Capítulo 13

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BÁRBARA

Toda ação tem a sua consequência e isso é um fato indiscutível. E o beijo que eu e Miguel demos há uma semana atrás, também teve a sua consequência.

Depois do "ocorrido" Miguel simplesmente me ignora sempre que me vê, e o fato de compartilhar-mos a mesma casa torna a situação ainda mais constrangedora.

A senhora Lorena notou a hesitação dele em falar comigo, não é para menos pois sempre que estamos no mesmo lugar ele se retira e sempre que vai me buscar na floricultura sempre evita conversar comigo.

Toda essa situação já está tornando-se completamente frustrante para mim. Não que depois do beijo ele tivesse a obrigação de casar-se comigo, mas precisávamos agir como adultos e falar sobre o assunto.

E foi exatamente pensando nisso, que acordei decidida a conversar com ele custe o que custar. Era preciso que tenhamos uma conversa sensata.

Como de costume, acordei cedo ajudei a senhora Lorena com o café da manhã enquanto a mesma aprontava as crianças. Logo após seguimos para a floricultura.

Como nas outras vezes a senhora Lorena saiu para buscar as crianças no colégio, enquanto eu ficava na floricultura.

O dia passou com rapidez, estava quase na hora do Miguel aparecer para vir me buscar, eu aproveitaria o momento para conversarmos sobre o beijo.

Eu estava atrás do balcão, revendo algumas anotações quando de repente uma mulher entrou assustada segurando um bebê em seus braços, fiquei alarmada no mesmo instante.

— Por favor, me ajuda! —suplicou aos prantos aproximando-se de mim.

— Calma, me explique o que aconteceu?

Dei a volta no balcão indo ao seu encontro, apesar de eu estar assustada também tentei manter a calma para poder entender a situação.

A mulher era jovem, deveria ter mais ou menos a minha idade os seus cabelos ruivos estavam bagunçados.

— O meu marido... —começou amendrontada. — Por favor... Eu não aguento mais, eu preciso que me ajude por favor!

Não era preciso dizer mais nada, qualquer um entenderia o que aquela situação significava. Ao que tudo indica, ela estava fugindo do marido.

Eu pretendia pergunta-lhe mais alguma coisa, entretanto no momento em que abri a minha boca fui interrompida quando a porta da floricultura foi aberta com brutalidade.

Um homem alto de cabelos castanhos entrou irritado, imediatamente a mulher escondeu-se atrás de mim apertando o bebê que dormia em seus braços.

— Me deixe em paz, Alessandro! —implorou em pânico.

— Deixe de cena mulher, vamos voltar para casa agora mesmo! —ordenou com impaciência, dando alguns passos em nossa direção.

— Eu não quero ir! —rebateu ela amedrontada.

— Não dê nem mais um passo. —avisei o fazendo parar enquanto me olhava com a testa franzida. — Você ouviu ela muito bem, terei que pedir para se retirar daqui agora mesmo!

O tal Alessandro soltou uma risada sarcástica.

— E quem você pensa que é para me dar ordens? —desdenhou presunçoso. — Essa é a minha mulher e o meu filho, eu faço o que bem entender com eles. Agora cuide da sua vida.

— Por favor não deixe ele me levar. —implorou ela atrás de mim, assustada.

— Não se preocupe, ninguém vai te fazer mal. —encarei o homem novamente erguendo a minha cabeça. — Se o senhor não sair daqui agora mesmo, terei que chamar a polícia.

— Já falei para não se intrometer! —esbravejou me empurrando para o lado sem nenhuma delicadeza.

Alessandro então segurou no braço da esposa enquanto a puxava sobre os seus protestos, o bebê que antes dormia agora chorava assustado.

Infelizmente essa rua é pouco movimentada e nesse momento não havia ninguém para nos ajudar. Como eu conseguiria colocar a cabeça no travesseiro essa noite sabendo que essa pobre mulher estará nas mãos deste homem?

E foi pensando nisso que em um ato rápido corri na direção deles antes que ele à arrastar-se para fora da floricultura. Sem muita escolha mordi o braço do imbecil o fazendo rosnar de dor soltando o braço da mulher que se afastou imediatamente tentando consolar o bebê.

— Sua idiota! —gritou raivoso, dando-me um tapa forte em meu rosto me fazendo cair no chão.

Levei a mão no meu rosto ainda jogada no chão sentindo o gosto de sangue em meus lábios. A mulher correu ao meu encontro tentando me socorrer.

Mas naquele mesmo momento me surpreendi quando Miguel em questão de segundos avançou em cima de Alessandro socando o seu rosto.

Mentalmente agradeci a Deus por ele estar aqui, já estava óbvio o que esse homem é que capaz de fazer com uma mulher.

Eu quem o diga.

A garota ruiva me ajudou a levantar, corri imediatamente ao encontro de Miguel antes que a briga continuasse.

— Por favor, não vale apena. —falei segurando em seu braço o impedindo de dar outro soco naquele idiota.

Por mais que ele merecesse eu não queria que de alguma maneira Miguel acabasse se machucando.

— Isso não vai ficar assim! —exclamou Alessandro, apontando para a esposa. — Eu vou tomar o meu filho de você!

— Não se depender de mim. —avisei o olhando com firmeza. — Agora saía daqui!

Ele olhou para nós, mas assim que Miguel deu um passo em sua direção ele recuou saindo imediatamente daqui. Só então pude respirar aliviada.

— Você está bem? —o moreno olhou para mim preocupado. — Você está sagrando, aquele desgraçado!

Sinceramente eu tive vontade de sorrir naquele momento mas me contive, eu estava feliz por saber que ele ao menos se preocupava comigo.

— Não se preocupe, estou bem. —respondi virando-me para a moça que me olhava parecendo cansada. — Você está bem?

— Sim, graças a você. —ela me olhou agradecida. — Obrigada por não deixar ele me levar, você fez o que poucas pessoas fariam.

— Não precisa agradecer, agora você pode nos contar tudo o que realmente aconteceu?

Ela assentiu suspirando fundo.

— Ele me bate, nunca deixa eu sair de casa. Quando nos casamos ele era um homem bom, mas de repente começou a mudar ficando violento comigo. —explicou enquanto secava um lágrima. — Infelizmente eu aguentava tudo isso porque eu tinha medo de sair de casa porque ele ameaçava tomar a guarda do meu filho.

— Eu sinto muito por tudo o que você passou. —confessei sincera.

— Eu não tenho família, mas eu decidi fugir para a casa de uma amiga, mas ele descobriu e me perseguiu. Eu não quero que ele tome o meu filho... —disse enquanto chorava.

— Quanto a isso não se preocupe. —Miguel asseverou nos fazendo olhá-lo. — Sou advogado, posso ajudá-la nessa questão.

— Você faria isso por ela? —perguntei surpresa.

Ele assentiu veementemente.

— Faria, como eu disse pode contar comigo.

Ouvir aquilo me fez admirar ainda mais aquele homem, apesar dele ser um grosseirão na maioria das vezes, ele tem um bom coração.

Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora