BÁRBARA
Toda ação tem a sua consequência e isso é um fato indiscutível. E o beijo que eu e Miguel demos há uma semana atrás, também teve a sua consequência.
Depois do "ocorrido" Miguel simplesmente me ignora sempre que me vê, e o fato de compartilhar-mos a mesma casa torna a situação ainda mais constrangedora.
A senhora Lorena notou a hesitação dele em falar comigo, não é para menos pois sempre que estamos no mesmo lugar ele se retira e sempre que vai me buscar na floricultura sempre evita conversar comigo.
Toda essa situação já está tornando-se completamente frustrante para mim. Não que depois do beijo ele tivesse a obrigação de casar-se comigo, mas precisávamos agir como adultos e falar sobre o assunto.
E foi exatamente pensando nisso, que acordei decidida a conversar com ele custe o que custar. Era preciso que tenhamos uma conversa sensata.
Como de costume, acordei cedo ajudei a senhora Lorena com o café da manhã enquanto a mesma aprontava as crianças. Logo após seguimos para a floricultura.
Como nas outras vezes a senhora Lorena saiu para buscar as crianças no colégio, enquanto eu ficava na floricultura.
O dia passou com rapidez, estava quase na hora do Miguel aparecer para vir me buscar, eu aproveitaria o momento para conversarmos sobre o beijo.
Eu estava atrás do balcão, revendo algumas anotações quando de repente uma mulher entrou assustada segurando um bebê em seus braços, fiquei alarmada no mesmo instante.
— Por favor, me ajuda! —suplicou aos prantos aproximando-se de mim.
— Calma, me explique o que aconteceu?
Dei a volta no balcão indo ao seu encontro, apesar de eu estar assustada também tentei manter a calma para poder entender a situação.
A mulher era jovem, deveria ter mais ou menos a minha idade os seus cabelos ruivos estavam bagunçados.
— O meu marido... —começou amendrontada. — Por favor... Eu não aguento mais, eu preciso que me ajude por favor!
Não era preciso dizer mais nada, qualquer um entenderia o que aquela situação significava. Ao que tudo indica, ela estava fugindo do marido.
Eu pretendia pergunta-lhe mais alguma coisa, entretanto no momento em que abri a minha boca fui interrompida quando a porta da floricultura foi aberta com brutalidade.
Um homem alto de cabelos castanhos entrou irritado, imediatamente a mulher escondeu-se atrás de mim apertando o bebê que dormia em seus braços.
— Me deixe em paz, Alessandro! —implorou em pânico.
— Deixe de cena mulher, vamos voltar para casa agora mesmo! —ordenou com impaciência, dando alguns passos em nossa direção.
— Eu não quero ir! —rebateu ela amedrontada.
— Não dê nem mais um passo. —avisei o fazendo parar enquanto me olhava com a testa franzida. — Você ouviu ela muito bem, terei que pedir para se retirar daqui agora mesmo!
O tal Alessandro soltou uma risada sarcástica.
— E quem você pensa que é para me dar ordens? —desdenhou presunçoso. — Essa é a minha mulher e o meu filho, eu faço o que bem entender com eles. Agora cuide da sua vida.
— Por favor não deixe ele me levar. —implorou ela atrás de mim, assustada.
— Não se preocupe, ninguém vai te fazer mal. —encarei o homem novamente erguendo a minha cabeça. — Se o senhor não sair daqui agora mesmo, terei que chamar a polícia.
— Já falei para não se intrometer! —esbravejou me empurrando para o lado sem nenhuma delicadeza.
Alessandro então segurou no braço da esposa enquanto a puxava sobre os seus protestos, o bebê que antes dormia agora chorava assustado.
Infelizmente essa rua é pouco movimentada e nesse momento não havia ninguém para nos ajudar. Como eu conseguiria colocar a cabeça no travesseiro essa noite sabendo que essa pobre mulher estará nas mãos deste homem?
E foi pensando nisso que em um ato rápido corri na direção deles antes que ele à arrastar-se para fora da floricultura. Sem muita escolha mordi o braço do imbecil o fazendo rosnar de dor soltando o braço da mulher que se afastou imediatamente tentando consolar o bebê.
— Sua idiota! —gritou raivoso, dando-me um tapa forte em meu rosto me fazendo cair no chão.
Levei a mão no meu rosto ainda jogada no chão sentindo o gosto de sangue em meus lábios. A mulher correu ao meu encontro tentando me socorrer.
Mas naquele mesmo momento me surpreendi quando Miguel em questão de segundos avançou em cima de Alessandro socando o seu rosto.
Mentalmente agradeci a Deus por ele estar aqui, já estava óbvio o que esse homem é que capaz de fazer com uma mulher.
Eu quem o diga.
A garota ruiva me ajudou a levantar, corri imediatamente ao encontro de Miguel antes que a briga continuasse.
— Por favor, não vale apena. —falei segurando em seu braço o impedindo de dar outro soco naquele idiota.
Por mais que ele merecesse eu não queria que de alguma maneira Miguel acabasse se machucando.
— Isso não vai ficar assim! —exclamou Alessandro, apontando para a esposa. — Eu vou tomar o meu filho de você!
— Não se depender de mim. —avisei o olhando com firmeza. — Agora saía daqui!
Ele olhou para nós, mas assim que Miguel deu um passo em sua direção ele recuou saindo imediatamente daqui. Só então pude respirar aliviada.
— Você está bem? —o moreno olhou para mim preocupado. — Você está sagrando, aquele desgraçado!
Sinceramente eu tive vontade de sorrir naquele momento mas me contive, eu estava feliz por saber que ele ao menos se preocupava comigo.
— Não se preocupe, estou bem. —respondi virando-me para a moça que me olhava parecendo cansada. — Você está bem?
— Sim, graças a você. —ela me olhou agradecida. — Obrigada por não deixar ele me levar, você fez o que poucas pessoas fariam.
— Não precisa agradecer, agora você pode nos contar tudo o que realmente aconteceu?
Ela assentiu suspirando fundo.
— Ele me bate, nunca deixa eu sair de casa. Quando nos casamos ele era um homem bom, mas de repente começou a mudar ficando violento comigo. —explicou enquanto secava um lágrima. — Infelizmente eu aguentava tudo isso porque eu tinha medo de sair de casa porque ele ameaçava tomar a guarda do meu filho.
— Eu sinto muito por tudo o que você passou. —confessei sincera.
— Eu não tenho família, mas eu decidi fugir para a casa de uma amiga, mas ele descobriu e me perseguiu. Eu não quero que ele tome o meu filho... —disse enquanto chorava.
— Quanto a isso não se preocupe. —Miguel asseverou nos fazendo olhá-lo. — Sou advogado, posso ajudá-la nessa questão.
— Você faria isso por ela? —perguntei surpresa.
Ele assentiu veementemente.
— Faria, como eu disse pode contar comigo.
Ouvir aquilo me fez admirar ainda mais aquele homem, apesar dele ser um grosseirão na maioria das vezes, ele tem um bom coração.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomanceBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...