Capítulo 2

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BÁRBARA

Passei a tarde toda distribuindo currículos, quando os meus pés já não aguentavam mais fui até a padaria do senhor Antônio um senhor muito simpático.

— Olá, senhor Antônio. —cumprimentei sentando-me em frente ao balcão.

Ele sorriu para mim em resposta.

— Você parece cansada, Babi. —declarou franzindo a testa.

Soltei um suspiro e sorri fraco para ele.

— As coisas andam um pouco difíceis para mim, passei o dia todo procurando emprego e nada. —passei as mãos pelo rosto sentindo-me frustrada. — É que eu acho que já está mais do que na hora de eu ter a minha própria casa. Mas o salário que ganho não é suficiente.

O senhor Antônio me lançou um olhar penoso enquanto dava a volta no balcão parando ao meu lado. Ele colocou a mão no meu ombro e sorriu.

— Se eu pudesse eu te ajudaria menina. Mas infelizmente as coisas não estão boas para mim também.

Eu jamais pediria nada ao senhor Antônio, ele tem filhos e uma esposa para sustentar.

— Não se preocupe, o senhor já faz muito em ser meu amigo.

— Quando quiser algum príncipe para te salvar você sabe a quem recorrer. —estufou o peito e ergueu o queixo.

Sem me conter soltei uma alta gargalhada, erguendo-me da cadeira.

— Só o senhor para me animar. —dei um beijo rápido em sua bochecha. — Agora eu preciso ir, daqui a pouco irá anoitecer e tenho certeza que os meus tios ficariam loucos se todos não estivessem na volta triunfal do meu primo.

— O moleque vai voltar? —perguntou fazendo uma careta.

Assim como eu e Antônio, a maioria das pessoas da cidade não gostavam muito do filho do prefeito.

— Infelizmente, mas o que posso fazer? —ergui a sobrancelhas. — A casa é dele de qualquer maneira.

Ele meneou a cabeça para os lados.

— A casa é sua, Babi. —asseverou entristecido. — Não entendo como a sua mãe deixou aquela casa para o seu tio no testamento.

Nem eu.

Quando os meus pais morreram e o meu tio leu o Testamento, descobri que a casa que vivi a minha infância ao lado dos meus pais havia sido deixada para o meu tio.

Talvez a minha mãe achasse que ele cuidaria bem de mim, afinal ele era o seu irmão.

— Melhor não pensar mais nisso. —declarei esquivando-me do assunto. — Até mais ver, senhor Antônio.

— Até, Babi!

Assim que cheguei em casa fui direto tomar banho, assim que terminei fui me vestir e do meu quarto eu conseguia sentir o maravilhoso cheiro de comida vindo da cozinha.

Por incrível que pareça a minha tia fez questão de fazer o jantar para o seu filho amado.

Assim que terminei de me vestir revirei os olhos ao ouvir uma voz masculina vindo da sala que eu reconhecia muito bem.

Ele chegou.

Hesitante saí do quarto com passos lentos, quase como uma lesma. Assim que avistei a criatura alta e com cabelos loiros quase voltei para trás.

Ele é bonito eu admito, mas sinceramente do que vale beleza se o cara é feio por dentro?

— Sentiu a minha falta, Bárbara? —indagou deixando os pais de lado e focando a sua atenção em mim. — É impressão minha ou você está cada vez mais ridícula?

Revirei os olhos e me contive para não retrucá-lo, eu sei que se caso eu dissesse qualquer coisa eu seria a errada da história.

É impressão minha ou você está cada vez mais babaca seu idiota?

Engoli as minhas palavras uma por uma e ofereci o sorriso mais doce que eu pude.

— Obrigada, primo.

Dizendo aquilo dei-lhe as costas e segui até a mesa.

Logo a minha família se é que eu poderia chamar assim já que me sinto cada vez mais uma intrusa.

Assim que o meu primo experimenta o frango assado, ele fez uma careta.

— Mãe, esse frango não está no ponto! —reclamou indignado.

A minha tia arregalou os olhos e olhou para mim.

— Foi a Bárbara quem fez.

O quê?

Virei o meu rosto incrédula para ela.

— Mas eu não coloquei a minha mão nisso. —me defendi. — Foi a senhora quem insistiu para fazer o jantar hoje.

— Como ousa me desmentir garota? —irritou-se. — Depois de tudo o que eu fiz por você, você continua sendo ingrata comigo.

— Mas eu não disse nada, eu...

— A Graziela tem razão. —concordou o meu tio. — Você deveria ser mais grata pelo o que fizemos por você durante tantos anos.

Irritada me levantei da cadeira encarando aquela família a qual eu não pertenço.

— Eu sou mais grata do que deveria, será que vocês não percebem? —pergunto totalmente frustrada. — Essa casa é minha, mas sou tratada como uma inquilina indesejada.

Dessa vez tio Dan ergueu-se da cadeira com uma feição séria.

— Essa casa não é mais sua, a minha irmã deixou para mim e você sabe disso. Eu não tenho culpa dela não confiar na própria filha.

Eu mal conseguia acreditar no que acabei de ouvir.

— Ela deixou essa casa para você porque confiou em você, ela achou que você cuidaria bem de mim.

— Vá para o seu quarto agora mesmo, Bárbara! —ordenou impaciente.

— A verdade dói não é tio Dan? —continuei enquanto tentava segurar as lágrimas. — Espero que um dia você perceba que você é a maior decepção da minha mãe.

— PARA O QUARTO AGORA, BÁRBARA! —esbravejou irritado.

Não falei mais nada, apenas fui para o meu quarto tranquei a porta e me joguei na cama socando o travesseiro com raiva.

Minha vontade nesse momento era de gritar bem alto, e dizer o quanto essas pessoas são hipócritas. Mas por hora eu devo me controlar, ainda preciso de um teto antes de conseguir outro emprego.

Eu não vejo a hora de finalmente ter a minha casa e não precisar mais passar por tanta humilhação.

Mas eu continuo com a esperança de que tudo que venho passando tem um grande propósito. Ao menos era o que os meus pais costumavam dizer, para tudo nessa vida há um propósito.

Fui desprezada pelo o meu tio por anos, não sei o propósito disso mas sei que deve haver um.

Tenho certeza que um dia serei muito feliz e finalmente conseguirei concluir todos os meus objetivos e sonhos. E ter uma família de verdade também está incluso na minha meta.

Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora