Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]

Capítulo 19

BÁRBARA

Já fazia aproximadamente um mês desde que me mudei da casa de Miguel, quase não nos vemos a não ser por uma ou duas vezes que ele visitou a floricultura da mãe, trocamos palavras formais nada além disso.

Mas infelizmente essas poucas vezes que nos vemos, senti o meu coração bater ainda mais forte em meu peito ao vê-lo, parecia que o meu coração gostava de ser desprezado.

Mas sei que mais cedo ou mais tarde conseguirei esquecer de vez esse sentimento que só me faz sofrer.

As crianças e a senhora Lorena me visitam vez ou outra, a presença deles enche a minha casa e a minha vida de alegria.

Enquanto ao Tadeu ficamos mais próximos nas últimas semanas, ele tem demonstrado um certo interesse por mim, mas infelizmente não posso retribuir.

Ele é um cara legal e divertido e me sinto muito bem quando estou com ele, mas o considero mais como um grande amigo nada além disso.

Hoje é sexta-feira e estou na floricultura é final de tarde, estou trocando algumas mensagens pelo celular com a senhora Hilda avisando que estou bem, sou interrompida quando ouço a porta ser aberta.

Levanto a minha cabeça e os meus olhos vão imediatamente ao encontro de Miguel, lindo como sempre usando uma camisa azul com uma jaqueta por cima.

Eu mal podia vê-lo que o meu coração traiçoeiro acelera algumas batidas, as vezes eu achava que isso era loucura da minha cabeça, como eu poderia gostar e me importar tanto com alguém que não faz questão da minha presença?

— Como você está? —questionou meio sem jeito aproximando-se do balcão.

Tentei não demonstrar o quanto ele me afetava, por mais que ele não tenha feito nada demais mas qualquer simples gesto vindo dele me fazia agir como uma adolescente apaixonada.

— Estou muito bem, e você?

Ele deu de ombros.

— Imagino que esteja. —resmungou com irônia, franzi a testa sem compreender. — Te vi jantando ontem em um restaurante com um cara, não sabia que você estava namorando.

Quase ri da careta que ele fez ao falar a última palavra, algo dentro de mim me deixava satisfeita em saber que ele estava ao menos um pouquinho incomodado com esse assunto.

— Na verdade o Tadeu é apenas um amigo, ao menos por enquanto. —provoquei dando de ombros

Notei quando ele fechou as mãos em punho e a sua respiração acelerou um pouco, me contive para não gargalhar.

— Mas o que veio fazer aqui? —questionei apoiando o meu braço sobre o balcão e olhei debochada para ele. — Não me diga que veio apenas para saber sobre a minha vida amorosa?

— Eu estava passando por aqui e resolvi verificar se você estava precisando de alguma coisa. —respondeu indiferente.

— Não, não preciso de nada mas obrigada por se preocupar. —forcei um sorriso e voltei a encarar o meu celular tentando ignorá-lo.

Eu sei que parecia infantil da minha parte, mas ele merece ao menos um pouquinho de desprezo, não?

Ele continuou parado na minha frente sem dizer mais nada, quando eu estava prestes a questioná-lo o seu celular tocou, assim que olhei para ele percebi que ele ficou tenso ao olhar  para o celular.

— Aconteceu alguma coisa? —perguntei preocupada.

Ele negou rapidamente mas a sua feição apreensiva me dizia outra coisa.

— Preciso ir. —avisou me dando as costas enquanto colocava o celular no ouvido.

Antes que ele saísse de vez da floricultura tive quase certeza que o ouvi mencionar o nome de Amanda durante a chamada.

Confesso que fiquei preocupada com a tal ligação misteriosa, de acordo com a senhora Lorena, Miguel continua mais obcecado do que nunca em encontrar o culpado da morte de Amanda.

Eu não deveria me intrometer mas eu não poderia deixar que algo acontecesse com ele, por mais ele não merecesse eu ainda me preocupava com ele.

E foi pensando nisso que eu saí apressada da floricultura fechei a loja e fui rapidamente até o carro preto que ele havia comprado fazia pouco tempo.

Bati na janela ele logo abaixou o vidro, ao me ver pareceu surpreso.

— Bárbara, aconteceu alguma coisa?

— Teria como você destravar a porta?

Mesmo confuso ele fez o que pedi, no mesmo instante entrei no carro me sentando ao seu lado, ele continuava a me olhar sem entender.

— Você é um idiota sabia? Continua colocando a sua vida em risco. —falei irritada, Miguel suspirou impaciente.

— Você não entende nada, vou encontrar com um homem que poderá me dar informações valiosas sobre a morte da minha irmã. —informou me deixando ainda mais apreensiva. — Por favor, saia do carro eu preciso ir.

Cruzei os meus braços e olhei determinada para ele.

— Sendo assim eu vou com você. —afirmei convicta. — E não há nada que você diga que me fará mudar de idéia.

— Bárbara, pelo amor de Deus não teste a minha paciência. —disse irritado.

— Já falei que eu vou com você.

— Por quê você simplesmente não me deixa em paz? —indagou perdendo a paciência.

— Será que você não consegue entender que você e a sua família são importantes para mim e não quero que nenhum de vocês se machuquem. —confessei sentindo-me cansada de toda aquela situação.

— Eu também não quero que você se machuque. —murmurou olhando diretamente para os meus olhos. — Então por favor, vá embora.

Eu podia ver o quanto ele estava me suplicando para deixá-lo ir, mas eu não conseguia. Aquilo me deixava louca, mas eu simplesmente não consigo explicar todos os sentimentos que sinto dentro de mim.

— Eu não vou embora.

Ao menos aquela era a única certeza que eu tinha na vida, que eu não iria deixá-lo.

— Por quê você é tão intrometida? —irritou-se.

Não me contive mais e soltei uma risada sarcástica.

— Eu não sou intrometida, sou só uma garota idiota que mesmo percebendo que você está prestes a pular de um precipício eu quero segurar a sua mão sabendo que corro o risco de cair junto com você. —falei de uma vez sentindo algumas lágrimas molharem todo o meu rosto. — E eu sou mais idiota ainda por amar você mesmo sabendo que você não merece pois tem desprezado tudo o que sinto.

Miguel não disse nada, apenas me puxou para um abraço desabei em lágrimas enquanto ele acariciava os meus cabelos com uma das mãos.