicou que nesta casa havia quatro quartos, um dele, outro da mãe, outro dos gêmeos e outro da Laura.

A loirinha muito educada, ofereceu o seu quarto para eu dormir com a explicação de que a sua cama era grande e cabia muito bem nós duas.

Ela estava em um sono profundo abraçada com um ursinho de pelúcia que ela acabou me confidenciando ser um presente da sua mãe.

Pobre crianças...

Aquilo apertava o meu coração saber que eles crescerão sem mãe. Eu sabia o quão horrível era aquilo, mas no meu caso eu ainda pude conviver com os meus pais até os meus quinze anos, no entanto, essas crianças tiveram tão pouco tempo com a mãe.

Me pergunto aonde estaria o seu pai, ninguém não o mencionou em nenhum momento. Será que ele também havia morrido?

Voltei a encarar o teto, eu realmente estava sem sono. Talvez tenha sido pelo o agitado dia que tive, no impulso acabei deixando a minha cidade, para tentar viver um recomeço em minha vida.

Uma jornada em busca da minha própria felicidade.

Apesar de não ter saído como planejado, não me arrependo da minha decisão. Eu não poderia continuar na casa dos meus tios, eles nunca conseguiram reconhecer os meus esforços para agradá-los.

Beijei rapidamente a testa da garotinha ao meu lado e me levantei da cama, eu não conseguiria dormir mesmo.

Saí andando devagar para não fazer nenhum barulho, o quarto da Laura ficava na parte de baixo da casa, segui até a cozinha para tomar um pouco de água.

Mas assim que cheguei na cozinha e acendi a luz soltei um grito mas ele foi mais rápido e cobriu a minha boca com a palma da mão.

— Não grite, ou irá acordar as crianças. —avisou tirando a mão da minha boca em câmera lenta.

O meu peito subia e descia freneticamente, eu havia me assustado ao acender a luz e ver um homem parado no meio da cozinha.

— Nossa você me assustou. —murmurei levando a mão para o meu peito onde o meu coração batia acelerado. — Por quê estava com a luz apagada?

— Não foi a minha intenção assustá-la, vim apenas tomar um copo de água. —explicou.

Esse homem era estranho, o que lhe custava acender a luz?

De qualquer maneira não era da minha conta, a casa é sua e ele pode agir como bem entender. Eu deveria ser grata e não intrometida já que ele teve a gentileza de me deixar dormir aqui por essa noite.

— Também não conseguiu dormir certo? —questionei cautelosa.

Ele assentiu soltando um suspiro cansado.

— Sei o quanto deve estar sendo difícil para vocês segurar essa barra. —comentei olhando em seus olhos. — Sei exatamente como vocês se sentem.

— Não, você não sabe. —rebateu entristecido.

— Sei mais do que você imagina. —confessei o deixando confuso. — As pessoas dizem que desabafar com um estranho pode ser bom, então não vejo mal em te falar sobre mim. Claro se você quiser saber.

— Sinta-se a vontade.

Puxei uma cadeira da mesa para me sentar e ele fez o mesmo sentando-se ao meu lado.

— Sabe, minha vida costumava ser mil maravilhas nunca tive muito dinheiro mas eu tinha o amor dos meus pais e isso era o suficiente, eu era absolutamente feliz. —comecei sentindo o meu peito apertar ao ser invadida por lembranças. — Até que a felicidade foi arrancada de mim de maneira brutal, eu tinha apenas quinze anos quando recebi a notícia da morte dos meus pais, infelizmente eles morreram em um acidente.

Respirei fundo tentando controlar as lágrimas, mas foi em vão. Sequei rapidamente o meu rosto e suspirei fundo.

— Sinto muito. —disse com sinceridade me observando compreensivo.

— Eu também sinto. —murmurei e sorri com tristeza. — Tive que morar com o meu tio, que nunca fez questão de esconder que a minha presença não era bem vinda na sua vida, passei anos sendo desprezada e humilhada pela a minha própria família, até que agora finalmente decidi que era hora de tentar ser feliz pela primeira vez depois de tanto tempo.

Desabafei tudo o que estava guardado dentro de mim, aquilo de fato me aliviou eu realmente me sentia mais leve.

— Eu realmente sinto muito por tudo que você tenha passado. —confessou olhando em meus olhos. — Mas... Sobre os seus pais, como você conseguiu superar?

Forcei um sorriso.

— Eu não superei. Sabe, a gente nunca supera a perda de alguém que amamos, apenas aprendemos a viver com a ausência nos contentando apenas com as lindas lembranças que ficaram.

— Mas dói tanto... —sussurou desesperado, logo lágrimas começaram a descer sobre o seu rosto. — Sinto tanta falta da minha irmãzinha.

Eu não tinha palavras para confortá-lo, infelizmente não existem palavras certas para esses casos. Por mais que digamos palavras de conforto a dor ainda permanece lá.

— Posso te dar um abraço? —perguntei apreensiva.

Miguel se mostrou um homem reservado desde o momento em que nos conhecemos, mas agora sei que ele só estava machucado demais.

Ele não me respondeu, mas me surpreendeu quando ergueu-se da cadeira e com delicadeza me puxou para um abraço.

Ele me apertou com força mas não a ponto de me machucar, passei os meus braços ao redor do seu corpo e também o apertei da maneira que pude, senti lágrimas inundarem os meus olhos.

Certamente Miguel estava no mesmo estado já que eu o sentia estremecer em meus braços enquanto soluçava. Eu sentia tanto por ele, ninguém merece sofrer tanto.

Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora