Capítulo 4

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BÁRBARA

O meu coração batia um pouco mais rápido que o normal em meu peito enquanto eu pegava a estrada.

Eu simplesmente não tenho ideia do que fazer, talvez eu tivesse dinheiro suficiente para alugar um apartamento mas não por muito tempo.

Acho que o melhor lugar para eu recomeçar a minha vida seria em Cuetzalan, uma cidade mexicana que ficava há algumas horas de distância daqui.

San Cristóbal de las Casas foi importante para mim, mas eu merecia conhecer um pouco mais da vida.

E foi com esse pensamento que dirigi por horas, já estava quase anoitecendo por sorte eu tinha GPs no meu telefone, me assustei um pouco quando alguns pingos de chuva começaram a cair.

De repente a minha idéia de recomeço  não me pareceu tão legal assim, principalmente quando o carro fez um barulho estranho.

— Não... —choraminguei no momento em que o carro simplesmente parou no meio de uma estrada deserta. — Por que isso tinha que acontecer justamente comigo?

Tentando não entrar em desespero, girei a chave e pisei fundo mas o carro nem sequer se moveu. Me sentindo frustrada desci, e dei a volta no carro assim que abri o capô fumaça começou a sair me fazendo tossir.

Não demorou para que a chuva ficasse forte, em questão de segundos eu já estava toda molhada.

Fala sério.

A minha situação não poderia piorar. Foi o que eu pensei até que uma moto vinha pela estrada deserta. O pânico me invadiu quando a mesma parou ao meu lado.

Eu estava prestes a correr quando o homem tirou o capacete, sua beleza única me deixou literalmente sem palavras.

Os seus cabelos curtos tão escuros quanto a noite estavam bagunçados e agora molhado pela chuva, ele tinha um rosto perfeitamente desenhado e belos olhos escuros incrivelmente encantadores.

O seu estilo também contribuía para tanta beleza, jaqueta preta cobrindo braços fortes e musculosos.

— Precisa de ajuda?

Pisquei algumas vezes voltando a realidade ao ouvir a sua voz grave, ele era sério não esboçou nenhum sorriso gentil o que me preocupou.

E se ele fosse algum malfeitor? Ele não precisava ser necessariamente um homem bom só porque é bonito.

Pensei em recusar a sua ajuda já que seria mais seguro, mas assim que reparei bem em seu rosto me lembrei que eu já o tinha visto antes.

Se não me falhava a memória teria sido no mercado da senhora Hilda, se este for realmente quem estou pensando ele é irmão da Amanda Villani.

Uma jornalista que foi encontrada morta há poucos meses atrás, como a nossa cidade é pequena todo mundo soube da notícia. Entretanto, fiquei sabendo faz poucos dias que o seu caso havia sido arquivado já que a polícia encontrou uma carta escrita pela própria alegando que se tratava de um suicídio.

O pouco que eu soube é que ela morava sozinha com os três filhos em San Cristóbal de las Casas, mas que após a sua morte as crianças foram morar com a avó e o tio em outra cidade.

Realmente foi uma história triste, Amanda era uma mulher jovem e ainda tinha tanto para viver.

— Se você pudesse ajudar, eu ficaria grata. —respondi relutante.

Ele desceu da moto preta, me surpreendi com a sua altura ele deveria ter quase um metro e noventa. Sem dizer mais nada ele começou a verificar o meu carro, a chuva nos molhava completamente.

Talvez ele fosse bonito por dentro também, pois parou no meio daquela chuva para ajudar uma desconhecida.

— Você entende disso? —perguntei apontando para o meu carro.

Ainda concentrado nos motores ele assentiu com a cabeça.

— Já fui mecânico. —respondeu ríspido.

Decidi não puxar mais assunto, apesar dele ter sido gentil de ter parado para me ajudar não significa que ele gosta de conversar com estranhos.

— Para ser honesto. —começou enquanto fechava o capô do meu carro, encarando-me com seus belos olhos. — Não faço ideia de como esse carro ainda estava funcionando, se você o jogasse no lixo o lixo se sentiria tão ofendido que iria te devolver pessoalmente.

Abri a boca indignada por tamanha petulância, o meu carro estava velho mas também não era para tanto.

— Ora, também não seja exagerado. —resmunguei chateada.

— Vai por mim eu ainda estava sendo gentil com minhas palavras. —esclareceu enquanto subia novamente na moto. — Sinto muito mais esse aí já era.

Arregalei os meus olhos enquanto ele colocava o capacete.

— Espera. —pedi exasperada. — Está chovendo e em breve irá escurecer, irá mesmo me deixar aqui sozinha?

— E o quê você quer que eu faça? —pergunta despreocupado.

— Uma carona talvez. —sugeri. — Não posso ficar assim no meio da estrada sozinha, é perigoso.

— E pedir carona a um estranho também não é perigoso?

Ele não era tão estranho assim já que tenho quase certeza que se trata do irmão da tal Amanda, ela era uma boa pessoa ele também deveria ser.

Pelo menos eu espero que sim.

— Qual o seu nome? —perguntei.

— Do que isso importa? —resmungou impaciente me fazendo revirar os olhos.

— Apenas diga.

— Miguel.

— O meu é Bárbara, mas pode me chamar de Babi. —sorri para ele. — Agora não somos tão estranhos assim, será que agora você poderia me dar uma carona?

Miguel suspirou fundo parecendo irritado, mesmo assim assentiu. Sorri contente e peguei a minha mochila e o meu celular no carro.

Subi na moto me sentindo nervosa, afinal por mais que eu tentasse me convencer de que ele não era perigoso eu ainda ficava com um pé atrás.

Mas que escolha eu tinha? Era isso ou ficar a noite toda largada em uma estrada esperando sabe lá o quê.

— Segura firme. —ordenou enquanto ligava a moto.

Isso não era exatamente o que eu esperava ao sair de San Cristóbal de las Casas, mas eu sabia que aquilo era apenas o início de uma grande aventura.

Segurei firme na cintura do belo homem, de um lago eu estava com medo de cair mas de outro lado eu bem que queria mesmo tirar uma pequena casquinha dele.

Assim que a moto começou a andar em alta velocidade, o vento frio batia sobre o meu rosto enquanto a chuva começava a cessar. Mas naquele momento a única coisa que me importava era a sensação de liberdade que eu estava sentindo.

Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora