Escondido do resto do mundo

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Hellouuuuuu :D Boa leitura!

***

Midoriya não despertou com as primeiras batidas na porta.

Continuou a dormir, encolhido sob as cobertas e preso num estado profundo de inércia. Não teve sonhos, o que foi ótimo. A escuridão perpétua e silenciosa foi sua única companheira naquela massa amorfa desprovida de sentidos. Meia hora mais tarde, novas batidas, acompanhadas de um chamado gentil por seu nome. A porta foi aberta e passos cuidadosos aproximaram-se da cama. Não viu luz alguma. Seu rosto jazia enterrado nas cobertas quentes e perfumadas desde que se refestelou ali, sem previsões de um despertar prematuro. Uma carícia foi feita em seus cabelos. Diferente da manhã do dia anterior, onde o mesmo toque dado por outra mulher simbolizou pura perturbação, o de agora lhe trouxe puro conforto.

— Izuku. — A voz o chamou novamente. Uma voz doce e recheada de amor, responsável por sempre acalmar seu coração nos piores momentos. — Acorde, filho. Vem descer para comer.

Remexeu-se um pouco. Afundou mais o rosto no travesseiro fofinho enquanto se espreguiçava longamente. Os músculos de seus ombros nus tencionaram para em seguida relaxar em regozijo. Após alguns segundos, assentiu.

— Estou indo, mãe — disse, voz meio rouca.

— Lave o rosto e vista uma camisa, ok? Está um pouco frio depois da chuva que caiu na madrugada — ela recomendou e, após ofertar-lhe um último olhar, saiu.

Izuku virou-se na cama. Os olhos miraram o teto feito de forro de madeira. Nostálgico. Sentiu falta de acordar toda manhã e tê-lo como sua primeira visão. Fazia tempo que não voltava para casa. Quatro meses, para ser exato. A faculdade o tinha ocupado em demasia naquele semestre. No início do curso, visitava a mãe a cada duas semanas, rotina que se alterou para um mês eventualmente.

Fez certo em voltar. Com certeza foi a atitude mais sensata que tomou nas últimas semanas.

Ergueu-se e se espreguiçou novamente. Os olhos logo se acostumaram à escuridão. As janelas estavam fechadas por cortinas grossas. Nenhum feixe de luz penetrava o recinto. Ainda sentia o corpo meio fatigado depois das quatro horas de viagem. Saiu da universidade perto das dez, então chegou por volta das duas e meia... só deu tempo de entrar e se jogar na cama.

Sua mãe, de robe e com cara de sono, chocou-se ao vê-lo na porta em plena madrugada. Ela tentou fazer perguntas, mas ao constatar sua exaustão foi rapidamente trocar os lençóis de sua antiga cama e tirar o pó do criado mudo. Ainda ofereceu uma xícara de chá a ele antes que dormisse. O gosto da camomila fez Izuku rejeitar a bebida de imediato, tomado por lembranças nem um pouco agradáveis suscitadas pelo sabor, mas a mãe, firme, insistiu que tomasse um pouco mais. Estava chovendo e a temperatura caiu muito, além de que ele poderia facilmente acordar com um resfriado. Sem alternativas, Izuku engoliu tudo.

Mais sóbrio, caminhou até o armário e caçou alguma camisa boa. Escolheu uma que tinha o Flash estampado, versão antiga. Em outros tempos, era sua favorita. A mãe quem costurou-a e depois inseriu a gravura do herói. Ainda lhe cabia bem, apesar de fazer um tempinho que não a vestia.

Com passos morosos de quem ainda se recuperava da longa noite de sono, Izuku cruzou o corredor e entrou no banheiro. O rosto amassado revelava o quão profundamente dormiu. Os cabelos se encontravam uma bagunça imensurável; embaraçadíssimos. Um verdadeiro "ninho", como bem dizia Kac...

Lavou o rosto. Os pensamentos clarearam com a friagem da água. Um sopro de alívio que logo se esvaneceu. No fundo, sabia que não poderia fingir para sempre. Era só mais uma forma de autossabotagem, e o resultado não prometia bons frutos. Mas, enquanto pudesse ter alguns minutos de paz, ficaria no mundo da fantasia. Era mais fácil assim.

Greaser | BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora