BÁRBARA
Nos divertimos bastante no parque, depois passeamos pela cidade com direito a sorvete. As crianças me confidenciaram que hoje havia sido o dia mais feliz da vida deles.
É óbvio que fiquei contente em saber que metade de tanta alegria fui eu quem causou. Já começava a escurecer quando todos já estavam exaustos, então resolvemos voltar para casa depois de um longo dia.
Voltar para casa...
Já me sinto parte dessa família que me recebeu tão bem, mas tenho medo de me apegar tanto e depois ter que deixá-los.
— Vou ajudar as crianças no banho. —avisou a senhora Lorena ao atravessámos a porta.
— A senhora se importa se eu fazer o jantar nesta noite? —perguntei animada.
— Oh minha querida, você já fez tanto por nós. —confessou se aproximando de mim. — Não quero que pense que só porque está morando conosco tem que pagar com alguma coisa.
— Não se preocupe, a questão é que eu me sentiria bem em ajudar em alguma coisa. —esclareci dando de ombros. — Mas não quero parecer intrometida.
— Você não é intrometida coisa nenhuma! —exclamou sorrindo. — Se quer fazer o jantar, fique à vontade afinal a casa também é sua.
Dizendo aquilo ela saiu juntamente com as crianças. Olhei para Miguel que estava parado me olhando pensativo.
— Que tal parar de pensar tanto e ir me ajudar na cozinha?
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Eu? —apontou para sí mesmo. — Devo alertá-la que não sou um bom cozinheiro.
— Não seja por isso. —me aproximo e seguro firme em seu pulso. — A prática leva a perfeição, agora vamos!
Saí arrastando-o até a cozinha sentindo-me animada. Expliquei a Miguel como se fazia lasanha, um dos pratos que a minha falecida mãe mais amava.
— Você está se saindo um ótimo cozinheiro. —comentei ao vê-lo concentrado. — Em breve quem sabe poderá abrir o seu próprio restaurante.
Dessa vez ele soltou uma risada, confesso que o som era tão contagiante que também me coloquei a rir.
— Não desdenhe tanto dos meus dotes culinários. —brincou descontraído.
Era bom vê-lo assim, já que desde que nos conhecemos ele esteve tão tenso e preocupado.
Terminamos o jantar, em seguida fomos tomar nossos banhos. Em alguns minutos estávamos todos reunidos ao redor da mesa jantando como uma família.
As crianças conversaram um pouco comigo e me agradeceram pelo o dia divertido que tiveram. Os espertinhos me fizeram prometer que iríamos repetir o nosso programa em breve, e como eu não poderia negar nada aqueles rostinhos lindos acabei cedendo.
— Pode deixar que eu lavo a louça. —me ofereci, a senhora Lorena estava pronta para negar mas à interrompi. — Por favor, eu faço questão.
Mesmo hesitante ela assentiu.
— Já vi que você é bem teimosa, mas tudo bem. —rendeu-se sorrindo para mim. — Vou preparar as crianças para dormir.
— Até amanhã, Babi. —despediu-se Thomás dando um rápido beijo na minha bochecha.
— Tchauzinho! —disse Rafael acenando para mim.
— Até daqui a pouco, Babi. —completou a pequena Laura já que eu dormia com ela.
Me despedi de todos com um sorriso no rosto.
— Você precisa de ajuda? —questionou Miguel erguendo-se da cadeira parando na minha frente.
— Obrigada, mas pode deixar que eu me viro pode ir descansar.
— Tem certeza? —insistiu apreensivo.
— Não se preocupe, pode ir tranquilo eu me viro.
Ele assentiu e saiu subindo as escadas, sem mais demora retirei os pratos da mesa os levando até a pia. Em pouco tempo, eu havia terminado tudo.
Fui até o quarto de Laura, e à vi de olhinhos abertos.
— Ainda acordada mocinha? —questionei em um tom brincalhão me aproximando da cama.
— É que eu queria te dizer que eu amei o dia de hoje. —confessou abraçada ao seu ursinho.
Sorri para ela e me deitei ao seu lado puxando-a para os meus braços.
— Não precisa me agradecer, querida. —beijei os seus cabelos dourados. — Vocês merecem toda felicidade do mundo.
— Babi? —murmurou já sonolenta.
— Hum?
— Posso te chamar de tia?
Fiquei surpresa por alguns instantes mas logo a felicidade tomou conta do meu coração.
— Claro que sim meu amor.
Olhei para ela e percebi que a mesma já estava dormindo, beijei o seu rosto sentindo o meu coração preenchido de amor.
Depois de alguns minutos percebi que não conseguiria dormir, por isso me levantei da cama e sem fazer barulho saí do quarto.
Me assustei mas dessa vez não gritei ao ver Miguel parado na cozinha com um copo de água na mão.
— Você me assustou de novo! —declarei estarrecida, mas logo deixei esse assunto de lado. — Também não consegue dormir?
— Estou sem sono. —respondeu dando de ombros colocando o copo sobre a pia e em seguida virou-se ficando de frente para mim. — Obrigado pelo o dia de hoje, as crianças e a minha mãe se divertiram bastante. E eu também.
— Não precisa me agradeçer não fiz nada demais. —dei de ombros. — Eu sei que vocês estão passando por um momento difícil, sei que não é fácil seguir eu frente.
— Eu sei que você sabe. —murmurou cauteloso se aproximando de mim. — Afinal, você perdeu os seus pais.
— É você tem razão, mas eu consegui seguir em frente porque eu comecei a ver a minha dor não como uma inimiga mas como uma aliada, porque toda a dor que eu sentia um dia me tornou alguém mais forte.
Miguel me olhou parecendo impressando.
— Como consegue ser tão sábia?
Eu sorri balançando os meus ombros.
— É que eu li isso em um biscoito da sorte.
Ele gargalhou, essa era a segunda vez que eu era agraciada com o som contagiante da sua risada.
— Eu gosto do seu humor. —afirmou com um pequeno sorriso.
— E eu gosto do seu sorriso.
Arregalei os meus olhos no mesmo instante, não era para eu ter dito aquelas palavras em voz alta. Miguel também pareceu surpreso.
Olhamos um para o outro sem conseguir desviar o olhar, não sei como e nem quando mas logo os nossos rostos começaram a se aproximar.
Eu já conseguia sentir a respiração daquele homem no meu rosto, até que então em questão de segundos nossos lábios e encontraram
Foi um beijo lento e calmo, ele segurou em minha cintura enquanto as minhas mãos acariciavam aqueles braços fortes.
Assim que nos separamos ficamos perdidos, olhando um para o outro surpresos.
— Desculpa, eu não deveria ter feito isso. —murmurou apressado saindo da cozinha à passos largos.
Pensei em ir atrás dele e dizer que ele deveria sim ter feito aquilo e que foi maravilhoso, mas eu estava tão fora de mim que nem consegui me mover sorrindo como um boba e com o coração batendo forte em meu peito.
Fosse como fosse, aquele beijo mexeu comigo, e eu tinha certeza que ele teria consequências.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomanceBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...