BÁRBARA
— Minha querida, tem certeza que precisa mesmo ir? —perguntou assim que nos afastamos e secou as suas lágrimas. — Iremos sentir tanta a sua falta, para onde você vai?
— Ontem há noite eu falei com uma corretora de imóveis pelo celular e vou alugar uma casa aqui na cidade, a minha porta estará aberta para cada um de vocês.
— Então você está mesmo decidida? —questionou ela, apenas assenti. — Sendo assim não vou me intrometer na sua decisão, mas se mudar de idéia você sempre será bem vinda.
— Obrigada, vou me lembrar disso. —agradeci e me virei para o lado parando em frente a Miguel. — Bom, também te agradeço por tudo já que foi você quem me resgatou do meio da estrada.
Ele apenas assentiu sem coragem para me encarar.
Me despedi outra vez dando um abraço em cada um novamente e em seguida a senhora Lorena saiu para levar as crianças para o colégio cada um mais triste que o outro.
E aquilo partia o meu coração, eu não queria deixar nenhuma dessas pessoas tristes que tanto me fizeram bem.
Ela me ofereceu uma carona mas recusei afirmando que daria o meu jeito.
Fui até o quarto que até ontem eu dividia com Laura e arrumei as minhas coisas na mochila isso me fez lembrar de quando saí da casa da meu tio, nunca imaginei que o meu caminho cruzaria com os dessas pessoas.
Assim que arrumei tudo, coloquei a mochila nas minhas costas mas assim que abri a porta do quarto dei de cara com Miguel parado em frente a porta.
— Você não precisa ir embora por minha causa. —disse ele olhando em meus olhos.
Soltei uma risada sarcástica.
— Não seja tão convencido, eu não estou indo embora por sua causa. —retruquei tentando ser convincente, mas ele cruzou os braços e ergueu a sobrancelha sem acreditar em minhas palavras. — Está bem, também é por sua causa mas não é só por isso.
— Por quê então?
Suspirei fundo.
— Porque saí da minha antiga cidade em busca de um recomeço e está mais do que na hora de eu seguir com o meu próprio caminho. —expliquei o encarando.
— E você não pode seguir o seu caminho morando conosco? —questionou intrigado.
— Não entendo porque está aqui me perguntando essas coisas, achei que eu fosse uma distração para o seu objetivo. —confessei impaciente.
A verdade era que eu já estava cansada de tudo aquilo, uma hora ele demonstra interesse por mim e outra hora me ignora. Acho que no final das contas nem ele sabe o quê quer da vida.
— Por favor, não fale assim. —me olhou com tristeza. — Você sabe que você também é importante para mim.
— Será mesmo? —indaguei debochada. — Olha só, eu preciso ir. Obrigado por tudo.
E antes que ele dissesse qualquer coisa eu saí apressada daquela casa. Agora estava feito.
Peguei um ônibus e fui me encontrar com a Gláucia, a corretora de imóveis que conversei ontem. Ela me levou até uma casa simples, com dois quartos, um banheiro, sala e cozinha e também já estava mobiliada.
Achei perfeito e o preço do aluguel era ótimo, então logo fechamos negócio.
Já era quase meio dia, hoje eu não fui para a floricultura já que a senhora Lorena me ligou agora pouco e disse que eu poderia arrumar as minhas coisas por aqui e eu poderia voltar a trabalhar amanhã.
Apesar de eu estar feliz em ter me mudado eu sentia que essa casa estava tão vazia sem aquela família.
Parei de pensar naquilo e saí para ir ao mercado fazer algumas compras, assim que saí de casa notei um cachorro que estava prestes a atravessar a rua onde um caminhão estava à caminho.
Sem pensar muito corri apressada naquela direção e peguei o cachorro, acabei caindo para o lado sentindo o meu braço arder com o impacto nesse momento o caminhão passou.
— Essa foi por pouco amigão. —murmurei para o animal.
— Meu Deus, você está bem? —olhei para o lado ao ouvir essa voz me surpreendi com o que vi. — Bárbara?
— Tadeu?
— Venha deixa eu te ajudar. —ele me ajudou a levantar, eu ainda estava surpresa por termos nos encontrado novamente. — Sinto muito pelo o Toddy, acho que deixei a porta aberta e ele acabou correndo para a rua.
Ele me olhou arrependido enquanto acariciava o cachorro de pelos marrom claro.
— Não se preocupe, estamos bem.
— Veja só o seu braço está sagrando. —falou preocupado apontando para o meu braço.
— Isso não foi nada demais. —dei de ombros.
— Por favor, venha até a minha casa deixe eu cuidar desse machucado senão me sentirei culpado. —insistiu preocupado.
Pensei em negar mas vi que ele não me deixaria em paz.
— Está bem, você mora muito longe?
— Não, moro naquela casa logo ali. —ele apontou para uma casa ao lado da minha não me contive e soltei uma gargalhada.
Qual era a chance daquilo acontecer?
— Por quê você está rindo? —perguntou confuso.
— Você não vai acreditar, somos vizinhos acabei de me mudar.
Dessa vez foi ele quem gargalhou.
— Acho que o destino está ao nosso favor. —brincou sorrindo de maneira sedutora para mim.
— Por favor, tente não dar em cima de mim nos próximos cinco minutos. —desdenhei ele alargou o sorriso. — Lembre-se que sou uma pobre mulher machucada.
— Não posso prometer nada. —deu de ombros. — Agora vamos, tenho que cuidar de uma mulher machucada.
Sorri balançando a cabeça para os lados e o segui até a sua casa que era incrívelmente arrumada e o cheiro delicioso de comida estava pairando no ar.
Ele fez um curativo no meu braço e sorriu para mim.
— Prontinho. Para me redimir, o que acha de almoçar aqui comigo? —convidou. — Sem querer me gabar mas sou um ótimo cozinheiro.
— Vou aceitar então. —sorri para ele.
— Ótimo, venha bela dama. —ele segurou na minha mão e me conduziu até a mesa.
Enquanto almoçamos vez ou outra eu gargalhava com as piadas sem graça de Tadeu. Descobri que ele é professor de educação física, isso explicava o seu porte físico.
Era incrível que mesmo não nos conhecendo tão bem, eu esquecia dos meus problemas enquanto estava com ele.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomanceBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...