Stephan desceu e eu continuei me arrumando para o jantar. Menos de vinte minutos eu já estava pronta e não precisei da ajuda de Emy com o cabelo ou maquiagem, dei o meu jeito nos dois.
Desci, escutando as vozes de todos cada vez que eu me aproximava mais. Sorri, sentindo uma sensação boa. Nunca fui de ter isso, sabe, casa cheia, família grande e reunida... Sempre foi apenas eu, August e mamãe. Trevor, meu pai, nunca foi presente nesses momentos.
Ele até aparecia uma vez ou outra, em algum final de semana, levava eu e August para uma mini férias de dois dias em Anaheim e nos devolvia na segunda pela manhã. Ele sempre insistiu em nos dizer que trabalhava muito e fora da cidade, por isso só fazia visitas às vezes e quando fazia, gostava de nos levar aos parques em Anaheim.
Mas mesmo eu sendo uma garotinha inocente, que tentava acreditar no que ele dizia, eu tinha consciência de que ele vinha quando arrumava alguma desculpa para sua outra família. E nos levava para a cidade vizinha, para não correr o risco de encontrar um familiar seupor aqui. Eu sempre soube, mas fingia não saber, para poder ter uma boa relação com meu pai. August sempre soube, eu tinha certeza, mas ele ignorava por gostar da boa vida que Trevor dava a ele. Roupas, acessórios e tênis de marca. Viagens. Dinheiro. Ele gostava de todas as regalias que ganhava por fingir aturar nosso pai. Não que Trevor fosse rico, bom, pelo menos nunca soube de riqueza alguma, mas ele sempre nos dava presentes para recompensar sua ausência.
Eu cansei de fingir quando completei meus quinze anos. Sabe, a idade mais esperada na vida de uma mulher, ou pelo menos, na da maioria. Planejamos uma festa em minha casa, ele iria a festa. Mas algo aconteceu no meio do caminho e eu desisti de tentar acreditar no conto de fadas de ter um pai. Trevor nunca seria um pai para mim.
Fui comprar coisas para a festa, no Walmart, encontrei Trevor no mercado. Ele me viu, mesmo fingindo que não. Eu ia falar um Oi, não iria chamá-lo de pai, nada para prejudicar sua outra família, seria apenas um Oi. Mas ele passou por mim, empurrando um carrinho de compras, onde duas crianças estavam dentro, sentadas e comendo um salgadinho. Ele passou, não olhou e nem se quer disse Oi. Trevor fingiu que não me conhecia.
Eu desisti da festa, mas não informei a ele. Oque não fez diferença alguma, pois o filha da puta nem se quer apareceu por lá. Ele não sabia que a festa havia sido cancelada, e não apareceu. Eu chorei aquela noite, chorei de ódio por ele, chorei de raiva por minha mãe ter transado justamente com aquele pedaço de merda...
August me viu chorando, e aquilo foi a gota d'água que ele precisou para virar o copo de vez. Ele tacou fogo. Sim, tacou fogo. Em tudo que havia ganhado de Trevor. Roupas, acessórios, tênis, celular, vídeo game... Até cuecas. Tudo que foi comprado com o dinheiro do fodido do Trevor, meu irmão tacou fogo. E a partir dali, August começou a correr atrás do seu próprio dinheiro e a sustentar a casa. Nunca deixou faltar nada a mim e nem a minha mãe. Sempre me mimou até com coisas que eu não pedia. Ele foi o pai que nunca tive. Seu primeiro salário trabalhando promovendo um evento, ele gastou comigo. Me levou ao shopping, me entregou seu cartão e disse que eu poderia gastar todo o limite disponível. Eu gastei apenas o suficiente, o suficiente para comprar algumas roupas legais para mim, para ele e para nossa mãe.
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Exposed - VINNIE HACKER
Romance"Seria essa a proposta de emprego da minha vida? Trabalhar na PONU mudaria minha vida financeira da água para o vinho, mas não imaginaria que minha vida amorosa passaria por uma mudança radical também." - Ashley Os gêmeos Hacker só querem uma coisa;...