BÁRBARA
Passamos alguns minutos daquele mesmo jeito, abraçados e chorando deixando que as frustrações saíssem juntamente com aquelas lágrimas.
Até que então ele lentamente afastou-se de mim, os seus olhos estavam vermelhos ele se endireitou ficando de pé e suspirou fundo secando as lágrimas.
Me levantei da cadeira ficando de frente para ele, não dissemos nada pelo menos não com palavras já que o nosso olhar falava por si só.
— Obrigado. —agradeceu em seguida deu as costas e saiu da cozinha me deixando sozinha.
Fiquei de pé por alguns minutos pensando no que acabou de acontecer, respiro profundamente e resolvo voltar para o quarto.
Laura ainda dormia tranquilamente, sem fazer barulho me deito outra vez do seu lado e à abraço. Dessa vez, por algum motivo não demoro a adormecer.
[...]
No dia seguinte acordo com a luz do sol invadindo o quarto, me espreguiço e sorrio logo em seguida ao ver a linda garota loira sentada na beirada da cama me encarando com um belo sorriso no rosto.
— Bom dia, Babi! —cumprimentou com euforia.
Me ajeitei na cama também ficando sentada e aumentei o meu sorriso para a garotinha.
— Bom dia, princesa. Você acorda cedo em?
— É que eu preciso ir para escola. —respondeu levantando-se. — Vou procurar a Vovó.
Fiquei encarando Laura que saiu do quarto, fiquei boquiaberta por tanta sabedoria para uma garotinha tão pequena.
Me levantei e arrumei a cama, fui para a frente do espelho e fiz uma careta ao ver o meu reflexo. Os meus olhos estavam um pouco inchados, talvez pelo choro de ontem.
Será que Miguel está bem?
Voltei a me encarar e observei os meus cabelos que estavam desgrenhado. Parei de observar aquela catástrofe e fui até o banheiro, jogar uma água no rosto enquanto eu escovava os dentes.
Com uma fisionomia um pouco melhor saí do banheiro e peguei a minha mochila com os meus pertences e coloquei nas costas.
Estava na hora de ir embora.
Ao sair do quarto fui diretamente para a sala, encontrei apenas um dos gêmeos que eu não sabia ao certo quem era, já que são idênticos.
Ele estava sentado no sofá com o uniforme da escola e entretido lendo algum livro.
— Deixe-me adivinhar, você deve ser o Thomás o gêmeo mais bonito estou certa?
Ele abandonou a leitura e me olhou encantando-me com um belo sorriso.
— Na verdade eu sou o Rafael, mas mesmo assim eu sou o mais bonito. —gabou-se com um sorriso presunçoso. — Você já vai embora?
— Sim, mas antes eu precisava agradecer a sua avó e ao seu tio pela gentileza. —expliquei. — Você sabe onde eles estão?
— A Vovó provavelmente está arrumando a Laurinha para ir ao colégio e o tio Miguel deve estar no escritório daqui de casa.
— Tão cedo? —perguntei franzindo a testa.
— Sim, desde que a mamãe morreu ele costuma ficar muito tempo lá dentro. —respondeu dando de ombros.
— Está bem, você pode me dizer onde fica esse escritório?
— Claro, você vira à esquerda no final do corredor.
— Muito obrigada. —beijei rapidamente a sua bochecha, ele sorriu satisfeito.
Segui até o lugar que Rafael havia me indicado, logo avistei uma porta meio hesitante dei duas batidas e em seguida ouvi um entre.
Girei a maçaneta, logo avistei Miguel sentado em uma cadeira atrás de uma mesa cheia de papéis. Ele ergueu a cabeça assim que entrei nossos olhos se encontraram imediatamente.
— Desculpa te atrapalhar. —pedi um pouco sem graça.
— Sem problemas. Aconteceu alguma coisa? —perguntou parecendo preocupado.
— Na verdade é que eu já vou indo embora, e antes de ir eu gostaria de te agradecer pela hospitalidade. Você foi muito gentil em ajudar alguém que você nem conhece.
— Não precisa me agradecer, de qualquer maneira eu não poderia te deixar a mercê da sorte.
— Novamente muito obrigada pela gentileza, eu jamais irei esquecer o que você fez por mim.
Sorri uma última vez para ele e me virei de costas para ir embora, mas assim que coloquei a mão na maçaneta ouvi novamente a sua voz.
— Espere. —me virei com a testa franzida, ele agora estava de pé logo deu a volta na mesa e veio até mim parando na minha frente. — Você é nova na cidade não conhece nada nem ninguém, o que acha de ficar aqui enquanto não se estabiliza na cidade?
Arregalei os meus olhos surpresa por tal proposta. Realmente a sua generosidade iria tão além por uma simples desconhecida?
— Eu realmente não quero abusar da sua gentileza.
— Não se preocupe com isso, então o que me diz?
— Você realmente faria algo assim por alguém que você nem conhece?
— Não somos mais estranhos, você é a Bárbara e eu sou o Miguel. —pela primeira vez ele sorriu diretamente para mim. — Não foi isso que você disse quando nos conhecemos?
Observei aquele homem com gratidão, como poderia alguém ser tão bondoso daquela maneira. O meu próprio tio nunca me recebeu tão bem quanto essa família está me recebendo.
Em apenas uma única noite recebi mais amor dessas pessoas do que eu recebi em anos da minha própria família.
Tudo aquilo chegava a me emocionar, por isso que sem pensar demais me joguei nos braços daquele homem o apertando em um abraço.
Coloquei os meus bracos ao redor da sua cintura, como ele era alto acabei encostando a minha cabeça em seu peito, ele ficou rígido inicialmente mas logo foi relaxando ao mesmo tempo em que retribuiu o meu abraço.
— Obrigada, muito obrigada mesmo. Você não tem idéia do quanto eu estou agradecida. —confessei enquanto desfazia o nosso abraço.
Entretanto ainda permanecemos perto um do outro, a minha atenção estava em seus olhos que pareciam hipnotizantes nesse momento.
Engoli em seco me sentindo repentinamente nervosa, me afastei subitamente desviando o meu olhar.
— Acho melhor eu te deixar em paz agora. —falei sem encará-lo. — Com licença, e novamente muito obrigada.
Saí do escritório quase correndo, fechei a porta enquanto o meu coração batia acelerado em meu peito. Um sorriso nasceu em meus lábios, uma coisa era certa algo me dizia que eu estava no caminho certo para alcançar o meu grande recomeço.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomansBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...