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Quase duas horas depois, Marry — Marta — chegou.

Seu rosto estava impecável, suas roupas em tons neutros, e os olhos castanhos focaram em mim com um misto de sentimentos que não consegui entender.

— você precisa retocar o cabelo — murmurei, quando estávamos passando pelo corredor em direção ao lugar de Maggie — o ruivo já está começando a aparecer.

— oh, me desculpe — exclamou irônica, virando para mim — me desculpe por meu marido ter se tornando alguém mais pegajoso que o normal comigo graças a porra da sua ameaça!

— abaixe o tom — falei baixo, olhando discretamente para a porta entreaberta próximo — cuidado, mamãe. Posso muito bem acabar com a última gêmea em um piscar de olhos.

— faça — se aproximou de mim de forma abrupta, me assustando a tal ponto que dei um passo para trás — faça e acabe com meu sofrimento, Ethan. É a única coisa que você pode fazer por mim.

Os olhos castanhos focaram nos meus, inquietos, estranhos. A cor dos olhos como os de Maggie, os da minha mã... A mãe de Ettore, estavam ali, me deixando inquieto com o quão insanos estavam.

— você não sabe o quanto... — a mulher em minha frente, a minha mãe começou a ficar subitamente calma demais ao falar.

Sem pensar muito, a peguei pelo braço, levando para o lugar onde tinha um piano e outras futilidades, distante dali.

As mãos que tinham as unhas pintadas de uma cor neutra foram parar nos meus olhos, em uma tentativa quase nula de impedir que as lágrimas caíssem, o que só serviu para escapar por ali também.

Ela era sentimental demais.

— você não sabe, Ethan — os soluços estavam presentes e me vi ali, sem saber o que fazer, vendo a mulher chorar. Mas vendo o quão instável aquela mulher era. — doeu, Ethan. Doeu muito.

Sai do lugar em que estávamos, voltando ao lugar em que Mag estava a vendo encolhida no sofá, dormindo.

Tranquei a porta, ativei o detector de movimento novamente, voltando ao quarto.

A mulher ainda chorava, seu rosto estava em uma casca de tristeza, medo e ressentimento, e me vi ali novamente, esperando ela falar. Eu estava me sentindo frio diante de tudo aquilo. E não me sentia tão culpado com isso. No final, eu também era um carrossel de emoções.

— éramos duas, Ethan — falou novamente, dez minutos depois, quando havia parado de chorar e estava perto da janela, de costas para mim — éramos felizes com nossa vida. Sabe? E Marry ela... — mesmo que estivesse de costas, pude a ver fechar os olhos e inspirar fundo — ela não merecia aquilo.

Fiquei em silêncio, como havia ficado nos últimos vinte e cinco minutos a qual ela estava aqui.

— ela achava com todas as forças que Maggie era sua filha. Achava que se cuidasse de Maggie, iria conseguir de alguma maneira impedir a "filha" de ter o mesmo fim que ela teve. E quando se casou com Luis Henrique, e eu estava devastada por isso e por conta de ter um filho... Tive que acompanhar a garota que sempre amou seus cabelos ruivos ir para um salão, pintar os mesmos.

Continuei calado, esperando ela falar mais alguma coisa sobre. Apesar de ser frio e indiferente quanto a ela, gostava de saber detalhes sobre tudo.

Passado vol.2 - El fin Onde histórias criam vida. Descubra agora