BÁRBARA
Quando eu era criança costumava ter muitos sonhos, mas na medida que os anos foram passando descobri que nem sempre as coisas saem como planejamos, mas acredito que um dia finalmente conseguirei alcançar a felicidade que tanto almejei.
— Babi! —sobressalto assustada ao ouvir o grito da minha tia, logo ela entra em meu quarto com as mãos na cintura. — Saia desse computador, e vá fazer alguma coisa na cozinha.
Me esforcei para não revirar os olhos, a tia Graziela achava que eu era a sua empregada particular não era que eu não quisesse ajudar em casa, a questão era que a mesma gostava de abusar da boa vontade.
Enquanto ela gasta o dinheiro do meu tio indo ao salão de beleza ao menos três vezes na semana, eu teria que agir como a própria Cinderela.
A diferença era que eu era explorada pela a minha própria família e não por uma madrasta má.
— Eu já estou indo, eu só estava enviando o meu currículo. —expliquei levantando-me da cama deixando o computador de lado.
A verdade era que preciso de mais um trabalho além do mercado o qual eu trabalho, acontece que eu ganho muito pouco e se eu conseguisse mais um emprego quem sabe até eu possa ter a minha própria casa.
Dessa maneira eu não precisaria mais ficar debaixo de um teto o qual eu obviamente não sou bem vinda.
— Pouco me importa o que você está fazendo. —murmurou jogando os seus cabelos loiros para trás. — Vou no salão, não demore muito para fazer o almoço o seu tio logo chegará você sabe o quanto ele detesta atrasos.
A tia Graziela é uma mulher vaidosa e você sabe disso assim que olha para ela, sempre bem vestida e com salto altos. Ela é uma mulher elegante loira com belíssimos olhos azuis, apesar de já ter quarenta e poucos anos sua beleza costumava chamar atenção.
Ela sempre diz que tem que andar sempre bem arrumada já que é esposa do prefeito da nossa pequena cidade.
San Cristóbal de las Casas, é uma cidadezinha pequena no México, um lugar onde todo mundo conhece todo mundo.
O ruim de morar em cidade pequena é que fofoca corre mais que bala.
Titia saiu de casa deixando-me sozinha, eu tinha uma vida um pouco solitária. Não tenho amigos, nem namorado.
A única coisa que tenho é a piedade do tio Dan, que me permitiu morar aqui já que eu não tenho para onde ir. Infelizmente os meus pais sofreram um acidente de carro quando eu tinha quinze anos.
O único parente que me restou é o tio Dan, irmão da minha falecida mãe. Seja como for mesmo ele não tendo demostrado nenhuma forma de amor comigo, ao menos me deu um lar.
Já que hoje é o meu dia de folga do mercado há tarde tentarei distribuir o meu currículo pela cidade quem sabe assim eu não consiga alguma coisa.
Pouco tempo depois que eu terminei de fazer o almoço tio Dan chegou com uma cara nada contente, mas aquilo não era novidade já que o mesmo vivia de mal humor.
— Onde está a Graziela? —perguntou enquanto retirava o paletó colocando-o atrás da cadeira da mesa e sentando-se logo em seguida.
Puxei uma cadeira me sentando de frente para ele.
— No salão. —respondi despreocupada, mas mal terminei de falar quando a porta abriu, logo a mulher loira surgiu à mesa parecendo que iria a algum baile. — A senhora está linda.
Ela sorriu presunçosa, puxando uma cadeira ao lado do marido.
O tio Dan era mais velho que a esposa, ele tem quase cinquenta anos as suas rugas e fios de cabelos brancos deixava isso à amostra.
Ele tem algumas semelhanças com a minha mãe, os olhos azuis claros são idênticos uma característica que também herdei de mamãe.
Já os cabelos castanhos isso eu não tinha como negar que herdei do meu pai, sinto tanto a falta deles.
— No salão novamente Graziela? —indagou tio Dan parecendo não aprovar a atitude da esposa que imediatamente revirou os olhos em resposta.
Confesso que eu tinha vontade de rir daquela situação, por Deus! Essa mulher haje como se fosse a esposa do Presidente.
— Eu tenho uma imagem a zelar, querido. —respondeu impetuosa enquanto se servia. — Além do mais, esqueceu que hoje o nosso filho voltará para casa?
Engasguei no mesmo instante, tomei um gole de suco tentando parar com a tosse excessiva. Os meus tios olharam para mim no mesmo instante, ambos com a sobrancelha erguida.
— O Fernando, vai voltar? —perguntei em um fio de voz.
Isso era péssimo!
— Sim. —respondeu a minha tia esboçando um sorriso satisfeito. — Ele chegará hoje há noite, meu Nando está de férias da faculdade.
— Isso é ótimo tia. —forcei um sorriso.
Infelizmente eu não mentia tão bem assim, tanto que ela percebeu o meu desânimo ao saber da volta do meu querido primo.
— Nem se dê ao trabalho de fingir garota! —exclamou torcendo a boca para o lado. — Sei muito bem que você nunca se deu bem com o meu Nando.
E como poderia ser diferente?
Acontece que o "Nando" Não era nenhum anjo, e não sou eu quem não se dá bem com ele pois é justamente o contrário.
Fernando nunca fez questão de me tratar bem desde que vim morar com o meu tio. Ele tem vinte e três anos, apenas um ano mais novo do que eu.
O meu primo sempre fazia de tudo para me humilhar, ele não passa de um playboyzinho metido.
Durante os últimos anos me mantive feliz já que ele está cursando administração em Nova York, mas parece que este ano resolveu voltar para casa para o meu azar.
Finalizamos aquele assunto que me causava náuseas, assim que terminanos de almoçar, tio Dan saiu para resolver algumas coisas de trabalho.
Aproveitei quando algumas amigas da tia Graziela chegaram e saí de fininho deixando as mulheres fazendo um showzinho de falsidade fugi antes que ela me fizesse servir cházinho.
E aquilo não seria a primeira vez, sempre quando isso acontecia eu me sentia como se eu estivesse em um ninho de cobras. E para ser sincera, ninguém merece ter que aguentá-las.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomanceBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...