BÁRBARA
— Sinceramente, eu não faço idéia de como poderei pagar tudo o que vocês estão fazendo por mim. —confessou nos olhando com imensurável gratidão. — Eu e o meu filho jamais esqueceremos da boa ação de vocês.
— Realmente não precisa agradecer. —falei dando de ombros. — Apenas não desista de tentar ter uma nova vida ao lado do seu filho, você merece.
A mulher agradeceu mais algumas vezes, e logo se apresentou como Martina, e o seu pequeno chamasse Pedro.
Martina deu o seu número para Miguel para que eles se comunicassem, Miguel cuidaria de todos os procedimentos para o dia da audiência da guarda do pequeno Pedro.
Demos uma carona para Martina até a casa da amiga a qual também à ajudaria.
— Deixe-me acompanhá-la. —me ofereci assim que o carro parou em frente a uma casa.
À acompanhei até o portão e dei-lhe um rápido abraço.
— Novamente eu agradeço a você e o seu namorado por tudo.
Minhas bochechas coraram imediatamente.
— Na verdade não somos namorados.
Mas acho que no fundo seria ótimo se fôssemos.
Eu só posso estar louca por pensar isso, claro que Miguel não quer nada comigo.
— Oh, mil desculpas é que vocês pareciam um casal. —disse ela um pouco sem graça. — Agora preciso entrar, obrigada mais uma vez.
Me despedi dela e dei um beijo na testa de Pedro, assim que ela entrou voltei para o carro sentando-me ao lado de Miguel.
Assim que ele deu partida me preparei para falar alguma coisa.
— A propósito. —comecei meio sem jeito. — Eu ainda não tive a oportunidade de te agradecer por ter me ajudado com aquele homem.
— Eu faria isso por qualquer pessoa. —respondeu com seriedade concentrado na estrada.
— Eu sei, mas mesmo assim eu te agradeço.
Ele apenas assentiu sem dizer mais nada, fiquei mexendo nos meus dedos sem saber como iniciar o outro assunto que tanto tem me perturbado.
Ainda hesitante respirei fundo e antes que eu perdesse a coragem iniciei a conversa.
— Miguel, eu queria conversar uma coisa com você.
Olhei para ele que franziu a testa e olhou de esgueira para mim rapidamente, logo voltando a se concentrar na estrada.
— Sobre o quê?
A única certeza que eu tinha era que aquilo era extremamente constrangedor. Por um momento eu pensei em desistir daquele assunto, mas tomei coragem outra vez.
— Sobre o beijo. —comecei olhando para o seu rosto, mas a sua feição estava indecifrável no momento. — Por quê me beijou naquele dia?
Ele ficou em silêncio por um tempo, mas logo preparou-se para falar.
— Não sei, mas foi um erro. Apenas esqueça.
Por mais que a minha vontade nesse momento fosse cavar um buraco bem fundo e me esconder lá dentro, continuei com a conversa.
— O que você acha que eu sou? Um robô para você me pedir para esquecer algo e eu simplesmente esquecer? —falei indignada. — Olha só, não toquei nesse assunto para te pressionar sobre nada, apenas quero entender porque depois do beijo você fica me evitando, foi tão ruim assim?
Fiquei na expectativa olhando anciosa para ele.
— Não, não foi ruim. —confessou me fazendo sorrir internamente. — Mas devemos fingir que nada daquilo aconteceu.
— Mas por quê? —questionei exasperada.
Ok, eu já estava me sentindo uma idiota por ainda continuar nesse assunto.
— Olha só, me desculpe se estive te evitando nos últimos dias, acontece que aquele beijo mexeu comigo de uma maneira inesperada. —confessou enquanto suspirava frustrado. — Mas acontece que não pode haver nada entre nós, no momento eu não posso e nem quero ter nenhuma distração. Descobrir quem matou a minha irmã, é a minha prioridade nesse momento.
De um lado eu estava extremamente feliz em descobrir que aquele beijo significou algo para ele também, mas de nada adiantou.
— Mas você não pode deixar de viver por causa disso. —tentei convencê-lo. — Você ainda está vivo Miguel, não entendo porque insiste em fugir na própria felicidade.
— Não insista. Você não compreende que só irei conseguir viver em paz, depois de cumprir a promessa que fiz a minha irmã?
Fiquei em silêncio, eu não tinha mas nada o que falar. Seja lá o que eu dissesse ele não me ouviria de qualquer maneira.
Fomos o restante do caminho em silêncio, nenhum dos dois disse mais nada. Eu faria o que ele me pediu para fazer, esquecer o tal beijo e fingir que nunca aconteceu.
Eu só não sabia como eu faria aquilo, já que a minha vontade é beijá-lo outra vez, estar em seus braços só por mais um instante. Mas nada daquilo seria possível.
Sua sede de justiça era mais importante do que qualquer outra coisa.
Assim que chegamos em casa cada um foi para o seu lado, fui até o meu quarto e encontrei a pequena Laura sentada na cama brincando com uma de suas bonecas, ao me ver ela sorriu contente.
— Tia, Babi! —correu para me abraçar.
— Oi querida, vejo que sentiu a minha falta.
— Muitão! —asseverou beijando a minha bochecha.
Soltei uma risada achando graça da situação, até que fomos interrompidas por uma batida na porta. Logo a senhora Lorena entrou.
— Laura, querida você pode ir brincar com os seus irmãos enquanto a Vovó conversa com a tia Babi?
— Sim, Vovó!
A garotinha sorriu para nós duas e saiu do quarto deixando-nos à sós olhei para a senhora Lorena preocupada.
— Aconteceu alguma coisa? —perguntei cautelosa.
— Babi, não minta para mim. Está acontecendo alguma coisa entre você e o meu filho?
Soltei um suspiro, eu não poderia mentir para ela que tem sido tão boa comigo.
— Nos beijamos há alguns dias atrás, mas não passou disso. —expliquei. — Mas de qualquer maneira, ele já deixou bem claro que não quer nada comigo.
— Mas e você quer algo com ele? —indagou sorrindo. — Saiba que eu faria muito gosto de um relacionamento entre vocês dois, nada me deixaria mais contente do que ver o meu filho finalmente seguindo em frente e com você.
Me surpreendi com a sua confissão.
— Olha só, eu juro que tentei ajudar o seu filho mas estou começando a perder as esperanças. Infelizmente ninguém consegue ajudar quem não quer ser ajudado.
Ela suspirou fundo com um olhar de tristeza.
— O Miguel é realmente uma pessoa difícil de lidar, sinto muito ter te colocado nessa situação mas não se preocupe mas com isso, você está livre da missão que te dei. —informou segurando as minhas mãos. — Mas saiba que nada me faria tão feliz do que ver vocês dois juntos.
Dito aquilo ela beijou a minha testa e saiu me deixando sozinha com os meus pensamentos confusos, será mesmo que valeria apena lutar por um homem tão complicado como Miguel.
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Um Encontro Com O Destino [COMPLETO]
RomanceBárbara González Chavez mora com os tios desde a trágica morte dos seus pais, durante anos foi humilhada pela a sua própria família, cansada de tudo aquilo ela resolve então sair de casa para tentar um recomeço, mas o destino pretendia surpreendê-la...